O SALTO DE MALCOM
Por @RGomesRodrigues e @_GabrielCorrea De segunda para terça testemunhamos uma das maiores reviravoltas do mercado de transferências da atual temporada com a ida de Malcom para o Barcelona. O jovem de 21 anos deixa o Bordeaux para dar o salto à Espanha e jogar num dos maiores clubes do mundo, desafio que o ex-Corinthians parece […]
Por @RGomesRodrigues e @_GabrielCorrea
De segunda para terça testemunhamos uma das maiores reviravoltas do mercado de transferências da atual temporada com a ida de Malcom para o Barcelona. O jovem de 21 anos deixa o Bordeaux para dar o salto à Espanha e jogar num dos maiores clubes do mundo, desafio que o ex-Corinthians parece mais do que preparado para lidar.
Desde 2016 na França, Malcom terminou sua passagem pelos Girondins como a principal referência ofensiva da equipe. Posicionado como ponta pela direita no papel, o brasileiro mostrou repertório para cumprir além do que o estereótipo da posição indica: foi mais do que um simples jogador responsável por causar desequilíbrios com seus dribles e revelou ser um atacante capaz de organizar, construir e finalizar ataques com muita eficiência. Ao deixar o lado direito e buscar a faixa central através da sua técnica com o pé esquerdo, com o hábito de oferecer apoios e solicitar a bola no pé para chamar a responsabilidade de solucionar as jogadas para si, o camisa 7 do GdB foi importante tanto em ataques organizados, quanto em contra-ataques.
Posicionando-se no centro para se associar e deixar o lado direito livre para as ultrapassagens de Youssouf Sabaly, sendo esse um dos movimentos mais repetidos pela sua equipe na temporada, Malcom foi o homem que guiou o caminho dos ataques com pausas e muita técnica na conservação da posse enquanto conduzia a bola rumo ao gol adversário, mostrando uma interpretação melhor das situações para servir o coletivo e ser um jogador determinante, mas não individualista nos processos de seu clube a cada jogo. Já nas transições ofensivas, o brasileiro mostrou ser mais explosivo, mais agressivo, mas nem por isso deixou a criatividade e o trabalho de equipe de lado, já que servia seus companheiros com a mesma qualidade com que buscava finalizar jogadas por conta própria nos últimos metros – a assistência para Laborde ilustra o que aconteceu na prática. A influência de Malcom no futebol do Bordeaux cresceu e foi tanta que, em muitas partidas, ele deixou o lado direito e partiu definitivamente para o centro do campo, para ter total controle sobre o que acontecia em relação à construção e criação – um exemplo claro foi visto no jogo em que o Bordeaux empatou em 3 x 3 com o Lyon, partida na qual ele desceu até a linha dos zagueiros para buscar a bola no pé e mover toda a sua equipe até o gol adversário. Além disso, o novo jogador do Barcelona também se tornou cobrador de escanteios e faltas pelos Marine et Blanc, o que evidencia mais ainda toda a técnica que carrega no pé esquerdo.
MALCOM DA DIREITA PARA O CENTRO SENDO O RESPONSÁVEL POR ORGANIZAR ATAQUES
Por ser o grande nome da equipe em relação à produção ofensiva, Malcom mostrou um grande talento e muito potencial enquanto competiu na Ligue 1, uma liga que se destaca num primeiro momento, quando tratamos das equipes de médio porte, pelas características defensivas e por ter jogadores de perfil atlético e combativo. Talvez, por conta de tal aspecto (não havia um jogador tão decisivo no Bordeaux desde Yoann Gourcuff), também acabou sendo o jogador que acabou responsável por finalizar praticamente tudo, seja em relação à situação da equipe, já que ele era o único jogador acima da média para resolver jogadas da melhor forma, mas também no aspecto individual, já que os chutes de longa distância são uma marca registrada em seu jogo e nem sempre o chute será executado do melhor local do campo, considerando que esse contexto de encontrar espaços e estar livre para liderar ataques não será tão frequente na Espanha.
Partindo do princípio que Messi é o início e fim do Barcelona, aqui começam algumas adaptações que Malcom terá que fazer em seu jogo. Na temporada 17/18, com Coutinho apenas na segunda parte e Dembélé lesionado em grande parte do ano, algumas variações aconteciam no 4-4-2 de Valverde e tudo girava em torno de quem atuaria na lateral direita. Caso o escolhido fosse Sergi Roberto, o meia direita precisava dar profundidade como eram Paulinho/Aleix Vidal. Se o escolhido fosse Semedo, o time precisava de um meia direita que atuasse na base da jogada e, por isso, Sergi Roberto acabava atuando mais adiantado.
Com a saída de Iniesta, Coutinho deve atuar aberto pela esquerda sempre partindo para o centro para abrir o corredor para Jordi Alba. Do outro lado, Sergi Roberto deve ser fixado como lateral direito titular e, por ser um meio-campista de origem, deve ajudar na pressão pós-perda como base e Malcom precisará ficar mais fixo no corredor direito dando amplitude.

O que isso representa para Malcom? Sem tanta liberdade que tinha no Bordeaux, é provável que não vejamos o incisivo e artilheiro da época da França. A questão é que ele tem todas as características que faltaram ao Barcelona, principalmente na Liga dos Campeões. Sua capacidade para puxar contra-ataques em velocidade e achar os companheiros para finalizarem a jogada é importantíssima. Diferente de Dembélé que é melhor sendo lançado para puxar os contragolpes. É muito cedo para projetar qualquer coisa porque não sabemos ao certo se Valverde não irá mudar mecanismos ofensivos da equipe. A única certeza são as qualidades complementares a um elenco que sofre a pressão para voltar a conquistar uma UCL.
Comente!