O impacto da chegada de Bruno Guimarães no Newcastle

Um dos melhores meias da temporada europeia, o brasileiro Bruno Guimarães chega como símbolo de uma nova era do tradicional clube da Inglaterra

Nos últimos anos, depois de um trabalho de crescimento que começou lá em 1992, a Premier League se caracterizou por ter times fortes nos dois extremos da tabela. É claro que existem raras exceções, mas normalmente até mesmo os postulantes ao rebaixamento têm qualidades interessantes. Agora, potencializada pelos donos mais ricos do futebol mundial, uma equipe com duas vitórias na temporada conseguiu contratar um jogador visado por potências da Europa. 

Claro, estou falando de Newcastle e Bruno Guimarães

O negócio, que gira em torno dos £35 milhões + possíveis £6.6 milhões em bônus, tem um grande significado para os Magpies tanto dentro quanto fora do campo. Ao investir essas cifras em um atleta que poderia tranquilamente defender um candidato ao título, a mensagem é clara: o projeto é de fato ambicioso e eles não estão pra brincadeira no mercado. Alvos que estavam com dúvida podem se convencer de se juntar ao clube e quem já está no elenco ganha ânimo e confiança.

Algo necessário para quem precisa começar a pontuar se quiser fazer esse projeto crescer na elite e não na segunda divisão. Tão necessário quanto uma peça que consiga fortalecer a espinha dorsal do time, o caso do brasileiro ex-Lyon. Com 24 anos, Bruno está em uma idade ‘boa’ – não é um jovem inexperiente, mas ainda tem o melhor por vir. 

Desde o Audax, por onde passou entre 2015 e 17, vive um desenvolvimento constante. Chegou no Athletico após o próprio presidente Petraglia viajar para fechar a sua contratação – algo nada convencional se tratando de um reforço inicialmente para a base – e de imediato caiu nas graças da torcida, sendo fundamental para quatro títulos e deixando claro que seu futuro estava na Europa.

Quando desembarcou na França, o cartão de visitas não poderia ser melhor; fez uma partida de gala contra a Juventus, logo na sua estreia pela Champions League, e começou um processo de adaptação que nos levou até o momento atual. Aprendeu a língua do país, foi apontado pelos torcedores como um potencial capitão e fez bons jogos, mas depois passou por certas instabilidades sob o comando de Rudi Garcia. 

O treinador não estava tirando o máximo do time e foi embora ao final da campanha passada. Nesta temporada, então, o camisa 39 definitivamente deu o ‘próximo passo’. Se tornou um pilar do trabalho de Peter Bosz e foi uma figura dominante na maioria das partidas, mantendo uma consistência que o fez subir de patamar. Chegou ao status de intocável na escalação e era uma constante positiva em um conjunto que ainda não tinha se encontrado.

Como ele subiu de patamar? Fazendo praticamente de tudo no meio-campo.

Na Ligue 1, ninguém deu mais passes progressivos e passes para o ataque do que ele. É o sexto em passes para a área e consegue encontrar companheiros em zonas perigosas com frequência, seja com lançamentos em profundidade ou toques curtos. Normalmente, quem tem essa ‘veia ofensiva’ não tem muita precisão, por conta dos riscos envolvidos com jogadas mais difíceis. Bruno é diferente nisso e raramente perde a bola – consegue equilibrar segurança com ousadia, digamos assim.

A ver como será sua adaptação e influência ao estilo de jogo, já que o Newcastle tem uma média de 38.5% de posse, enquanto o Lyon tem 58.3%. Isso provavelmente não vem da preferência do treinador – Eddie Howe -, que gosta de ser mais dominante e fez seu Bournemouth ter uma média de 49.3% nas cinco temporadas que ficou na primeira divisão. Mas aí entra outro aspecto, fundamental para o novo contexto que vai encontrar: o brasileiro é ótimo sem a bola também.

Tem atributos defensivos evidentes, registrando bons números de desarmes e interceptações, além de se dedicar muito e ter um bom porte físico. Nesse aspecto, o Campeonato Francês acabou sendo a ponte perfeita para o Inglês, considerando as semelhanças entre as ligas no jogo físico e pegado. O fato de ter sido usado extensivamente como um primeiro volante com Rudi Garcia também ajuda, assim como estar estudando a língua inglesa há seis meses. Então, ao longo dos anos o diamante foi sendo polido e hoje certamente tem condições para jogar nesse nível. 

Já está sendo adorado pelos torcedores nas redes sociais e isso não pode ser subestimado, pois trata do sentimento de pessoas que se acostumaram com a desilusão por muitos anos; então, chega com moral no St. James Park. Um dos maiores estádios de um dos maiores times do país, mesmo que o retrospecto recente seja fraco. A missão é deixar a preocupação no passado e entrar em uma era diferente. Não dá pra cravar se vai dar certo, o fantasma do rebaixamento precisa ser afastado e o elenco continuar se reforçando, mas contratar Bruno Guimarães é uma ótima forma de simbolizar essa nova fase.

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