GUIA DAS QUARTAS DE FINAL DA CHAMPIONS LEAGUE

Por Footure FC A Liga dos Campeões começa a fechar seu funil na disputa pela tão sonhada ‘orelhuda’. São oito times, treinadores e histórias para serem contadas nestas próximas semanas. Em Londres, o duelo entre Maurício Pochettino e Pep Guardiola. O Liverpool busca voltar a grande decisão para se coroar campeão e precisa passar pelo […]

Por Footure FC

A Liga dos Campeões começa a fechar seu funil na disputa pela tão sonhada ‘orelhuda’. São oito times, treinadores e histórias para serem contadas nestas próximas semanas. Em Londres, o duelo entre Maurício Pochettino e Pep Guardiola. O Liverpool busca voltar a grande decisão para se coroar campeão e precisa passar pelo sólido time do Porto antes disso. O Ajax se inspira em Johan Cruyff para eliminar a Juventus de Cristiano Ronaldo, que luta pelo seu sexto título da competição. Por fim, o Barcelona de Messi reencontra o Manchester United, de quem já foi algoz nas finais de 2009 e 2011.

Por isso, assim como na temporada passada, o Footure reuniu uma equipe de analistas para falar sobre os quatro grandes duelos da Liga dos Campeões desta edição!


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MANCHESTER CITY

Por Igor Junio

Quando se trata de Manchester City e Champions League, muitas vezes existem alguns discursos prontos, mas que ainda assim vem acompanhados de alta expectativa pelo desempenho de um clube milionário. Sempre é ponderado que é preciso experiência nesse tipo de competição para se brigar pelo título, o que é verdade, mas ao mesmo tempo, se colocou muita esperança em times que, dentro de campo mesmo, não estavam preparados.

O que quero dizer é que, mesmo com belos esquadrões durante essa década, o City nunca teve um time com capacidade de vencer a Champions. No entanto, gosto de dizer que agora, em 2019, por diferentes motivos, o City tem pela primeira vez quase tudo que precisa para sonhar e quem sabe vencer seu primeiro grande título europeu. Após uma Premier League histórica em 2017/2018, alcançando 100 pontos e quebrando todos os recordes, o City vem desenvolvendo uma campanha em 2018/2019 baseada em maturidade, equilíbrio, força mental, disciplina tática e força de vontade para grandes momentos.

Carabao Cup já está na conta de Guardiola e seus comandados, que ainda estão vivos na FA Cup, brigam ponto a ponto com o Liverpool na Premier League e tem o Tottenham pela frente na Champions League. O calendário inchado passa a ser um empecilho, mas ao mesmo tempo uma motivação extra, pois mostra como o trabalho vem sendo bem feito. Dito isso, quais são os pontos fortes, dúvidas e dilemas que o City terá pela frente na maior competição de clubes do planeta? Vamos dissecar juntos abaixo:

A busca por uma referência

Outra coisa que pode ser dita sobre a Champions nessa última década, é que as equipes que dominaram a competição tinham certas semelhanças marcantes. Real Madrid de Cristiano Ronaldo, Barcelona de Lionel Messi e Bayern de Robben e Ribery contra o sistema defensivo forte de Atletico de Madrid e Juventus. Essa foi a tônica dos últimos anos. Agora, com Cristiano na Juventus e Barcelona ainda buscando se reencontrar na competição, há uma certa entressafra que abre possibilidades para mais clubes sonharem. Na temporada passada o Liverpool já chegou na final, por exemplo, jogando para frente.

Agora, em 2019, pode ser a vez do City. Mas quem vai liderar essa equipe no desafio de chegar em Madrid? Os nomes estão na mesa, mas ainda não sabemos quem assumirá a responsabilidade: Sterling tem sido cada vez mais importante e regular, se transformando em uma estrela; Bernardo Silva é um craque que além da técnica, também deixa tudo em campo fisicamente; Kevin De Bruyne era um dos melhores do mundo meses atrás e pode voltar a esse nível; e Sergio Agüero, cada vez mais decisivo domesticamente, em busca de suas grandes noites em competições europeias.

O dilema da lateral-esquerda

Após temporada espetacular pelo Monaco, City despejou um caminhão de dinheiro para contratar Benjamin Mendy, mas até agora, quase dois anos depois, o lateral francês ainda não completou vinte partidas pelo clube. Ele está treinando normalmente nos últimos dias, mas teria condições de adquirir ritmo de jogo para atuar em alto nível? É complicado. Diante disso, Guardiola segue precisando inovar: Delph agora parece ser carta descartada para jogos importantes, deixando a dúvida para Zinchenko por ali ou improvisar Laporte.

O 2019 de Zinchenko é muito bom. No entanto, Pep sempre evitou o escalar em jogos grandes – só atuou, até hoje, contra o Chelsea, por três oportunidades. Pensando dessa forma, e buscando um pouco mais de defesa de área e controle defensivo, vejo a escalação de Laporte como o ideal, com Kompany entrando na zaga ao lado de Stones. Foi a formação usada, por exemplo, na grande vitória contra o Liverpool em janeiro. Sendo otimista e visando um confronto com a Juventus, seria ainda mais “irresponsável” escalar Zinchenko, visto que uma das características de Allegri, ao ter Mandzukic e Ronaldo, é explorar qualquer fraqueza que o lateral adversário ofereça.

Bernardo Silva e Gündogan para mais competitividade

Nos acostumamos a ver o City com Fernandinho, David Silva, KDB, Sterling, Sané e Agüero, mas muita coisa aconteceu em 2018/19 para mudar alguns rumos disso aí. Primeiro, a lesão de De Bruyne, que deu espaço para Bernardo Silva mostrar todo o futebol que tem, seja no meio ou pela ponta. Segundo, a ascensão de Sterling, que passou a jogar bem também pelo lado esquerdo. Terceiro, o salto que Gündogan apresenta desde dezembro, mostrando um futebol de altíssimo nível e também sendo figura recorrente no time titular.

Poucas semanas atrás, o City enfrentou o Chelsea e não tomou conhecimento, vencendo por 6 a 0, com uma formação de: Fernandinho, Gündogan, De Bruyne; Bernardo, Agüero, Sterling. Vejo essa, hoje, como a formação ideal, mesmo que seja doloroso para Pep abrir mão de David Silva e Leroy Sané. O time ganha um pouco mais de poder de marcação, segue com uma saída de bola com jogadores de alta intuição, pode dominar o meio com os movimentos de Bernardo, mas sem perder velocidade e intensidade.

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Por Henrique Letti

O Tottenham está em sua temporada mais atípica dos últimos tempos. Não à toa, já que não reforça o time desde janeiro de 2018, tem utilizado Danny Rose no meio de campo e acaba de estrear no novo estádio. Sim, a do meio é verdade. A falta de peças de reposição tem obrigado Pochettino a variar, explorar e ousar – e, daí, é inegável que coisas boas acaba surgindo.

Uma dessas coisas é o sucesso de um esquema sem um atacante solitário na frente. O 4-3-1-2 surge no lugar do então rotineiro 4-2-3-1. Uma clara tentativa de reforçar o meio desfalcado e, ao mesmo tempo, oferecer transições ofensivas mais diretas, com Harry Kane e sua – quase sempre – dupla Heung-Min Son. Os apoios de Kane, participando como mediapunta, combinados com os desmarques de Son (ou de Lucas, na falta do coreano) tem aberto defesas e dado vitórias aos Spurs. Nesse contexto, Poch opta por ter menos jogadores na frente, já que os ataques são mais acelerados e buscam a definição de forma imediata.

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Moussa Sissoko, Harry Winks e Christian Eriksen formam o tripé no meio de campo e são complementares em situações de transição e ataque. O francês carrega o piano, sendo chave sua movimentação intensa durante transições. Winks, por outro lado, aparece mais na saída de bola e, principalmente, em ataque posicional – é quem temporiza, organizando com toques curtos e virando o lado da jogada. O mago dinamarquês, por sua vez, conecta diretamente com os atacantes, sempre buscando o passe-chave ou o arremate de média distância.

Os três, contudo, pecam na defesa (somente Sissoko é realmente destacável nesse aspecto), prejudicando o balanço defensivo. Aí surge a opção de Poch pelo 5-3-2. Ele apareceu em grandes contextos, como contra o Dortmund, nas oitavas de final da Champions. A defesa precisa dos belgas Alderweireld e Vertonghen, impecáveis protegendo a área, e ganha em diferentes aspectos com os jovens Sánchez ou Foyth juntando-se a eles. O primeiro entrega vitalidade, enquanto o segundo oferece saída de bola. Já que, no gol, Lloris tem entregue tantos milagres quanto falhas, é imprescindível que a defesa esteja no seu dia.

Dessa forma, ataca-se em um 3-4-1-2, não perdendo as possibilidades que uma dupla no ataque apresenta, tampouco o apoio dos alas. Nesse duelo contra o Dortmund, em Wembley, as chances criadas partiram de situações de superioridade (ou igualdade) numérica, em contra-ataques ou rápidas retomadas de bola. Entretanto, atacar com dois homens não tem funcionado em todos os contextos. Quando há a necessidade de furar equipes que protegem a área em blocos baixos, o 4-2-3-1 é resgatado. Nele, cresce a influência dos laterais no campo de ataque. Assim, potencializa-se o ataque posicional. As mecânicas são repetidas à exaustão, principalmente na direita, com o lateral direito Kieran Trippier aproveitando os espaços deixados pela movimentação de Eriksen. Os dois, inclusive, lideram a equipe em passes-chaves – e não só pela participação com a bola rolando. Os dois são os cobradores de bola parada, e daí o Tottenham tem tirado muitos gols nessa temporada.

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Contra o Manchester City, é difícil prever como Poch formatará a equipe. Isso porque, nos últimos grandes jogos, o esquema pouco se repetiu. Considerando que não há grandes desfalques, nada impediria de que o 4-3-1-2 fosse utilizado. Foi, aliás, como os Spurs enfrentaram o próprio City na Premier League, no final do ano passado. O resultado foi adverso (0-1, com gol de Sterling em falha de Trippier), mas o jogo não teve o domínio pleno que o time de Pep costuma imprimir.

Nesse duelo, por muitas vezes, a linha alta da defesa dos azuis de Manchester protagonizou os melhores ataques do Tottenham. Kane e Lamela fizeram dupla de ataque e perderam ótimas chances de gol em contextos de campo aberto, que devem aparecer uma vez ou outra quando a pressão pós-perda do City não surtir efeito. E, para que isso ocorra, acredito que Winks retornará ao time titular – não é um Dembélé (que foi vendido para a China), mas tem mais a oferecer em saídas de bola do que qualquer outro volante do time.

Quando defendendo a área, o Tottenham não correu grandes riscos. Sissoko teve um papel exemplar defendendo Mendy, e deve fazer o mesmo na Champions League contra o lado esquerdo que não terá Zinchenko, lesionado. Ainda assim, nada impede Pochettino de utilizar o 5-3-2 (ou 5-4-1) para marcar a linha de cinco jogadores à frente, que quase sempre se forma na fase ofensiva do City.

Outra dúvida fica por conta do posicionamento de Dele Alli: ele é fundamental para os mecanismos ofensivos do Tottenham, atacando a área com os espaços abertos por Kane. Por isso, não dá para descartar o 4-3-2-1, com Son/Dele/Eriksen atrás do furacão. Foi assim que a equipe mais brilhou nas últimas temporadas, contudo, é exatamente assim que mais apresenta dificuldades no balanço defensivo.

Os Spurs costumam ter dificuldades em grandes jogos, e, como se não bastasse, precisa enfrentar a equipe mais organizada da Europa. Será o primeiro duelo de Champions League no novo estádio, o que, sem dúvidas, agrega mais um ingrediente interessantíssimo à partida. O resultado passará pelas escolhas do treinador, que fez milagres para levar a equipe até as quartas de final. Resta sabermos se, mais uma vez, Poch tirará leite de pedra nessa temporada.


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FC PORTO

Por António Duarte

Dizem que a vingança é um prato que se come frio. Neste caso, podemos dizer que se poderá servir quente como o bafo de um dragão. Feridos pela derrota caseira (0x5) contra o Liverpool na última edição da Liga dos Campeões – a maior derrota em casa no Estádio do Dragão – o FC Porto de Sérgio Conceição procura reconstruir uma história diferente em 2019.

A nova temporada trouxe alguns ajustes naturais pela saída de alguns jogadores, influenciando nas dinâmicas e funções, mas mantendo as bases táticas e comportamentos que levaram à conquista do campeonato português em 2017/18. Uma equipe altamente agressiva nas duas fases de jogo, com as transições bem definidas, futebol vertical (por vezes até direto) e pautado pela dimensão física dos seus atletas, tanto no corpo como na ocupação dos espaços.

O Porto tem dois sistemas táticos consolidados, pelo que prefere utilizar o 1-4-4-2 em jogos internos, onde procura ter maior domínio e caudal ofensivo, e o 1-4-3-3 mais vezes utilizado em jogos de Liga dos Campeões, visto que os mecanismos utilizados permitem uma melhor organização defensiva, ou pelo menos mais equilibrada.

Pressing alto do FC Porto. (Transmissão: Eleven Sports Portugal)
Pressing alto do FC Porto. (Transmissão: Eleven Sports Portugal)

Sem bola os Dragões gostam de pressionar alto e transitar a partir daí. Num pressing zonal, orientam o adversário a sair pelas laterais do campo e ‘’estrangulam’’ o oponente nesse espaço encurtado. Funciona como uma armadilha, induzir para depois atacar. O resultado disso tem três desfechos: ou o Porto rouba a bola numa zona arriscada e contra-ataca; ou o adversário recorre à bola longa e os defesas e meio-campistas do Porto, pelas características físicas, ganham as primeiras e segundas bolas; ou o adversário tem qualidade elite no jogo apoiado para sair desse constrangimento.

O maior problema para os azuis e brancos neste confronto é precisamente a capacidade que o Liverpool tem para construir de forma apoiada e também para vencer segundas jogadas pelos seus meio-campistas.

Para este momento do jogo, importante a liderança de Hector Herrera subindo a pressão. O capitão tem um ótimo senso para ativar os indicadores de pressão e a sua passada larga tornam um elemento rápido nos deslocamentos. O time acompanha o mexicano e bloqueia as opções de passe próximas.

O meio-campo terá um papel fundamental neste jogo contra os reds. A adição de Danilo Pereira para controlar as entrelinhas onde se movimenta Roberto Firmino, poderá ser um ponto importante para estancar a criação do Liverpool – Danilo falhou o encontro de 2018 devido a lesão.

O Porto deverá tomar especial atenção à amplitude dos laterais dos Anfielders. Num primeiro momento negando zonas interiores e forçando os reds a atacarem via cruzamentos largos, parece um cenário benéfico para quem tem Felipe, Pepe e Militão dentro da área a controlar o ‘’tráfego aéreo’’. Ainda assim, especial atenção para quem aparece infiltrando desde trás.

Leitura da jogada por parte dos meio-campistas e atacante; marcação encaixada no momento; passe fraco e zagueiro adversário com dificuldades na receção (indicador de pressão); subida de pressão e roubo de bola em zona perigosa.
Leitura da jogada por parte dos meio-campistas e atacante; marcação encaixada no momento; passe fraco e zagueiro adversário com dificuldades na receção (indicador de pressão); subida de pressão e roubo de bola em zona perigosa.

Em termos ofensivos, o Porto pratica um jogo vertical e aproveitando a fisicalidade dos seus atacantes para ser direto, seja procurando o homem ou espaço. Essencialmente forte no ataque pelos corredores com a projeção dos seus laterais e a concentração de gente na área (atacantes e médios) para terminar em cruzamentos.

Numa primeira fase, o meio-campista mais recuado procura se aproximar dos zagueiros, podendo se colocar mesmo entre eles. Laterais dão uma amplitude mais profunda, extremos derivam para zonas interiores e os atacantes garantem a profundidade. O ataque posicional varia conforme o sistema, mas podemos observar um 3-1-4-2 na maior parte dos casos.

No que toca a qualidade de passe, o Porto ganha um acréscimo com a inclusão de Óliver Torres. Sob as ordens de Conceição, o espanhol passou a ocupar zonas mais recuadas e oferecendo saídas mais limpas quase que por instinto. A amplitude constante no campo oferece sempre apoios e por isso os dragões (principalmente por Óliver) usam a inversão de jogo para direcionar os ataques por outro sentido. Passe longo procurando o espaço e homem vazio na faixa contrária.

As tarefas de criação têm um peso brutal nas costas de Yacine Brahimi. O mágico argelino incorpora o espírito de Rabah Madjer (também lenda do FC Porto) e protagoniza lances fabulosos que desequilibram uma equipe. Na temporada passada sofreu com o trabalho específico de marcação por parte de Arnold, Henderson e Wijnaldum, estes nunca oferecendo espaço interior para o camisa 8 flutuar para dentro, como tanto gosta. Por isso, a temporada regular de Jesús Corona oferece outro tipo de soluções. O mexicano apresenta qualidades imprevisíveis, podendo driblar por dentro e por fora, dada à sua ambidestria, e receber no pé ou no espaço. Importante a inspiração dos dois nestes duelos, pois o Liverpool provoca bastante os confrontos individuais na sua defesa.

Simulação do ataque posicional do FC Porto.

Importante referir a potência de Moussa Marega recebendo no espaço. O atacante maliano é o artilheiro portista na competição e é um poço de força no embate físico. Como a última linha dos reds costuma estar longe da baliza de Alisson, é o cenário perfeito para Marega poder atacar as costas da defesa do Liverpool em profundidade – ainda que os últimos homens de Jürgen Klopp estejam mais do que habituados a este tipo de cenários e contem com um gigante Virgil van Dijk em antecipação.

A ausência de um lateral ofensivo (Wilson Manafá não está inscrito na prova) levou Militão a assumir o posto e isso não tem beneficiado nem o jogador, nem a equipe, pelo que o dinamismo oferecido no corredor direito é menor. A necessidade de englobar a contratação de janeiro, Pepe, não veio confortar uma defesa que, sem Militão no eixo, evidencia ainda mais as dificuldades na construção quando sofre pressão adversária.

Bola parada ofensiva do FC Porto como arma para ferir o adversário.
Bola parada ofensiva do FC Porto como arma para ferir o adversário.

Pode-se afirmar que as bolas paradas são dos momentos mais aleatórios do futebol. Isto é, à partida existe sim um planejamento de funções, mas a execução dessas tarefas podem ter influências de vários fatores, inclusive os extrínsecos. Desde o vento, ao estado do tapete, falha do tempo de salto, a potência da batida na bola, etc. Além de ser um momento onde vários jogadores ‘’embatem’’ num espaço curto.

Entre tantas formas de atacar a bola parada, o Porto revela ser a equipe mais temível entre a elite da Europa neste quesito. A presença de nomes como Felipe, Pepe, Militão, Soares, Danilo Pereira e eventualmente Marega, são uma autêntica ameaça pelo tamanho, impulsão e técnica na execução. O cenário agrava-se para os adversários quando a batida advém de um dos melhores jogadores a dar a curva na redondinha. Alex Telles e a sua ‘’bola morta’’ descrevendo um arco largo e tenso caindo no coração da área e em boas condições de finalização.

O Liverpool evoluiu nas bolas paradas defensivas, apresentando uma defesa mista (zonal na pequena área e individual à frente da mesma). O Porto deverá ter em conta ao contra-ataque dos foguetes de Merseyside, que aproveitam o campo aberto nesse momento de jogo para transitar. Tanto Mané como Salah já protagonizaram pelo menos 5 jogadas terminadas em gol partindo do escanteio adversário.

O Porto é uma equipe com processos bem definidos e sabemos bem do que são capazes de fazer nas suas dinâmicas, sendo estas difíceis de contrariar. Porém, a previsibilidade dos portistas acaba por ser o maior problema em várias situações. O bloquear de ideias entrega o Porto a um mar à deriva de superação individual e nisso o Liverpool é superior. O jogo competitivo do ano passado serviu para percebermos como o Porto não pode cair no engodo de jogar na praia dos ingleses, especialmente desta equipe de Klopp.

A Liga dos Campeões é para quem pode e nesta fase decisiva nem sempre os elementos técnico-tática se sobrepõe no jogo. Assim sendo, é importante a inclusão dos ‘’senhores feudais’’ desta competição, Iker Casillas e Pepe, mas sobretudo do Tribunal do Dragão.

LIVERPOOL FC

Por Matheus Souza

Há três meses sem perder, o Liverpool atravessou fases diferentes durante esse intervalo de tempo. Embora lidere a Premier League – com um jogo a mais que o City – e tenha feito uma grande partida diante do Bayern, na Alemanha, o time comandado por Jürgen Klopp traz consigo alguma instabilidade, combinada a um grande potencial para decidir partidas.

Depois de grandes jogos entre novembro e dezembro, Klopp retornou ao 4–3–3, o que deixou seu trio de ataque na “configuração inicial”, com Firmino sendo o 9 que ativa Mané e Salah em diagonal. Antes, o 4–2–3–1 com Shaqiri ou Keïta como quarto elemento ofensivo era uma variante notável.

O problema, apesar disso, foi uma inconstância maior do time no todo: menos “domínio”, mesmo trabalhando posse de bola em quase todos os jogos, menos contundência diante de adversários qualificados, e alguns erros de concentração/desgastes do elenco que fizeram com que a defesa fosse mais vezes vazada. De oito gols sofridos num turno de liga, os Reds chegam ao jogo de ida das quartas da Champions com uma série de cinco jogos seguidos sofrendo gol.

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Ademais, importante citar os pontos mais fortes do Liverpool, mesmo após oscilar um pouco: produtivo cruzando bolas nos dois lados – Robertson é o líder de assistências do time na temporada (11), e Alexander-Arnold é o terceiro com mais passes para gol (7). É o 2º time que menos concede finalizações por jogo aos adversários na Premier League – abaixo apenas do City -, mas cede chances mais claras. Além disso, o trio Salah-Firmino-Mané ainda é muito imponente nas transições, mesmo sem marcar tantas vezes. Se na temporada passada, eles juntos deixaram 30 gols na Liga dos Campeões, nesta marcaram “apenas” 8 vezes na competição.

Diante do Porto, que tem uma defesa mais sólida – e posicional -, além de se portar bem nas bolas paradas e atacando pela lateral, pode ser um perigo expor seus jogadores, sobretudo Alexander-Arnold no lado que Alex Telles ataca. Também pode ser perigoso se expor e defender em campo aberto frente a uma equipe de bons dribladores pelos lados (Brahimi, Corona) e por dentro acelerando (Marega, Tiquinho Soares, ou até o meio-campista Héctor Herrera). Desafios com e sem a bola para Klopp e seus comandados, quando devem trabalhar melhor a posse de bola e o ataque posicional para apoiar em velocidade e dificultar a concentração defensiva do adversário português – o destaque ao jogo entrelinhas do Firmino e sua associação com os companheiros de time talvez seja o ponto mais forte para buscar vantagens assim.


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JUVENTUS FC

Por Jorge Luiz

Virtual octacampeã italiana, após grandes esforços na janela de verão, a Juventus entra nas quartas da Champions querendo transformar o domínio nacional em domínio europeu.

Batendo na trave há um bom tempo, para começar a análise, necessário dizer que os italianos são o melhor time da Champions nos últimos anos depois de Real Madrid e Barcelona, chegando em mais finais que os catalães, por exemplo (2 desde 2015).

O título não veio por pura contundência de Real Madrid e Barcelona, mas as coisas mudaram pra 2018/19 e dizer que a Juventus entra como favorita em abril não é nenhum exagero.

Bases competitivas

A Juventus compete a partir de 3 grandes referências individuais, cada uma em um setor, que lideram e potencializam as outras grandes individualidades do elenco.

Atrás, representando a contundência na área defensiva, a figura necessária pra se competir contra os grandes atacantes da Europa, Giorgio Chiellini segue sendo uma referência mundial da posição. Os últimos anos da competição mostram que não se compete até os últimos meses sem um grande defensor de área, e a Juventus pode ficar tranquila aí (está com média de 6 cortes por jogo na atual Champions).

No meio, assumindo protagonismo na base, sendo uma grande ameaça na bola parada, Miralem Pjanic se transformou num dos melhores da posição nos últimos anos (quiçá o melhor). Sendo o diretor do time em campo rival, suas inversões ativam o jogo exterior da equipe, que potencializa a dupla de ataque e sempre ameaça o adversário (na atual Champions, está com aproveitamento de 75% nas bolas longas). Bom destacar que os outros meio-campistas que o acompanham o completam. Khedira, Matuidi, Bentancur, Can… Pjanic oferece a criatividade e os companheiros a pegada + chegada na área.

Para fechar, a cereja do bolo. Curiosamente quem fez a Juventus deixar de sonhar nas últimas 2 Champions. O Chiellini do ataque em termos de contundência, o Sr. Champions. Não é necessário comentar muito sobre Cristiano Ronaldo, mas seus primeiros meses de Itália merecem destaque, pois não está sendo aquele atacante dos últimos anos de Real Madrid. Mais móvel, caindo muito pelos lados, não tendo mais os melhores jogadores do mundo (Benzema, Modrić, Kroos, Modrić, Marcelo e Cia) o alimentando, sabendo que é um dos melhores do mundo, está saindo da área pra gerar jogo (importante Mandzukic fixando zagueiros aí). Não à toa sua média de gols baixou um pouco em relação ao jogador do Madrid, mas continua sendo o mesmo predador da área, que sempre estará próximo do gol convertendo tudo que o time criar.

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A partir dessa base, outros craques fazem a mágica acontecer. Bonucci acompanhando Chiellini (grande argumento em saída de bola, podendo criar gols lançando Cristiano do seu campo), a profundidade dos laterais (chaves pro fortíssimo jogo exterior que é positivo pros atacantes), a já comentada pegada + chegada na área dos interiores (Matuidi, Khedira e Bentancur), Mandzukic para Cristiano, atacantes desequilibrantes (Douglas Costa, Bernardeschi e Cia)… É um elenco com nível para vencer a Champions.

Allegri e suas adaptações

Massimiliano Allegri é um dos treinadores mais subestimados da Europa, até porque é claramente um dos melhores do mundo. Seu pragmatismo sempre significou muita competitividade. Na atual temporada, com seu vasto elenco, vai brincando de se adaptar aos diferentes cenários e sempre mostra o quanto é bom estrategista.

Um grande exemplo é o fatídico 3-0 contra o Atlético na volta das oitavas, quando engoliu Diego Simeone a partir de um grande plano tático. Para superar a primeira onda de pressão do Atleti (feita pela dupla de atacantes, Griezmann-Morata) e se instalar em campo rival, Allegri recuou Can como um zagueiro pela direita criando superioridade numérica (3 vs 2).

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Mais avançado, na base das jogadas, Pjanic era o diretor, responsável pelas inversões que ativavam o forte jogo exterior para Cancelo e Spinazzola (muito profundos).

Para fechar, com Mandzukic fixando zagueiros e Cristiano (a partir das sua mobilidade) atacando da esquerda pra dentro, Bernardeschi teve um dos jogos da sua vida, reforçando os méritos de Allegri. Trabalhando pela direita e confundindo/sobrecarregando Lemar, ofereceu vantagens para que a bola fosse cruzada para o lado contrário em busca da grande ameaça artilheira do time.

Não sabemos como será o time dos próximos jogos, mas temos uma certeza: Allegri se adaptará do melhor jeito possível pra competir no mais alto nível, potencializando seus jogadores.

DYBALA

Diferentes adaptações, vasto elenco, Bernardeschi se destacando no último jogo… E Paulo Dybala? Por incrível que possa parecer, mesmo sendo o camisa 10 e o artilheiro do time na competição, não é exagero dizer que hoje trata-se de um reserva. E o pior é que isso não é novidade, pois já aconteceu em 2017/18, quando a Juventus arrancou pro título italiano e chegou ao seu auge na temporada (a partir de dezembro) com um sistema que não tinha Dybala.

Não é difícil entender o porquê. A grande característica de Allegri, de usar seu coletivo pra sempre se adaptar, simplesmente não casa com um jogador tão específico. Sim, específico. Parece sentir confortável apenas perto da área, entre as linhas, no máximo caindo da direita pra dentro. E o pior: é um atacante lento, de pouca pegada/potência, outra característica que não acaba casando com um time que tem Matuidi, Cristiano, Douglas Costa, Mandzukic e cia (são o contrário).

Sua curta etapa na seleção Argentina ajuda a reforçar, pois não consegue render junto com Messi justamente por se limitar ao espaço de Messi, tendo dificuldades de sair dessa zona de conforto. De qualquer maneira, sua qualidade representa uma grande arma pra Juventus. Apesar dos limitantes, sua perna esquerda é uma verdadeira produtora de gols que pode fazer a diferença vindo do banco.

Dybala é uma incógnita e tem oscilado muito nesta temporada. (FOTO: Divulgação/Juventus)
Dybala é uma incógnita e tem oscilado muito nesta temporada. (FOTO: Divulgação/Juventus)

Hierarquia, bases táticas, individualidades, um grande gestor tratando de melhorar tudo, vasto elenco… Não faltam argumentos para alcançar o grande objetivo. Como dito no começo, é o time que quase venceu 2 Champions nos últimos anos, que aprendeu com as derrotas e que melhorou. Os adversários que se cuidem, pois a Champions de 2018/19 tem uma favorita, que está louca pra voltar ao Wanda Metropolitano pra fazer história. Não sabemos se conseguirá, mas a Juventus está pronta e no caminho.

AFC AJAX

Por Vinícius Dutra

Após um período sem jogar a fase de grupos da UEFA Champions, o Ajax retornou ao maior torneio de clubes do mundo em 2018/19 com o objetivo de não ser apenas um coadjuvante. O desempenho no Grupo C (segundo colocado, dois pontos atrás do Bayern) e a classificação sobre o, ainda, atual tricampeão europeu Real Madrid, na fase oitavas de final da Champions, comprovam a mudança de direção tomada pelo clube holandês.

É necessário contextualizar que, para a disputa da temporada 2018/19, o Ajax de Erik ten Hag deixou de ser apenas uma equipe de jovens promessas e passou a buscar um equilíbrio em seu plantel adicionando nomes experientes como Daley Blind, Lasse Schöne, Hakim Ziyech e Dusan Tadic. A medida não visou somente que os Godenzonen voltassem competir em nível europeu, mas também para que recuperem a soberania dentro da Eredivisie, algo que não ocorre desde 2013-14. Neste sentido, Feyenoord e PSV, os campeões nacionais dos últimos anos, venceram o Campeonato Holandês utilizando essa mesma fórmula que mescla jogadores novos com atletas mais rodados.

O coerente 4-2-3-1 e Tadic falso 9

O rompimento com a tradicional utilização do 4-3-3 é outro ponto que marca a passagem de Erik ten Hag dentro do Ajax. Além disso, o habitual jogo de posição Ajacied também deixou de ser inegociável, permitindo ao ex-treinador do Utretcht se adaptar melhor aos diferentes cenários. Com isso, o 4-2-3-1 passou a ser o sistema predominante e conta com Dusan Tadic na função de falso 9, algo que ocorreu ao longo da temporada e que simboliza como o sérvio se tornou o epicentro criativo da equipe.

Além disso, o uso de Tadic nesta função encaixa com a ideia procurada por ten Hag quando em domínio da posse de bola: buscar ataques rápidos, dinâmicos, presença e combinações entre linhas a partir dos passes verticais do jovem mediocentro Frenkie de Jong.

‘’Atuando com liberdade no sistema de Erik ten Hag, Dusan Tadic marcou 30 gols e deu 17 assistências em 45 jogos na temporada.’’
“Atuando com liberdade no sistema de Erik ten Hag, Dusan Tadic marcou 30 gols e deu 17 assistências em 45 jogos na temporada.’’

Os papéis exercidos pelo interior Donny van de Beek e pelo extremo-esquerdo brasileiro David Neres são outros pontos coerentes dentro do plano tático dos Godenzonen. O primeiro compensa os movimentos entre linhas de Tadic com chegadas à área adversária para finalizar jogadas, enquanto o segundo é uma ameaça a partir do drible e de seus desmarques de ruptura e aceleração no último terço do campo. Ao final, temos um “quarteto” ofensivo bastante complementário, tendo em vista que extremo-direito marroquino Hakim Ziyech (17 assistências na temporada) é um perfil de jogador mais cerebral, que procura se associar por dentro para participar da elaboração ofensiva. – video 1-3 vs Willem II

O 1-3 de Veltman – trocas de posições, lateral bem por fora para invadir a área; Tadic novamente influência nos metros finais:

A saída de bola e Frenkie de Jong

Por mais que não seja rica em movimentos e em termos de estrutura, a saída de bola do Ajax conta com muito talento individual. Mathijs de Ligt, Daley Blind e Frenkie de Jong são os protagonistas das iniciações do conjunto Ajacied.

Neste sentido, de Jong é o nome que acaba tendo o maior peso nos primeiros toques não somente pela posição que atua, mas também pela capacidade de eliminar pressões com o passe, em condução e ainda ser o responsável por dirigir os ataques de sua equipe e ter que ativar Dusan Tadic e Hakim Ziyech, as principais peças ofensivas em zona de ¾. – video 0-1 vs Willem II e gif vs PSV.

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Além disso, o jovem centro-campista de 21 anos é um ativo sem a bola em situações posicionais, em transições defensivas precisando colocar o pé para o desarme e até mesmo saltando em campo contrário em pressão alta para recuperar a bola e iniciar ataques próximo à meta adversária.

A pressão alta, os encaixes individuais e a fragilidade Ajacied

A pressão alta exercida pelo Ajax vem sendo uma ameaça na atual temporada. Na Champions League, por exemplo, Bayern de Munique e Real Madrid sofreram muito contra a agressividade sem a bola dos comandados de Erik ten Hag, que utiliza encaixes os individuais para tapar opções de passe aos adversários e buscar o desarme já próximo dos metros finais. Sem ir mais longe, contra o Madrid foi um festival de recuperações por parte do Godenzonen em campo contrário seguido de ataques verticais que sufocaram a equipe então dirigida pelo argentino Santiago Solari.

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Porém, tanto nesta partida em questão como contra Bayern ou na goleada sofrida para o Feyenoord, o Ajax demonstrou uma tremenda dependência de sua pressão adiantada, que é estabelecida muito mais por imposição física do que por questões táticas e de posicionamento. O caso é que, em todos estes duelos, o time de Amsterdam sofreu tendo que defender em campo próprio ou em sua área depois que sua pressão alta perdeu intensidade com o transcorrer dos minutos.

E isto, somado ao fator de que o Noussair Mazraoui é uma clara fragilidade em fase defensiva, que De Ligt ainda encontre dificuldades nos duelos contra atacantes específicos (Serge Gnabry e Robin van Persie, por exemplo) e que Blind não é contundente em jogadas aéreas/físicas, pode ser um problema visando o confronto contra a Juventus de Massimiliano Allegri, que tem se notabilizado por concentrar muito o jogo pelo lado esquerdo ofensivo (embates vs Mazraoui) para bombardear o adversário com cruzamentos laterais (De Ligt e Blind precisando defender o miolo da área).


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FC BARCELONA

Por Gabriel Corrêa

Pep Guardiola é o maior treinador da história do Barcelona e isso é um problema… para os outros treinadores. O fenômeno ocorrido entre 2009-2012 dificilmente será repetido na história do futebol e este fator complica a análise dos treinadores do clube catalão.

Ernesto Valverde chegou ao clube após Luis Enrique – que havia conquistador uma Liga dos Campeões com o trio MSN e duas Ligas – para retomar o diálogo com mais tranquilidade no vestiário e retomar o posto de campeão Europeu.

Após conquistar uma Liga e Copa do Rey, a primeira de forma praticamente invicta (apenas uma derrota), Ernesto Valverde tenta apagar o “fantasma de Roma”, após ser eliminado nas quartas-de-final da UCL 17/18 estando com uma vantagem de 3 gols no agregado.

Apesar de receber muitas críticas por parte da torcida do Barcelona, é preciso ressaltar que seu trabalho tem diversas valências de qualidade. Não por acaso, o Barcelona ficou 24 vezes atrás do marcador em 68 partidas da Liga desde a chegada do técnico, mas foi derrotado em apenas três delas. E não, não foi apenas por Messi. Há um trabalho por trás e que tentaremos mostrar suas principais bases e que serão fundamentais para buscar o sexto título europeu.

O perde-pressiona que controla

Ernesto Valverde é um treinador que gosta de ter tudo sob controle. Para isso, os seus três meio-campistas sempre estão no início da jogada para, caso percam a bola em algum passe, possam retomar o mais rápido possível. O Barcelona não é o melhor time do mundo na transição defensiva, por isso precisa de seus atletas bem postados. Para não sofrer.

Não podemos permitir que o adversário nos faça correr tantas vezes em situações de inferioridade. Agora vamos jogar contra times que disputa Liga e Champions. Não podemos deixar isso acontecer. Se você ataca bem, defende bem” – Ernesto Valverde

Na última temporada, era possível ver claramente que Iniesta, Busquets, Rakitic e Sergi Roberto (lateral direito) ficavam numa segunda linha, à frente da defesa e atrás da linha da bola para cortar e controlar qualquer ataque adversário. Em 18/19, com o controle de Arthur – apesar deste ainda não suportar 90 minutos – são três os jogadores que ficam atrás da linha da bola e ainda há possibilidade de Arturo Vidal entrar na equipe para formar um quarteto de meio-campistas como no duelo contra o Bétis, no Benito Vilamarín.

No perde-pressiona, como o nome diz, os atletas do Barcelona sempre estão prontos para qualquer contra-ataque do adversário após algum erro de passe ou roubada de bola. Como podemos ver no video acima, Busquets é sempre o primeiro homem a pressionar alto por sua capacidade de antecipação e leitura de movimento dos rivais.

A conexão Messi-Jordi Alba

Que me perdoe Antonella Roccuzzo, mas Lionel Messi vive (mais) uma lua de mel em Barcelona. Do trio Busi-Xavi-Iniesta, do MSN, de Dani Alves e agora com Jordi Alba. Com a saída de Neymar, o Barcelona ficou carente de velocidade pelo flanco – em que pese Dembélé ter resolvido em partes – e Ernesto Valverde deu ainda mais protagonismo ao garoto formado em Masia e crescido em Valencia. Alba se tornou um lateral completo.

O camisa 18 aproveita de sua velocidade nas duas áreas. Seja no ataque, quando o extrema esquerdo corta para dentro e puxa o lateral adversário ou na defesa para recuperar a bola ou socorrer seus companheiros. Mas é ofensivamente que iremos nos ater.

Das 14 assistências de Alba em 18/19 pelo Barcelona, metade delas foram para Lionel Messi. O argentino parte da direita para o centro e puxa a atenção dos defensores para si, então Alba busca o fundo, como podemos ver nos vídeos abaixo. Um casamento que parece longe de ter fim.

Pique e Lenglet, os limpadores da grande área

“Piqué e Lenglet formam uma dupla de centrais que poderiam fazer loucuras tanto com Pep Guardiola quanto com Tony Pulis”. A frase de Albert Morén define a “nova” dupla do Barcelona desde a lesão de Umtiti logo no ínicio da temporada.

Ainda chegando nessa temporada, Lenglet tinha mostrado seu cartão de visita defendendo a área contra Lukaka na UCL 17/18, ainda pelo Sevilla. Ao seu lado, Gerard Piqué traz certezas e mostra capacidades que são pouco exaltadas por atuar numa equipe que em poucos momentos precisa de um zagueiro que defenda sua área, mas sim de alguém que saiba fazer coberturas por atuar longe de seu gol. Depois de um início vacilante, Gerard demonstrou porque já foi o melhor zagueiro do mundo em diversos momentos da carreira e hoje briga com Van Dijk pelo posto.

Ambos tem demonstrando grande entrosamento e são uma arma na defesa, vide o clássico contra o Real Madrid no Bernabéu.

Gerard Piqué: 3 interceptações, 14 cortes corretos (100%) e 8 bolas afastadas (100%)

Clement Lenglet: 4 interceptações, 8 cortes corretos (100%) e 5 bolas afastadas (100%)

A Liga dos Campeões é um torneio que se vence nas duas áreas e a certeza que Ernesto Valverde tem em Messi-Suárez, mas também em Piqué-Lenglet gera mais uma força para o Barcelona na disputa pelo sexto título.

Suárez a nível europeu

‘El Pistolero’ é um dos cinco melhores centroavantes do mundo, isso é indiscutível. Um jogador que entrega, no mínimo, 40 gols por temporada. Entretanto, estes números tem se refletido apenas na Liga. O uruguaio, por exemplo, não faz um gol fora de casa na Liga dos Campeões desde a vitória sobre o PSG em 15/16 – David Luiz tem más recordações daquele dia.

É sabido que sua forma física não é mais a mesma. Suárez não é mais o atacante de cinco ou seis desmarques para lançamentos de Messi. O camisa 9 tem se adaptado junto com o argentino e busca, além de segurar os defensores, fazer paredes, além de ainda buscar as corridas em profundidades quando há momentos oportunos.

Contra o Lyon, na França, já deu demonstrações que poderia repetir as boas atuações que já teve na Europa, mas pecou nas finalizações. Em Old Trafford, Luisito pode se prender no retrospecto que tem vestindo a camiseta do Liverpool para voltar a ajudar o Barcelona.

MANCHESTER UNITED

Por Lucas Filus

O Manchester United passou por uma transformação drástica após a troca no comando em dezembro de 2018. Vários ajustes ainda precisam ser feitos e as medidas tomadas visaram a compreensão imediata do elenco, mas foi uma mudança considerável. Do time sem padrão de José Mourinho ao grupo (incluindo reservas e garotos da base) preparado para jogar bem de diversas formas com Ole Gunnar Solskjaer. A alteração na postura começou em sua raiz: a mente.

Quando o psicológico do atleta está em outro lugar ou remete sensações negativas antes e durante uma partida, o desempenho físico, tático e técnico será falho. É inegável que esse era um elemento recorrente nas últimas temporadas em Old Trafford. De uma hora para outra, a dúvida foi substituída pela confiança e a sensação de capacidade voltou a dominar a cabeça de cada um, com alguns expoentes.

O maior, porém, é o conjunto – que até agora adotou estratégias de controle dentro de casa contra equipes menores, um jogo direto e de pressão alta diante dos mesmos fora de seus domínios e uma dose grande de reatividade contra os maiores. Esse último deve ser o caso frente ao Barcelona. E é importante notar que o lado reativo vem com ‘armadilhas’ específicas para quebrar o ritmo do adversário e fazer o resultado com a ‘ousadia’ que muitas vezes não vemos nesse tipo de tática.

Cada confronto é uma história, mas certos princípios são inegociáveis; o principal aqui é a presença de pelo menos dois atacantes em zonas ‘altas’ para agredir a última linha adversária, enquanto o ‘resto’ da equipe se defende. Isso traz o benefício duplo de gerar com constância ótimas situações de contragolpe e/ou obrigar o rival a dedicar menos peças à construção ofensiva. No fim das contas, gera uma preocupação e, como falei anteriormente, dúvida na mente é sinônimo de queda no rendimento.

Sistemas são definidos pela troca entre vantagens e desvantagens, entretanto, e esse argumento ‘rebelde’ de OGS carrega um perigo para sua própria meta. Sem os pontas recuando para marcar, laterais e meias precisam se desdobrar no bloqueio do espaço, mas naturalmente não têm tanto sucesso. Lacunas aparecem entre os flancos e o centro e quem conseguir acessar essas áreas valiosas terá oportunidades. Com a conexão Busquets-Messi em dia, pode haver problemas.

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Nas formações mais comuns – 4-3-3, 4-2-3-1, 4-4-2 – esse cenário é frequente, já em uma espécie de 6-3-1 a contenção é feita com melhor compactação e aplicação defensiva dos jogadores ofensivos. Conforme imagem abaixo, essa ‘retranca’ se dá de forma orgânica da tática padrão do time – o 4-3-3 -, fechando os ‘halfspaces’ (aquele espaço que citei) com os laterais e trazendo os pontas para o próprio campo.

Um tópico interessante é o posicionamento de Pogba e Herrera – núcleos da criação e da pressão, respectivamente -, bem ajustados dentro da própria equipe, mas que podem facilitar o caminho dos culés. O francês costumeiramente cai pela esquerda e o espanhol na direita, as vezes centralizando com Matic. Só que dessa maneira o criador bateria de frente com Messi, que não teria dificuldades para avançar, e o marcador estaria próximo do espaço nas costas de Alba, ponto que será preciso explorar.

Ander costuma crescer em grandes ocasiões e já foi muito bem contra craques com um trabalho ‘especial’, se não individual. Paul é o coração do time e peça mais capacitada para ativar os ataques em velocidade atrás da defesa. Faria total sentido trocar a posição de ambos, mas por enquanto é imaginação. No geral, é provável que o Barcelona domine a ida e a volta com seus controladores técnicos (Piqué, Arthur, Busquets) buscando a eficiência do melhor do mundo nas lacunas da estrutura inglesa.

O United, por sua vez, já se mostrou capaz de ganhar partidas com circulação rápida da bola e uma intensidade que dificulta para qualquer adversário. E é exatamente isso que os comandados de Ernesto Valverde podem temer, visto que já ‘deixaram jogar’ vários rivais nessa temporada e as oportunidades sempre estão ali. Martial, Rashford, Lukaku e Lingard terão de aproveitá-las.

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