El Clásico decidido na ousadia de Vinicius Jr

O brasileiro se tornou o jogador mais jovem a marcar no El Clásico neste século e foi fundamental na vitória dentro do Bernabeu

Depois de perder o primeiro jogo do confronto contra o Manchester City pelas oitavas da Champions, o Real Madrid tinha o Barcelona pela frente no final de semana. No contexto da competição europeia, o Barcelona ficou em uma situação mais agradável que o rival. Contando com um gol fora de casa na Itália, levou o empate como um ótimo resultado em vista do que foi a partida, e ainda era líder do espanhol. Em uma semana tão decisiva para a temporada, o Madrid buscava retomar a liderança da La Liga e com isso precisava vencer de qualquer jeito o El Clásico. A partida prometia.

Setién apostou em um time com mais pegada – quatro volantes com diferentes funções atrás de Messi e Griezmann – já sabendo que o Real Madrid iria impor uma certa intensidade e potência com Valverde e cia. Arturo Vidal era parte essencial na pressão em cima da equipe merengue, mas não conseguiu ganhar essas disputas que seriam fundamentais para profusão do vigor blaugrana, e terminou com apenas um duelo ganho de 10. No primeiro tempo o Barcelona levou mais perigo ao gol do Madrid com Griezmann aparecendo mais para associar. Com isso teve algumas chances para marcar, porém todas pararam no gigante Courtois.

Zidane preparou um esquema muito parecido com o que entrou em campo no meio da semana contra o City, porém com Marcelo e Kroos titulares – no lugar de Mendy e Modric, respectivamente. Em rigor, a ideia de Zidane era colocar jogadores com um apoio ofensivo e técnico superior em vista da deficiência da equipe no setor.

Zizou percebeu o erro que foi deixar Toni Kroos de fora contra os ingleses, e o camisa 8 demonstrou o alto nível vivido na temporada com o impacto que teve no jogo. O gol de Vinícius Jr., primeiro do Madrid, parte logo dos pés do alemão, que faz uma leitura maravilhosa e manda o brasileiro atacar o espaço que Benzema proporciona ao puxar a marcação de Semedo.

Gol de Vinícius Jr. que abriu o placar.

No vídeo percebemos como Kroos canta a jogada e, surpreendentemente, nenhum jogador do Barcelona pressiona o volante ou impede que Vinícius ataque esse espaço, resultando no brasileiro livre na grande área.

A estrela de Vinícius Jr.

Apesar do gol e de uma evolução nítida conforme o jogo foi se desenrolando, Vinícius foi parado algumas vezes por Nelson Semedo. O lateral teve trabalho com o garoto no segundo tempo, mesmo após conseguir conter de certa forma o jogo do mesmo na primeira etapa. Entretanto, Vinícius demonstrou mais uma vez toda sua personalidade e que não se intimida pelo tamanho de nenhum jogo, buscando cada vez mais a bola e sem timidez.

A estrela de Vinícius brilha mais uma vez no Bernabéu quando o time mais precisa, e seu atual momento relembra bastante a sua primeira temporada como madridista. Com a lesão de Hazard, o ótimo momento vivido e a retomada da confiança, tem tudo para se firmar como titular e ajudar cada vez mais o clube em busca das vitórias.

Real Madrid imperial para vencer o El Clásico

Apesar do jogo parecer totalmente aberto no primeiro tempo, os jogadores merengues voltaram cheios de energia para os 45 minutos restantes. O volume de intensidade foi, sem dúvidas, a grande chave do Madrid para conseguir a vitória e os três pontos. Dominou em ataques rápidos, bem trabalhados e conseguiu a agressividade que faltava para dominar a partida. Os merengues finalizaram oito vezes na segunda etapa e quatro dessas finalizações foram na direção de ter Stegen – que fez uma defesa memorável em um chute colocado de Isco.

Fede Valverde é talvez o grande nome do Real Madrid na temporada, muito pela forma que foi transformado em uma peça chave da equipe sendo tão novo. Mantém a regularidade no seu jogo e, com todo vigor e energia, eleva o ânimo do time como um todo dentro das quatro linhas. Contra o Barcelona ocupou claramente a faixa direita em maior parte do tempo – nisso o Madrid jogava praticamente em 4-1-4-1 com Casemiro e Benzema entre as linhas de quatro.

Ajudando Carvajal na marcação e atuando quase como um ponta quando a equipe tem a posse, a função do uruguaio no jogo não permitiu que Jordi Alba fosse acionado com mais liberdade, e, com isso, limitou grande parte do trabalho ofensivo do Barcelona por aquele lado.

A vitória merengue nesse jogo passou por um Vinícius Jr. brilhante ao fazer o gol e exercer toda a explosão necessária em um jogo desse nível. Por um Casemiro imperial na tarefa de marcar Messi e dominar o meio-campo. Por um Toni Kroos ditando o ritmo da partida como queria. Por um Carvajal que, como um touro, contou com todo seu físico para ganhar duelos, atacar as brechas do adversário e ser brilhante durante os 90 minutos.

Carvajal foi o jogador mais impactante em toda a dinâmica do jogo .

O jogador imprescindível para a produção do Madrid é Karim Benzema. O trabalho do camisa nove nessa equipe é extremamente subestimado em vista do que o jogador oferece aos seus companheiros e ao lado técnico da equipe. Sobrecarregado em muitas partidas, no El Clásico contou com Vinícius Jr para desafogar todo o trabalho necessário nas construções de jogadas. De forma mais contida e sem chamar tanta atenção, fez todo o trabalho de movimentação para abrir a zaga diversas vezes – como no primeiro gol. A leitura de jogo do francês é fantástica e, mesmo em partidas que não contribui com seus gols, tem grande participação em todo o setor.

A movimentação de Benzema é fundamental para que Vinícius saia livre em direção ao gol.

Desgaste do Barcelona no segundo tempo

Apesar do coletivo não ter funcionado, o Barcelona teve Busquets em ótimo nível e um Piqué segurando o máximo que pôde. Notável jogo do volante nas tentativas de furar a defesa merengue ao tentar passes nas costas dos zagueiros, porém a falta de Suárez para dar essa profundidade à equipe é sentida a cada jogo – inclusive no que Messi quer dentro de campo.

Como Marcelo avança bastante, o corredor direito ficava exposto em alguns momentos, e muitas vezes a equipe blaugrana atacava esse espaço, criando suas chances a partir dali. Porém Casemiro conseguia limitar bastante o jogo criativo de Messi, não deixando o argentino pensar rápido e sempre em leitura perfeita de seus movimentos. Como dito anteriormente, Piqué segurou o máximo que conseguiu. Salvou uma bola em cima da linha e sua destreza teve grande impacto nas bolas rebatidas, travando os chutes, desarmando, interceptando e cortando os cruzamentos – jogada que nos primeiros 45 minutos foi utilizada diversas vezes pelo Real Madrid.

Entretanto, o segundo tempo decretou um Barcelona que não conseguia agredir o adversário. Os perigos oferecidos no primeiro tempo pararam na grande performance do sistema de marcação madrileño e no grande desarme de Marcelo em uma situação que deixaria Messi cara a cara com Courtois quando ainda estava 1×0 para o time da casa.

Desarme providencial de Marcelo e grande recuperação de Varane no lance.

Em uma semana decisiva para o Madrid – depois de uma derrota dolorida para o City que dificulta o avanço para as quartas da Champions League – Zidane conseguiu deixar uma sensação de que vai brigar pela liga até o fim. Já o Barcelona de Setién demonstrou que ainda precisa melhorar em alguns quesitos competitivos, e que esse número grande posse se transforme em gols, situação fundamental para a equipe ter mais força em busca da liga e da “copa tan linda y tan deseada.”.

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