ROBERTO FIRMINO, O MELHOR JOGADOR DO LIVERPOOL COM E SEM A BOLA

Por @FilusLucas Apesar do interesse de clubes como o Manchester United, Roberto Firmino chegou ao Liverpool contestado por alguns torcedores em julho de 2015. Tendo chamado pouca atenção no Brasil e aparecendo na Europa pelo modesto Hoffenheim, também tinha um apreço pequeno aqui em nosso país. Aos poucos, porém, o brasileiro vem não apenas justificando […]

Por @FilusLucas

Apesar do interesse de clubes como o Manchester United, Roberto Firmino chegou ao Liverpool contestado por alguns torcedores em julho de 2015. Tendo chamado pouca atenção no Brasil e aparecendo na Europa pelo modesto Hoffenheim, também tinha um apreço pequeno aqui em nosso país. Aos poucos, porém, o brasileiro vem não apenas justificando os £29 milhões gastos nele, mas sim transformando esse valor em uma barganha. Entenderemos os motivos.

Antes de tudo, precisamos compreender que se trata de um jogador extremamente versátil. O ex-Figueirense deu seus primeiros passos no futebol de base como lateral direito, foi chegando ao meio-campo e se caracterizou como um meia ofensivo – além de poder atuar nas pontas, principalmente a esquerda. Na Alemanha, funcionava bem como uma espécie de segundo atacante, firmando uma parceria produtiva com Anthony Modeste em 13/14 e 14/15.

Em ordem, a média das estatísticas de Firmino, Kane, Aguero, Lukaku, Morata e Lacazette por seus clubes na atual temporada
Em ordem, a média das estatísticas de Firmino, Kane, Aguero, Lukaku, Morata e Lacazette por seus clubes na atual temporada

Quando desembarcou em Anfield, os primeiros meses não impressionaram por ninguém saber qual era sua melhor posição. De ajustes em ajustes no plano coletivo, Jurgen Klopp foi encontrando um modelo de jogo compatível com seu elenco e isso fez Firmino pisar no acelerador. Quase que literalmente: o treinador implantou sua filosofia de intensidade, pressão alta e velocidade de uma maneira até surpreendente.

O conjunto tem seus defeitos, mas o setor ofensivo só perde para o do Manchester City na Premier League de 17/18. E a constante do trabalho por ali veste a camisa 9 – mas sua função não é exatamente essa. Enquanto Salah rouba a cena pela habilidade e os gols, Bobby – como é chamado pelos fãs – desempenha uma função híbrida e completa. Seu mapa de calor mostra que a influência não se reduz a área; pelo contrário, começa fora dela para terminar dentro. Com sua presença corporal ou os rastros dos caminhos que se especializou em criar.

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Para executar esse papel em alto nível, os seguintes atributos são necessários: movimentação, agilidade, controle de bola e consciência posicional. Ele usa tudo isso enquanto apoia-se em sua inteligência elevada, sendo o encaixe perfeito para um trio composto por dois “pontas” prolíficos e menos cerebrais. O instinto finalizador é muito bom, mas ainda está abaixo em comparação aos centroavantes conhecidos pela artilharia. Seu valor está justamente no jogo associativo que facilita a produtividade dos companheiros.

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Como observado nos lances acima, os recuos de Firmino costumam tirar o poder de proatividade da maioria dos marcadores. O artifício em si está em deixar a referência vazia, gerar a interrogação para a defesa e aí sim decidir a melhor ação. Mané e Salah são os maiores beneficiários desse tipo de situação, já que as brechas naturalmente se abrem e os defensores passam a ter o timing controlado pelo brasileiro. O impacto, portanto, está na postura da sua equipe e também na forma que o adversário reage.

Essa maestria em tirar a concentração e abrir sistemas só é possível, entretanto, pelo perfil do atleta. Desde que Guardiola colocou o falso 9 em evidência, são vários os times que tentam recriar suas versões do maior – e melhor – nisso, Lionel Messi. Só que o efeito costuma ser bem mais limitado, considerando a unidimensionalidade dos jogadores – muitos só armam e não oferecem o perigo da finalização, por exemplo, ou vice-versa. Então gera um resultado apenas parcial em relação ao desejado, incomodando a defesa só até certo ponto.

Roberto, por sua vez, tem no seu repertório as armas para tomar controle das partidas flutuando por onde deseja. Sabe jogar de costas ou de frente para o gol, com o fator crucial sendo o conhecimento dos espaços. Esses que são cada vez mais escassos no esporte são descobertos, abertos e explorados brilhantemente por ele. Se posicionando quase sempre entre as duas primeiras linhas oponentes, o brasileiro procura ativar as investidas de quem vem na diagonal. Além disso, é calmo em situações aparentemente complicadas e, com efeito, é o quarterback no último terço. E conta com ótimos recebedores.

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O que completa esse leque de elementos valiosos é a razão pela qual Klopp o adora. Como dito no início do texto, o alemão exige que seus comandados se dediquem incansavelmente na parte defensiva. E a defesa começa no ataque, com uma linha alta quando o adversário está tentando construir e um ritmo frenético no momento em que o rival recupera a bola. Essa intensidade é representada puramente pelo brasileiro, líder entre os atacantes da Inglaterra em desarmes, interceptações e arrancadas. Uma amostra abaixo, contra o Tottenham de Pochettino.

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No jogo diante do Leicester, registrou seis interceptações – cinco no campo ofensivo, com quatro sendo na altura da área. Isso sem falar que, ao ser o responsável por iniciar o pressing, acaba muitas vezes fazendo um trabalho silencioso. O incômodo que causa na saída obriga os lançamentos longos, geralmente dominados por Matip (1,95m) e Van Dijk (1,93m). Com uma importância visível em todas as fases do jogo e todos os setores do time, não é exagero dizer que Roberto Firmino é o melhor jogador para o Liverpool.

Para finalizar, fiquem com uma análise em vídeo sobre a inteligência do brasileiro – por ninguém menos que Thierry Henry.

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