7 DERBYS ALTERNATIVOS
Por @viniciusof LODZ DERBY (LKS Lodz vs. Widzew Lodz) Os protagonistas deste derby sequer são os maiores vencedores do futebol polonês. O último título conquistado por um deles foi em 1996 e hoje se encontram em divisões inferiores no país. Tudo isso para afirmar que não são os troféus que fazem do Łódź Derby o mais […]
Por @viniciusof
LODZ DERBY
(LKS Lodz vs. Widzew Lodz)
Os protagonistas deste derby sequer são os maiores vencedores do futebol polonês. O último título conquistado por um deles foi em 1996 e hoje se encontram em divisões inferiores no país. Tudo isso para afirmar que não são os troféus que fazem do Łódź Derby o mais acirrado da Polônia. O ŁKS Łódź, hoje na quarta divisão nacional, é considerado o clube da classe operária da região, que viveu seu auge quando a cidade ainda fazia parte do Império Russo, no começo do século passado. Sagrou-se campeão nacional em 1958 e 1998. Em 2013 declarou falência e foi rebaixado à quinta divisão. Por isso desde 2012 não enfrenta seu desafeto mortal: o Widzew Łódź. Fundado anos depois, em 1922, o Widzew é considerado o clube da elite na cidade. Já venceu quatro campeonatos nacionais, com destaque às dobradinhas de 1982 e 1983, quando praticava o futebol mais vistoso do país. Em 2008 o clube se envolveu em um escândalo de corrupção que o rebaixou para a segunda divisão. O antissemitismo e as diferenças político-ideológicas marcam este caloroso derby polonês.
TEHRAN DERBY
(Esteghal vs. Persepolis)
Imagine um clássico Gre-Nal de dimensões nacionais. Assim é o Tehran Derby, clássico que divide 20 milhões de iranianos entre vermelho e azul. “Nunca vi nada parecido. O Tehran Derby é absolutamente especial”, contou o treinador português Carlos Queiroz, que viveu o clima de tensão do confronto quando treinou a seleção iraniana, em 2011. O clássico é disputado entre os vermelhos do Persepolis e os azuis do Esteghlal. Devido ao clima tenso e as constantes confusões dentro e fora de campo, a confederação iraniana de futebol decidiu escalar uma equipe internacional de árbitros em todos os derbys. Em 2008 o duelo foi escolhido pela revista World Soccer como o principal confronto asiático e 22º mais acirrado do mundo.
A rivalidade iniciou no final dos anos 60, quando o Esteghlal, clube da elite nacional, era o Taj Soccer Club (na tradução, “Coroa Futebol Clube”) e o Persepolis havia herdado uma boa base de torcedores oriundos do Shahin, time popular da cidade que recém havia fechado as portas. Os anos se passaram, mas a representatividade do clássico não. No Irã o azul corresponde ao establishment monárquico, enquanto o vermelho ao operariado. Depois da revolução que derrubou a monarquia em 1979, o Taj passou a se chamar Esteghlal (“independência”, na tradução), porém nunca conseguiu se dissociar da imagem de clube elitizado. É um clássico político e social.
DERBY DELLA LANTERNA
(Genoa vs. Sampdoria)
Que nos desculpe o Olímpico de Roma em dias de Roma e Lazio ou o San Siro em dias de Milan e Inter, mas estádio nenhum pulsa tanto quanto o Luigi Ferraris quando Sampdoria e Genoa se encontram para o Derby della Lanterna. O nome deriva da Torre della Lanterna, um marco antigo e principal farol do porto de Gênova. O curioso no confronto é que ele ocorre entre o clube mais novo da primeira divisão e o mais antigo. Para por fim à hegemonia local do Genoa, o Ginnastica Sampierdarenese e o Società Ginnastica Andrea Doria se fundiram em 1946 para criar a Sampdoria. O Genoa foi fundado bem antes, em 1893. Por ser mais tradicional, seus torcedores se concentram no centro, enquanto os adversários ocupam as zonas periféricas da cidade de quase 600 mil habitantes. O Derby della Lanterna é até hoje o único a já ter sido disputado nas séries A e B e na Copa da Itália. Em 96 partidas foram 37 vitórias da Samp, 35 empates e 24 vitórias do Genoa.
STOCKHOLM DERBY
(AIK vs. Djurgarden)
O povo sueco é conhecido pela natureza reservada e educada. A capital Estocolmo exala tranquilidade, respeito e paz nas ruas decoradas por edificações exemplarmente preservadas. Contudo, o clima é diametralmente oposto quando AIK e Djurgarden se enfrentam. O pacifismo vai pro espaço e o que se sente na cidade é um clima de vigilância típico das praças onde o hooliganismo impera. AIK e Djurgarden foram fundados em 1891, separados por um mês. Ambos são originários da parte norte de Estocolmo, mas hoje estão distantes. O AIK tem sede em Solna, ao norte do centro, enquanto o Djurgarden está no distrito de Östermalm, na outra ponta. Isto criou uma rivalidade absolutamente geografica entre as equipes mais vencedoras do país. Cada uma venceu 11 títulos da liga nacional e por isso os encontros são tão acirrados e a rivalidade é considerada a maior da Escandinávia. De um lado os Blue Saints do Djurgarden e do outro e afamado exército negro do AIK, conhecido pela fumaça preta em dias de jogos.
DERBY TUNISOIS
(Club Africain vs. Espérance)
Em fevereiro 2009 os dirigentes de Club Africain e Espérance foram inflexíveis na decisão de convocar um árbitro de fora do país para apitar o maior clássico nacional. O temor era de que um juiz local pudesse sentir a pressão do confronto. Assim desembarcou em Tunis, capital da Tunísia, o árbitro norueguês Tom Henning. E de fato só alguém de muito longe não se deixaria influenciar pela tensão que envolve o jogo entre os clubes mais populares do país. O Espérance, fundado em 1919, representa originalmente as classes menos abastadas do país, enquanto o Club Africain, criado em 1920, a elite burguesa. O African foi se popularizar de fato apenas depois da independência tunisiana da França, em 1956. De lá pra cá os clubes duelam em estádios quase sempre repletos de torcedores. É raro assistir a um Derby Tunisois com menos de 55 mil pessoas. Para muitos, trata-se da maior rivalidade africana.
ROTTERDAM DERBY
(Feyernoord vs. Sparta Rotterdam)
Rotterdam é a única cidade holandesa a possuir três clubes profissionais. Amsterdam tem o Ajax e Eindhoven apenas PSV e FC Eindhoven. Por isso Rotterdam, cidade tipicamente operária e industrial, se orgulha de seus gigantes Feyenoord, do distrito de Feijenoord, ao sul; Excelsior, de Kralingen, ao leste; e Sparta, de Spangen, no lado oeste. O Sparta é o clube de futebol mais antigo do país, fundado em 1888, quando o esporte ainda era privilégio da elite. Por isso, Feyenoord e Excelsior, fundados respectivamente em 1908 e 1902, são considerados representantes da classe operária. Com os rebaixamentos do Excelsior e consequente desaparecimento do cenário nacional, os dois clubes passaram a fazer parcerias, acirrando uma rivalidade com o Sparta. Na cidade se diz que Rotterdam “faz” o dinheiro, Haia divide e Amsterdã o desperdiça. Na temporada 2016/17, depois de muitos anos, os três clubes voltaram a se encontrar na elite nacional. A cidade mais operária do país orgulha-se dos seus confrontos.
MOSTAR DERBY
(HŠK Zrinjski vs. FK Velež)
As equipes mais antigas da Bósnia e Herzegovina protagonizam uma das rivalidades mais quentes do futebol mundial. Zrinjski Mostar, fundado em 1905, e o Velež Mostar, fundado em 1922, têm uma relação de ódio de dar inveja a qualquer barra-brava argentino. O Zrinjski era um clube bem sucedido na primeira metade do século passado, até ser banido do futebol pelas autoridades comunistas-iugoslavas por competir na Liga Croata durante a Segunda Guerra Mundial. Sua sede e seus registros foram destruídos, bem como de outras equipes. Enquanto isso, o Velež vivera seus melhores momentos justamente durante o regime comunista. Após a independência da Bósnia e Herzegovina o Zrinjski foi retabelecido. Pouco tempo depois estourou uma guerra no município de Mostar, responsável por dividir a cidade entre os croatas, do lado oeste, e os bósnios, do leste. O Velež ostenta uma auto-exclipativa estrela vermelha como símbolo, enquanto Zrinjski um brasão em azul, vermelho e branco, tal qual a bandeira croata. Trata-se de um conflito entre nações representado pelo futebol.
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