Youssef En-Nesyri e Rafa Mir: a importância do '9' no Sevilla

O marroquino e o espanhol começaram a temporada muito bem e seguem na missão de garantir pontos para o Sevilla com seus gols. Qual a profundidade disso tudo dentro do elenco e dos conceitos de Lopetegui?

Desde que Lopetegui assumiu o Sevilla a equipe vem numa crescente espetacular. Considerando todo o elenco, o time vinha sentido falta de um centroavante artilheiro desde que Ben Yedder saiu.

Na busca por um substituto, o time foi atrás de En-Nesyri que vinha sendo um excelente prospecto no humilde time do Leganés. A primeira temporada do marroquino não foi das melhores. O seu concorrente na posição era Luuk de Jong, que também não entregava tanto – apesar de ser decisivo na reta final da Europa League que o time ganhou.

Na La Liga 2019/20 os dois jogadores somaram apenas 14 gols dos 54 marcados pelo clube. O coletivo sempre foi um ponto fortíssimo das equipes de Lopetegui e é difícil colocar um destaque individual como o maior nesse contexto, mas a presença de um ‘camisa 9’ goleador sempre faz falta em qualquer campeonato de pontos corridos.

Na temporada seguinte o holandês fez apenas quatro gols em mais de mil minutos jogados, por outro lado En-Nesyri conseguiu decolar de fato. Os gols do marroquino garantiram nove das 24 vitórias da equipe no campeonato e foram fundamentais para a classificação para a Champions League, principalmente na reta final do campeonato quando a vaga foi sendo confirmada.

A chegada de Rafa Mir e a aliança com En-Nesyri na melhora do Sevilla

Para trazer a competitividade na posição de volta, o clube foi atrás de Rafa Mir que fez boa temporada no fraco Huesca. O atacante espanhol conseguiu fazer a diferença quando entrou nas Olimpíadas e se destacou ainda mais.

A idade é um fator importantíssimo, ambos jogadores tem um teto alto – En-Nesyri ainda mais – e vão evoluir em alguns atributos se trabalhados. Mas o mais importante é que nesse começo de temporada os dois jogadores estão entregando gols e sendo decisivos em poucas chances criadas.

O Sevilla é uma equipe bem mais versátil hoje, mas tem toda um tratamento especial com a bola. Por outro lado, vimos bastante o poderio do time no contra-ataque – muitos gols saindo de jogadas trabalhadas rapidamente após recuperar a bola. Essa precisão na frente do gol é fundamental, porque, dependendo do adversário e da dificuldade do jogo, são poucas chances para marcar, e nessas poucas chances é preciso definir com qualidade.

Por características os dois jogadores são muito parecidos. Altura e oportunismo de um artilheiro os dois têm. Os diferenciais são a força física – Rafa Mir não se destaca tanto – e o controle de bola em condução, En-Nesyri tem um potencial para evolução nessa característica já observado na primeira temporada. Além desses dois pontos, o passe é um problema já que os dois não são tão especialistas no pivô e receber em tabela – o ideal é realmente ter o último passe para finalizar.

Esse ponto fraco de Rafa Mir em relação ao combate faz com que Lopetegui possa considerar ele como um jogador partindo da lateral para o meio da área em vez de brigar com os zagueiros sempre – jogou assim quando foi emprestado ao Las Palmas em 2018 e demonstrou poder de movimentação nos empréstimos seguintes. E também a possibilidade de jogar com outro atacante centralizado, já que se movimenta mais para buscar o desmarque.

O fato do Sevilla ter virado uma equipe mais flexível nas suas ideias ofensivas – a chegada de Papu Gomez possibilitou isso – faz com que os dois atacantes consigam entregar em qualquer cenário. Essa imposição explica o ótimo começo de ambos, principalmente de Rafa Mir que vem sendo bem utilizado por Lopetegui e por ser uma contratação nova tende a demorar a se adaptar – logo o bom começo dele é uma notícia bem legal.

Foco na temporada e ambições

Se sair bem na La Liga é o foco principal. Muito pelo Barcelona não demostrar tanta força assim até o momento e por garantir uma Champions em posição melhor do que o 4º lugar –já que temos equipes como Real Sociedad, Athletic Bilbao e Valencia na disputa. A briga pelo título seria uma análise muito precoce, mas ter jogadores que garantem pontos já é considerado o primeiro passo.

Na Champions tudo é muito difícil. O Sevilla obviamente não é nem de perto um dos favoritos, mas tem um grupo tranquilo para conseguir se classificar para o mata-mata. O fato do grupo não ter favorito de fato coloca o Sevilla em uma posição difícil, porque tem uma leve obrigação de conseguir pelo menos o segundo lugar – se compararmos com Salzburg, Lille e Wolfsburg, o clube espanhol tem um leve favoritismo entre eles.

A Europa League não seria ruim, principalmente se pensarmos em chance de título – na Champions é mínima. Entretanto, seria bacana ver o time novamente nas fases finais da UCL depois de cair para o Dortmund nas oitavas da última temporada e deixar um gostinho de quero mais.

O potencial da equipe como um todo é ótima e ainda podemos contar com essa crescente dos dois centroavantes disponíveis. Além dos dois jogadores, Lamela vem sendo bem importante quando joga e demostrou um nível ótimo para rotação do ataque até agora. Sem a bola ainda há muito para evoluir, mas um dos pontos fracos da equipe nos últimos anos já está em prática para ser recuperado e colocado como ponto forte dentro dos campeonatos a disputar.

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