Szoboszlai: o cobiçado fenômeno húngaro

Indicado ao prêmio Golden Boy 2020, o húngaro do Dominik Szoboszlai começa a ser observado por diversos gigantes e nesta semana falamos sobre as características de um dos jovens mais hypados do momento

O seu time provavelmente quer Dominik Szoboszlai. Talvez ele não caiba no orçamento ou o elenco atual tenha um número alto de opções para a sua posição. Mas, no fundo, até que cairia bem. O jovem húngaro de 20 anos ganhou notoriedade após ótimas atuações em competições de calibre europeu. Somado ao fato de atuar em uma fábrica de talentos, o RB Salzburg, que também trouxe ao mundo Sadio Mané, Upamecano e Naby Keita, o estrago estava feito: hype inevitável.

Indicado para o prêmio Golden Boy e também nomeado como um dos grandes destaques da Bundesliga austríaca, o jovem é constantemente valorizado por ser um dos grandes batedores de falta do futebol mundial. Szoboszlai atua pelo lado esquerdo e se destaca especialmente por sua atitude com a bola em situações de 1×1. Mas há muito o que destrinchar a respeito do jogador, que está na mira de grandes clubes das principais ligas europeias. E isso é assunto para os próximos parágrafos. 

Criatividade

Se há algo que se sobressai no comportamento ofensivo de Szoboszlai é a sua capacidade criativa. Um movimento que o jogador utiliza constantemente é o de colocar a bola na área a partir do lado invertido. Destro, puxa para o meio e visa a jogada. Aquele tipo de bola rápida, na direção do goleiro, que muitas vezes demanda de um desvio mínimo para causar grande impacto. Seu número de passes para a área totaliza 3,95 a cada 90 minutos, com 3,15 deles terminando em uma chance criada, o que é um ponto de grande destaque. 

Seu controle orientado é forte, visto que sua atitude preferível é a de levar a bola a um espaço vazio para depois tentar a conexão citada acima. O estilo de cruzamento do jogador cria dificuldade na tomada de decisão do arqueiro, visto que a bola sai de seus pés com velocidade e com curvas perigosas. Szoboszlai registrou dezoito assistências ao longo da última temporada e, na atual, já são nove em dezessete partidas

Ainda a respeito da criação de jogadas, há um movimento bem comum nos lances assistidos por Szoboszlai. O lado do corpo que sugere o passe para determinada direção cria a sensação de ilusão para o marcador, causando indução. O ponta, então, prossegue pelo lado oposto 

Orientação corporal de Szobozlai sugere uma possibilidade, mas oposto acontece. Foto: BTL

A competitividade evidentemente é algo relevante ao analisar um jogador, pois praticamente tudo depende de contexto. Mas, ainda pegando o gancho das ações criativas e de jogadas contundentes que terminam em assistências, é importante ressaltar como o atleta já pode ser considerado um ponto fora da curva no futebol austríaco. O mapa abaixo mostra que o húngaro é um dos jogadores que mais tenta acionar companheiros com ações incisivas. E sua média de acerto é bem alta, se destacando isoladamente na liga. 

Movimentação e arremate

Szoboszlai é, também, bastante dinâmico e participativo fora da área. É normal que recue para buscar a bola e tente situações de arrancada ou viradas. É notável, porém, o aspecto do que seu jogo que diz respeito a movimentação sem a bola, realizando movimentos que muitas vezes são mais usuais aos atacantes. Sua atitude ofensiva predileta está mais ligada a de um armador de jogadas pelo lado esquerdo, mas isso não inibe a possibilidade de atacar espaços de maneira mais agressiva enquanto seus companheiros estão com a posse. 

Seu arremate é algo que merece destaque. Conta com uma média de 3,2 finalizações por jogo, com um xG de 0,35. Sua percepção com relação à utilização do físico ajuda nesse sentido, visto que, para sua idade, conta com uma qualidade diferenciada para ajustar o corpo ao receber a bola, tendo a possibilidade de realizar finalizações sem necessariamente dar muitos toques para controlar a posse. 

Há muita variação com relação às zonas em que Szoboszlai tenta os seus chutes, o que é mais um ponto positivo no quesito de imprevisibilidade com a posse. A eficácia é notável também, como indicado abaixo. 

Muito repertório nas finalizações de Szoboszlai. Tentativas em muitas áreas distintas. Foto: 101 Great Goals

Jogadas pessoais e comportamento tático 

Outro ponto relevante diz respeito aos dribles. Suas jogadas pessoais não são exatamente um exemplo de eficácia, pois seus mecanismos ainda pecam. Mas aí entra o fator da biotipia. Com 1,85, Szoboszlai não é exatamente forte. Entretanto, sabe utilizar de sua vantagem física para investidas em velocidade ou orientação corporal para vencer os adversários em duelos diretos, se colocando entre o rival e a bola. Um bom exemplo para comparação, nesse sentido, é Kai Havertz. Embora tenha um estilo de jogo radicalmente diferente, é alto e magro. Não ganha todos os duelos corpo a corpo, porém sabe aliar inteligência e técnica para aproveitar sua vantagem na estatura e proteger a bola/vencer jogadas. 

Szoboszlai também é um ótimo exemplo de eficiência em pressões. O Salzburg de Jesse Marsch é adepto do gegenpressing, método que visa, entre outras características, a tentativa de recuperação imediata após a perda de posse. Isso exige muita intensidade física, ainda mais considerando o seu contexto. Marsch varia a sua equipe principalmente entre o 4-4-2 e o 3-4-1-2. Quem tenta realizar a pressão nos defensores de forma mais direta são os atacantes, e Szoboszlai, jogando como o “1” no 3-4-1-2 e como ala no 4-4-2 precisa de bastante amadurecimento e preparo para coordenar suas ações. Tem uma média de 3,88 recuperações de bola por jogo em situações que fez a pressão, número que o coloca numa boa posição entre os jogadores ofensivos da Bundesliga austríaca. Não deixa a desejar. 

O que pode melhorar?

Não é incomum que Szoboszlai coloque sua equipe em situações de risco por falta de percepção em saídas de risco, especialmente contra equipes mais poderosas. Ou passes perigosos, que não seriam a melhor opção, ou até mesmo a tentativa de buscar um movimento diferenciado com a bola nos pés no campo de defesa. 

Outra questão é o tempo com a bola. O controle orientado de Szoboszlai é um fator de destaque, conduzindo a bola até zonas mais seguras para pensar a jogada. O problema, muitas vezes, está no fato de perder o momento certo de tentar uma conexão. Seja pela falta de velocidade na tomada de decisão ou um toque de preciosismo, com tentativas excessivas de partir pra cima. Sua taxa de acerto em dribles é de 49,1%, um número bom especialmente para quem arrisca bastante, mas que pode ser potencializado com mais cautela e preparo.  Nos seus melhores momentos, é um jogador que busca acelerar e tentar passes de ruptura. Porém, nem sempre isso acontece com a agilidade esperada, até por acabar segurando demais a bola. O que, é claro, soa normal para um jovem de 20 anos. 

Próximo passo

O nome de Szoboszlai tem sido ligado constantemente ao Arsenal. Além do clube londrino, Leipzig e Milan são outros postulantes mais diretos. Recentemente, Tottenham e Real Madrid teriam demonstrado interesse. É difícil apontar um destino ideal para o húngaro, mas, como palpite, diria que ele precisa de um cenário que o permita entrar em campo com frequência.

Soa como um jovem que provavelmente vive o auge de sua confiança e ficar no banco por muito tempo pode frear este ímpeto. Nesse sentido, o Leipzig seria fantástico, até por pertencer ao mesmo grupo que gere o Salszburg. É o cenário confortável, em que provavelmente seria titular e poderia ter pelo menos dois anos para explodir de dez. Entretanto, é difícil imaginar que ele não tivesse minutos relevantes em Arsenal, Tottenham e Milan. A dúvida fica por conta do Real Madrid, ainda mais considerando as situações de Rodrygo e Vinícius Júnior. De fato, são muitas opções, e parece o momento ideal para aproveitar a forma e tentar sucesso em uma liga que o projete mais. Tem talento vindo aí.

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