A punição que trouxe alento para o Chelsea

Sem poder contratar, Chelsea vê o crescimento de jovens que podem ser o futuro do clube

Quando a Fifa anunciou no ano passado a suspensão de contratações para o Chelsea no período de um ano, muitos torcedores ficaram de cabelo em pé. Segundo a entidade mor do futebol, a equipe londrina foi flagrada em pelo menos 29 violações das normas do Fair Play financeiro. Mais tarde, foram descobertas 150 violações envolvendo 71 jogadores. Uma farra.

Posteriormente, os Blues conseguiram abrandar a punição de um ano para seis meses, podendo contratar jogadores em janeiro (algo que não fez). O motivo? O sucesso dos jovens oriundos da academia.

Até o presente momento, Frank Lampard promoveu o debute de oito atletas da base do Chelsea: Tino Anjorin, Marc Guehi, Reece James, Tariq Lamptey, Mason Mount, Ian Maatsen, Billy Gilmour e Armando Broja. Além disso, o atual manager dos Blues deu regularidade a Callum Hudson-Odoi, Fikayo Tomori e Tammy Abraham. Ruben Loftus-Cheek, que teve boa temporada em 2018/19, está à beira do retorno aos gramados após uma lesão que o afastou por 10 meses. Ao todo, são 12 jogadores cuja relação é direta com a academia do clube londrino.

Obviamente que a punição teve um papel fundamental na utilização desses garotos, pois o Chelsea sempre teve essa marca de esbanjar dinheiro nas janelas de transferências. Todavia, grande parte dos meninos do Lampard já eram estrelas nas competições de base. Todos esses oito jogadores que já participaram da Youth League em algum momento. Dos ingleses, todos participaram de competições internacionais (Euro Sub-19, Euro Sub-21 e Torneio de Toulon).

Ian Maatsen é figurinha carimbada nas divisões de base da Holanda, tendo, inclusive, participado do último Mundial Sub-17 no Brasil. De todos esses nomes apenas Armando Broja, que é albanês, ainda não tem experiência em alto nível.

A temporada dos jovens Blues começou gritante com o desempenho de Mason Mount, que Lampard já conhecia de outros carnavais. O meia-esquerda de 21 anos foi importante na primeira temporada do King Frank no Derby County, que por muito pouco não conseguiu o acesso da Championship. Anteriormente, em 2017, Mount colecionou boas atuações quando titular do Vitesse, clube que mantém parceria de longa data com o Chelsea.

Segundo Lampard, a Championship serviu para moldar Mount como um jogador de verdade. Foto: PA

E falando em empréstimo, Tammy Abraham, que hoje é uma constante nas escalações de Lampard, foi repassado três vezes pelo Chelsea: Bristol City em 2016/17, Swansea 2017/18 e Aston Villa 2018/19. Foram 60 gols somados nesses três empréstimos (a maior parte, claro, pela Championship). Isso sem contar os vários gols pela seleção inglesa Sub-20, onde era estrela da companhia. Esses números seriam mais do que suficientes para outra equipe apostar no jogador, mas devido à abordagem dos Blues, Abraham não passava nem perto da consideração antes da punição.

A mais nova sensação da academia londrina é Billy Gilmour, que estreou como titular contra o Liverpool, na FA Cup, onde teve atuação destacada. Na goleada do Chelsea contra o Everton, por 4×0, o jovem escocês tornou a chamar a atenção com sua qualidade técnica e fôlego invejável para cobrir todas as áreas do meio-campo. Curiosamente, Gilmour é um dos casos que ocasionou na punição ao clube londrino, que o tirou do Rangers quando o mesmo ainda estava na equipe Sub-16. O clube escocês, na época, alegou assédio do Chelsea.

A avidez em rechear o elenco, seja ele com grandes cifras na equipe profissional ou na academia, poderia ter levado o clube a ruina. Antes de Gilmour, por exemplo, o Chelsea entrara em rota de colisão com o Ajax por Daishawn Redan, que era a grande joia da base da equipe holandesa, mas que trocou o clube pelos ingleses. Hoje, Redan foi vendido ao Hertha Berlin por falta de oportunidades.

Bertrand Traore, hoje no Lyon, e Gael Kakuta, hoje no Amiens, são outros exemplos de como o time era faminto por jogadores na base e que fazem parte do relatório de irregularidades nas abordagens de negociação. Recentemente, o Lyon chegou a notificar o clube a FIFA por “cortejar” Rayan Cherki, um dos maiores prospectos da categoria.

Vários jogadores e vários empréstimos no Chelsea

São tantas contratações que falta espaço no clube. Hoje, o Chelsea tem quase 30 jogadores emprestados ao redor do mundo, sendo jogadores da equipe principal e jogadores da equipe Sub-23 (ou reserva, se preferir).

Um dos casos mais curiosos é de Lucas Piazon, atacante brasileiro de 26 anos, que já foi emprestado para SETE clubes diferentes desde que assinou pelo Chelsea, em 2011. Piazon, na época, era constantemente convocado para as seleções de base e sua transferência do São Paulo para o clube londrino chegou a gerar suspeitas. Kennedy e Nathan, ambos brasileiros, ainda possuem contrato com os Blues.

Lucas Piazon atuou mais pelo time reserva do Chelsea do que pela equipe principal. Foto: AFP

Charly Musonda, que já chegou a ser comparado a Andrés Iniesta, também coleciona empréstimos, sendo duas vezes para o Vitesse, clube parceiro do Chelsea na Holanda. Infelizmente, Musonda sofre muito com lesões e hoje se tem dúvidas quanto ao seu futuro como atleta.

Há também o caso de jogadores que ficaram irritados de tanto serem emprestados que requisitaram transferência. Nathan Aké é um desses. Hoje, o defensor holandês representa as cores do Bournemouth, mas ele chegou ao Chelsea como grande promessa do Feyenoord. No entanto, a mudança de ares foi muito importante para a carreira de Aké, que hoje faz parte do elenco principal da seleção holandesa. Um dos principais nomes da academia do clube, e que hoje está emprestado, é o de Ethan Ampadu. O defensor foi repassado para o RB Leipzig no começo da temporada para ter mais rodagem, mas uma lesão acabou limitando o período do jogador. Marc Guehi, que chegou a ser utilizado por Lampard, foi emprestado ao Swansea.

E os próximos?

Thierno Ballo, meia-atacante e extrema-direita de 18 anos, e Jamie Cummings, goleiro de 20 anos, poderiam ser considerados por Frank Lampard num futuro próximo.

Ballo é austríaco, participou do Europeu Sub-17, em 2019, e foi o principal jogador dos Blues na Youth League desta temporada. Apesar do decepcionante desempenho da equipe, Ballo se destacou pela rapidez de raciocínio, condução de bola e finalização.

Cummings participou de todas as categorias de base do Chelsea, tendo chegado à equipe em 2014. O jovem goleiro também já figurou nas divisões de base da Inglaterra e participou da Euro Sub-19 em 2018. Cummings não é tão alto para os padrões atuais, medindo apenas 1,86m. Entretanto, o garoto chama a atenção pelos reflexos apurados e a boa saída de bola. Com essa incerteza nos goleiros da equipe principal, quem sabe não sobra para o Cummings?

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