A final da intensidade no Campeonato Paulista
Palmeiras e São Paulo são as duas melhores campanhas do Campeonato Paulista e são muitos intensos. A grande final promete.
Os donos das duas melhores campanhas do Campeonato Paulista se encontram na final do estadual, em um reedição da decisão do ano passado. Com a melhor defesa da história de 120 anos da competição (0.28 gol sofrido por jogo), o Palmeiras decidirá em casa no próximo domingo (3) e terá de parar o ataque do São Paulo, o melhor do torneio, com 24 gols marcados. Além de um duelo ferrenho por espaço, o confronto é uma oportunidade para refletirmos sobre o futebol de 2022.
O Palmeiras de Abel Ferreira vive seu melhor momento em termos de jogo coletivo. Após um ano e meio de trabalho, os atletas realizam suas ações automaticamente, afinal, receberam os estímulos corretos durante tempo suficiente para que os comportamentos desejados em todas as fases do jogo estejam enraizados, facilitando a tomada de decisão. Entre as principais qualidades coletivas da equipe, estão a pressão intensa durante a fase defensiva e a velocidade com que o Verdão chega na área adversária, tanto em organização ofensiva como em transição.
Por sua vez, o São Paulo revezou o time e naturalmente alguns destaques foram surgindo, como Pablo Maia, Rodrigo Nestor, Gabriel Sara e Diego Costa, enquanto atletas de mais nome como Nikão, Patrick e Miranda, sem as melhores condições físicas, não têm o espaço imaginado no início do ano. O Tricolor também vem se destacando pelo jogo veloz e, principalmente, pela capacidade de sufocar o adversário e recuperar a bola rapidamente.
O Choque-Rei disputado na primeira fase do campeonato, no dia 10 de março, há menos de três semanas, nos dá algumas pistas do que podem fazer as equipes. Os primeiros minutos foram dominados pelo Palmeiras, que ocupou o campo de ataque, colocando muitos jogadores próximos para pressionar no momento de perda da bola e abrindo o campo com dois jogadores colados na linha lateral. Marcando no seu tradicional 4-4-2, com Nestor acompanhando Danilo, o São Paulo teve dificuldades de lidar com os lados do campo e preencher a própria área no momento defensivo.
Após o gol de Rony, aos 10 minutos, o Tricolor assumiu a postura agressiva e passou a marcar no campo de ataque. Calleri e Eder, apesar de não serem jovens como o resto do time, são importantes ao fechar as linhas de passes por dentro dos zagueiros rivais, induzindo o adversário a jogar por fora. Quando a bola chegava nos flancos, era criada uma forte zona de pressão. Além disso, a reação pós-perda foi excelente e os meio-campistas rivais foram impedidos de jogar pelos encaixes individuais da equipe do Morumbi.
Entretanto, a parte defensiva do Palmeiras funcionou muito bem, com os volantes protegendo a entrada da área e os defensores saindo para caçar individualmente os atacantes rivais. Essa forma foi a encontrada para o São Paulo não ter superioridade numérica contra a defesa alviverde. No Tricolor, os pontas vão para dentro, o 2° volante se aproxima da área e eles se somam ao dois atacantes, totalizando cinco jogadores na intermediária ofensiva.
Em geral, são dois times bastante organizados para todas as fases do jogo. A promessa é de uma final de pura intensidade e uma disputa sem fim para pressionar e sair da pressão. São equipes que mordem o tempo todo, sabem defender em diferentes alturas e induzir o adversário para a área do campo onde se pretende roubar a bola, além de saberem se adaptar ao rival e individualizar a marcação nos destaques do oponente se necessário.
O Palmeiras demonstra ter mais soluções ofensivas para criar espaços contra a defesa tricolor, porém sofreu muito contra a marcação alta do time de Ceni na primeira fase. Por outro lado, soube neutralizar as armas ofensivas do rival, tem melhor elenco e está habituado a decisões. De qualquer forma, a promessa é de uma das melhores finais de Campeonato Paulista do século com duas equipes que jogam o futebol de 2022: combatividade, vigor e verticalidade.
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