Agressivo, pressionante e veloz: o América-MG de Vagner Mancini
Em 10° lugar no Brasileirão, o América-MG vai se recuperando no campeonato, retomando o desempenho e sobrevivendo ao calendário.
O América-MG parece estar encontrando o equilíbrio e chegando com fôlego na reta final de uma maratona. Pela primeira vez disputando uma competição internacional, o Coelho lidou com um desgaste imenso no início de ano por participar da Libertadores desde as fases preliminares. Apesar do caminho acidentado, a equipe avança de maneira positiva, com três vitórias seguidas na Série A, onde é o 10° colocado com 27 pontos e pode atingir a semifinal da Copa do Brasil se vencer o São Paulo por dois gols de diferença na próxima semana.
A verdade é que o América-MG esteve competitivo em boa parte do ano, apesar das dificuldades. Depois de perder Ademir, seu principal jogador, o time mineiro viu alguns reforços como Wellington Paulista, Aloísio e Matheusinho sofrerem com problemas físicos. Além disso, apostas como Everaldo e Pedrinho chegaram em baixa e precisavam de tempo para crescer. Coletivamente, o desgaste e os desfalques eram obstáculos grandes.
Em nome da Libertadores, Campeonato Mineiro e o início de Brasileirão ficaram comprometidos. O Coelho conseguiu classificações históricas contra Guaraní-PAR e Barcelona de Guayaquil-EQU, ambas fora de casa, nas preliminares da principal competição do continente. Na fase de grupos, teve bons desempenhos e perdeu pontos por inexperiência e pouco poder de decisão: jogou para conseguir resultados melhores contra Independiente Del Valle e Tolima. Quem pagou o preço foi o técnico Marquinhos Santos, demitido há quatro meses.
Para o seu lugar, chegou Vagner Mancini, de volta ao clube cinco meses depois de sair para o Grêmio. Em 2021, o América-MG atingiu ótimo desempenho sob o comando do treinador e também não sofreu alterações bruscas no período com Marquinhos. Assim sendo, Mancini precisou reforçar o que já era feito e trabalhar o mental dos atletas para lidar com oscilações ao invés realizar grandes mudanças. Consequentemente, o time joga de maneira clara e automática.
A marcação por encaixes individuais no campo do adversário é uma das marcas registradas dessa equipe e causa bastante desconforto aos oponentes. Com um meio-campo bastante enérgico, é possível submeter o rival a uma grande pressão. Com bola, um jogo posicional muito direto e veloz. Saindo por baixo ou com ligações mais longas, o objetivo é colocar os pontas no mano a mano e lotar a área para conseguir uma finalização após um cruzamento. A saída de bola é feita com os dois zagueiros, um volante e um lateral (normalmente Danilo Avelar pela esquerda) um pouco mais baixos. Os demais se mandam e se posicionam contra a última linha defensiva do outro time.
A partir disso, são feitas tabelas pelos lados e inversões de jogo. Usualmente, a ideia é trabalhar a bola mais pela esquerda e atrair marcadores para Everaldo receber uma virada de jogo com liberdade na direita. No modelo de jogo do América-MG, os meio-campistas são responsáveis por inverter o lado das jogadas ou tabelar com os laterais. A equipe tem um alto volume de jogo e cria bastante, mas também gosta de recuar o bloco e aproveitar contragolpes com os pontas quando está em vantagem no placar.
Existe margem para evoluir, tendo em vista que Wellington Paulista, Matheusinho, Benítez, Felipe Azevedo e outros ainda podem ganhar mais ritmo de jogo. No que se diz respeito aos comportamentos coletivos, é um time bastante exposto quando ataca, pois opta por ter muitos jogadores à frente da linha da bola fazendo movimentos de infiltração na área, contra a defesa rival. É um risco calculado, pois a ideia é justamente atacar com muita gente. Para atenuar essa fragilidade, o lateral do lado oposto costuma se posicionar mais por dentro e próximo a zaga para fortalecer o balanço defensivo. Uma solução pode ser aumentar o acerto de passes e perder menos a posse, algo que só o tempo trará.
Pressionante, veloz e exposto, o Coelho caminha para garantir a permanência na primeira divisão por mais um ano e para uma nova experiência internacional, dessa vez na Sul-Americana. Bom trabalho de Mancini!
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