Um lateral para dominar
Por Gabriel Corrêa Antes de iniciar, me permitam uma reflexão: quantos times foram campeãos sem ter pelo menos um jogador dominante pelos lados do campo? Se buscarmos os mais recentes campeão das Champions League, temos Liverpool (Robertson e Arnold), Real Madrid (Marcelo), Barcelona (Dani Alves) e Bayern (Lahm e Alaba) como exemplos. No jogo que […]
Por Gabriel Corrêa
Antes de iniciar, me permitam uma reflexão: quantos times foram campeãos sem ter pelo menos um jogador dominante pelos lados do campo? Se buscarmos os mais recentes campeão das Champions League, temos Liverpool (Robertson e Arnold), Real Madrid (Marcelo), Barcelona (Dani Alves) e Bayern (Lahm e Alaba) como exemplos.
No jogo que tem cada vez menos espaços, os laterais construtores tem sido fundamentais para criar oportunidades e fluidez independente do modelo escolhido. Para entender um pouco o conceito deste lateral, inclusive, sugiro o The Pitch Invaders #153 com Renato Rodrigues e Leonardo Miranda.
É claro que as chegadas de Gabriel Barbosa, Bruno Henrique e De Arrascaeta foram fundamentais dentro de um crescimento para o Flamengo. Não por acaso, os três são responsáveis por mais de 60% dos gols da equipe em 2019. Entretanto, as chegadas de Filipe Luís e Rafinha foram cirúrgicas na evolução de um modelo imposto por Jorge Jesus e que tem chamado bastante atenção do Brasil. E, mais uma vez, me permitam ser mais específico e focar no lateral esquerdo.
O ex-lateral do Atlético de Madrid enfrentou por muitos anos de sua carreira o estigma de ser um “lateral defensivo”. Filipe atuou pouco dentro do país (sua única passagem foi pelo Figueirense) e isso me parece uma influência clara neste discurso. Portanto, esqueçam tudo e observem partidas da equipe de Simeone quando mais dominante na Europa, entre os anos 2013 e 2016.
No Flamengo esta sua capacidade tem se tornado ainda mais evidente – sem contar a ótima Copa América 2019 -. Poderíamos dizer que se trata de um meio-campista atuando pelos lados do campo, como podemos ver na imagem abaixo.

O camisa 16 participa ativamente do jogo na equipe de Jorge Jesus. Entre os jogadores da equipe titular, é quem mais toca na bola. Em média, são 74 toques por partida. Rafinha (73), Arão (68) e Éverton Ribeiro (65) vem na sequência. Atentem como o jogador sempre busca os jogadores entrelinhas para acelerar a equipe do Flamengo na saída. Além disso, tem média de 1.3 key passes por partida e cerca de 90% no acerto de passes.
Entretanto, se eu falei que o jogador ficou “marcado” por ser um lateral defensivo, é bem verdade que seus números atrás também são excelentes.
Recuperações de bola: 7 por jogo
Interceptações: 1.9 por jogo
Desarmes: 5 (81% de acerto)
Desafios: 13 (67% vencidos)
Disputas aéreas: 2 (62% vencidas)
E se para dominar um duelo é preciso muito mais do que atacantes, o Flamengo deve usar e abusar de seu meio-campista travestido de lateral esquerdo para enfrentar um Grêmio que também busca controlar seus adversários com a posse de bola.
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