A RIGIDEZ ATUAL DA UEFA EM SEUS CURSOS DE TREINADOR
Por Marcelo Silva A matrícula já estava feita, inclusive paga (250 euros). Não me lembro ao certo como fiquei sabendo do Instituto del Deporte Español (IDE), uma das instituições que oferecem cursos na área esportiva, incluindo os de treinador. Na Espanha, até a temporada passada, os cursos oferecidos equivalentes à UEFA B eram chamados de […]
Por Marcelo Silva
A matrícula já estava feita, inclusive paga (250 euros). Não me lembro ao certo como fiquei sabendo do Instituto del Deporte Español (IDE), uma das instituições que oferecem cursos na área esportiva, incluindo os de treinador. Na Espanha, até a temporada passada, os cursos oferecidos equivalentes à UEFA B eram chamados de Nível 1 – Básico. O Nível 2, chamado de Avançado, equivalia à UEFA A. E a palavra “equivalência” é o xis da questão.
Até o ano passado (leia-se temporada, pois segue o calendário do futebol), para obter um diploma de UEFA B o aluno candidato tinha que realizar as horas práticas em algum clube para validar o curso e aí sim ter direito ao certificado e carteirinha do órgão máximo do futebol europeu. Só que isso mudou, e apenas para UEFA B, justamente o curso em que eu estava matriculado na cidade de Fuenlabrada, na Grande Madrid.
Primeiro, recebi a notícia que a parte prática não seria mais separada, e, que ao final do curso, o aluno já sairia com o diploma do curso, agora chamado apenas de UEFA Básico (UEFA B), claro se atingido as notas mínimas nas provas teóricas e práticas e ter presença mínima nas aulas. A má notícia veio duas semanas antes do início do curso, que mudou de data para iniciar junto ao curso de UEFA A – um dos alunos será um dos irmãos do Koke, meia do Atlético de Madrid e da seleção espanhola, por exemplo.
Além de todos os documentos previamente pedidos e entregues, como currículo e comprovante de moradia na Espanha, a UEFA agora determina que o candidato ao diploma da licença B deve comprovar, através de um contrato de trabalho, que tem emprego no país onde o curso está sendo realizado — pelo menos isso está acontecendo em Madrid, e pelo que apurei em outras províncias da Espanha da mesma forma; ou seja, esse é um tópico ainda complexo, que envolvem muitas coisas, como acontece no Brasil.
Infelizmente, o meu contrato no clube onde sou auxiliar de uma das equipes de base é de “ajudante”, sem vínculo empregatício, e, portanto, não pude enviar tal documento para a federação madrilenha, que enviaria para a Real Federação Espanhola e posteriormente à UEFA.
A explicação é simples, e justa: os cursos de treinador aqui na Espanha são uns dos mais baratos da Europa (em média, 900 euros para UEFA B e 1.000 para fazer UEFA A), e com isso várias pessoas, não necessariamente ainda treinadores, vinham para cá sabendo disso, e também sabendo que as instituições davam cartas convite para que o aluno tirasse o visto de estudante espanhol. “Bastava” residir no país nesse período — cerca de 8 meses —, realizar as práticas depois e sair com o diploma, provavelmente retornando para o seu país de origem.
Digamos que eu paguei o pato, por estar matriculado logo na temporada em que a UEFA, ao meu ver acertadamente, muda um de seus pré-requisitos. Isso significa rigidez, seriedade, profissionalismo. Mesmo que afete os menos “culpados”.
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