Real Betis x Valencia: a final entre Manuel Pellegrini e Pepe Bordalás

Os dois times souberam usar dos erros um dos outros e entregaram todo tipo de tática possível em apenas um jogo. Uma final de respeito para aqueles que juram só haver duas equipes na Espanha.

O Real Betis se consagrou campeão da Copa do Rei depois de 17 anos sem conquistar um título de expressão. O confronto contra o Valencia foi um belíssimo jogo para quem gosta de futebol e de um jogo mais aberto. Como as duas equipes se saíram nos 90 minutos e prorrogação?

Escalação e ideias iniciais

O meio-campo do Betis é de fato o ponto forte da equipe, todo o poder coletivo está ali, tanto para o sistema ofensivo quanto pro sistema defensivo. No Valencia, o ataque é o único diferencial do time ainda jovem e inconsistente.

Pepe Bordalás chegou até a final com suas ideias bem claras. O objetivo inicial era ganhar a disputa no meio do campo – ponto forte do Betis – e manter a marcação em bloco médio para recuperar a bola e logo em seguida partir rapidamente para o ataque e superar a defesa do Betis – o ponto fraco.

Na defesa, Bordalás preencheu o máximo que deu. O sistema defensivo do Valencia é de fato o ponto de desequilíbrio do time, mais pelas peças do que pelo sistema em si, tanto que, na escalação inicial, Bordalás coloca três zagueiros para forçar um pouco a marcação mais alta, pelos lados.

As ideias eram claras, mas a equipe de Manuel Pellegrini conseguiu supera-las logo no começo. Essa tentativa de inibir os avanços do Betis pelos lados para proteger o sistema defensivo nas transições foi por terra com menos de 15 minutos. O gol sai em bom avanço de Fekir e um passe em direção a linha de fundo para Bellerin avançar e cruzar, jogada perfeita para finalização de cabeça de Borja Iglesias.

10 duelos ganhos de 14 disputados, 6 faltas sofridas, 3 dribles completados e 1 gol especial. Borja Iglesias é tudo aquilo que o Betis precisava no seu ataque. (Reprodução/Real Betis)

Os verdiblancos são claramente mais prontos e coesos como equipe, um elenco montado a mais tempo e com peças mais experientes a nível mundial. O Valencia tem um elenco muito jovem, em reconstrução e com poucas peças de apoio no banco. Pepe chega para mudar isso, adicionar os jogadores mais novos, potencializar peças e construir um elenco para o longo prazo. Chegar até a final é excelente para o treinador em sua primeira temporada num clube com problemas financeiros e extra campo.

Apesar do gol Bordalás mantém suas ideias, ajusta as marcações pelos lados e mantém seu time competitivo na final. Por outro lado, antes mesmo do Valencia empatar a partida, o Betis era visivelmente superior. Fekir superou completamente todas as marcações, voltava até a base da jogada e incomodava bastante na entrelinha. Os zagueiros pareciam perdidos, mas o gol de empate deu a tranquilidade que os jogadores precisavam.

Um bom avanço na ideia principal de Pepe em pressionar com bloco médio. Sabendo da defesa do Betis ser bagunçada, Moriba domina e lança Hugo Duro no espaço – exatamente a jogada que Bordalás esperava de sua equipe nesse cenário.

Um grande especialista em recuperar o time com seus gols, game changer. (Reprodução/UES)

Até o fim do primeiro tempo, o Betis vinha muito melhor na partida como um todo. Terminou os 45 minutos iniciais com muitas chances para passar a frente no placar de novo, mas o Valencia conseguiu se manter mais consistente ao defender sua grande área pela confiança gerada a partir do gol de empate. A grande área foi bem defendida e Mamardashvili muito bem nas poucas que passavam.

Segundo tempo, correria, intensidade e cansaço

Muito melhor no segundo tempo, o intervalo fez bem para os comandados de Pepe Bordalás. Entraram com outro ânimo e melhoraram bastante a pressão sem a bola, marcação muito bem trabalhada.

Foram duas chances desperdiçadas em seguida. Primeiro Hugo Duro num susto na pequena área em rebote do goleiro Bravo e logo depois Moriba após jogada fenomenal de Carlos Soler pelo lado direito. Betis melhorou conforme o Valencia diminuiu seu ritmo no ataque, mas virou um jogo de pura trocação, lá e cá toda hora e chance atrás de chance. O cansaço não deixou a desejar, todos deram o máximo de si, mas na prorrogação ficou mais evidente o desgaste.

Principais destaques das equipes

Gonçalo Guedes foi o principal jogador do Valencia. Criou as chances da equipe no último terço, passes em progressão, atacou o espaço e fez o último passe em praticamente todas as jogadas. Carlos Soler foi dominante pelo lado direito, atacando bastante as costas da defesa de Álex Moreno.

Fekir e Canales carregaram o ataque do Betis, todas as chances da equipe são criadas a partir de um passe diferente de um dos dois. Mas o melhor da partida foi Borja Garcia. O Panda se movimentou muito bem para sair da marcação dos zagueiros que defendiam a área muito bem, o desmarque do centroavante espanhol foi extremamente necessário para sua equipe conseguir finalizar no gol.

Guido Rodríguez e William Carvalho se destacaram pelo jogo sem a bola, conseguiram conter contra-ataques do Valencia, que estava mais inteiro no segundo tempo da prorrogação.

Título e Manuel Pellegrini

Manuel Pellegrini conquista o seu primeiro título em Espanha depois de conseguir uma semifinal de Champions e vice-campeão da liga com o Villarreal, quartas de final de Champions com Málaga. O chileno tem muita história na Espanha e por fim tem um título mais do que merecido.

Excelente trabalho de reconstrução dentro da equipe titular e elenco. Absurda recuperação de jogadores que estavam abaixo antes dele chegar, contratações pontuais e excelente articulação tática dentro do que as peças conseguem entregar dentro de campo. Leyenda del fútbol español.

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