AS PRIMEIRAS IDEIAS DE LESTON JÚNIOR
Por Jonatan Cavalcante Sabe-se que nem sempre a primeira fotografia de uma equipe será idêntica à última. Entretanto, não se pode desprezar o que foi observado nas primeiras 7 partidas do Santa Cruz sob o comando do técnico Leston Júnior. Diante de adversários de diferentes graus de dificuldade: alta (Bahia), moderada (Botafogo-PB e ABC) e fácil (América-PE, […]
Sabe-se que nem sempre a primeira fotografia de uma equipe será idêntica à última. Entretanto, não se pode desprezar o que foi observado nas primeiras 7 partidas do Santa Cruz sob o comando do técnico Leston Júnior. Diante de adversários de diferentes graus de dificuldade: alta (Bahia), moderada (Botafogo-PB e ABC) e fácil (América-PE, Afogados-PE, Flamengo-PE e Petrolina-PE), foi possível visualizar algumas ideias e princípios nos momentos defensivo, ofensivo, transições (defensiva e ofensiva) e bolas paradas (defensivas e ofensivas).
O Footure imergiu no trabalho do novo técnico do Santa Cruz, Leston Júnior, para entender e explicar a concepção de jogo, plataforma, planificação e estratégia.
PLATAFORMA E PLANIFICAÇÃO
A principal plataforma utilizada por Leston até o momento é o 4-2-3-1, pois acomoda e atende suas convicções de jogar com dois volantes. Além disso, é levado em conta as características individuais de cada jogador e como eles interagem entre si. Por isso, o técnico Coral, optou por planificar uma equipe com dois zagueiros que gostam de ganhar metros ao conduzir a bola em direção ao campo do adversário, bons nos duelos aéreos e que estão sendo estimulados a realizar passes longo na diagonal. Nas laterais, Marcos Martins se destacando por ser um lateral equilibrado, que possui boa leitura de espaço e ótimo passe longo. No lado esquerdo, Raphael Soares ainda em processo de maturação tem oscilado bastante. Entretanto, apresenta boa condução e ataque ao espaço. Os volantes, um possui funções primarias à contenção e à proteção da entrada da área e, o outro, sendo incumbido de qualificar a saída de bola, oferecer apoios e infiltrar na área para finalizar. Na região ocupada pelos jogadores que estão atrás do centroavante, opta por dois jogadores nos corredores laterais de boa resistência física para atacar e defender, velocidade, 1×1, ataque curto à profundidade em diagonal, poder de finalização (Elias) e um pouco mais armador (Jô). Centralizado tem atuado o Allan Dias, que tem boa sustentação (pivô), passe curto, busca o jogo na base e entre as linhas dos rivais. Além disso, tem como principal função flutuar e se aproximar para gerar apoios. No comando de ataque, um pivô clássico que buscar reter, dar prosseguimento a jogada e saí da área para abrir espaços para a infiltração dos jogadores que vêm de trás. Além da plataforma convencional utilizada por Leston Júnior, o Santa Cruz tem apresentado algumas variações: 4-3-3 e 3-4-3 (Organização Ofensiva) e 4-4-2 (Organização Defensiva).
TEMPORIZAÇÃO, REORGANIZAÇÃO E PRESSÃO
Ao perder a bola os comportamentos são claros: temporização e reorganização. Com pouco tempo para treinar e inserir movimentos e comportamentos mais complexos, Leston juntamente com a comissão técnica resolveram “simplificar” a transição defensiva da equipe. Ao perder a posse de bola, o indivíduo, grupo ou setor procura temporizar o avanço do adversário, enquanto o restante da equipe busca se reagrupar, proteger as zonas centrais e retornar a posição planejada. Já em organização defensiva, o Santa Cruz se posta no 4-4-2, alternando com mais frequência entre blocos médio e baixo, utilizando-se da marcação por zona pressionante – na qual a principal referência é o espaço, mas que também se orienta de acordo com os movimentos do jogador e da bola. No vídeo abaixo, é possível notar os mecanismos de flutuação das linhas defensivas à medida que o adversário troca passes, o fechamento de linhas de passes próximas e a pressão no jogador no momento em que ele entra em determinado setor.
ATAQUE DIRETO E SUPERIORIDADE NA ÁREA
Tendo a posse de bola (organização ofensiva), a ideia inicial de Leston Júnior é realizar uma saída de 3 com Charles afundando entre os zagueiros, gerando superioridade numérica (pois os adversários geralmente marcam com 2 atacantes) laterais em amplitude média e meias-extermos por dentro. A outra forma, se dá por uma saída sustentada pautada no 4-2 ou 4-1 com a primeira linha de defesa completa mais Charles e Diego Lorenzi ou existindo uma alternância entre eles no papel do “1” e, com meias-extremos na amplitude. Os passes curtos têm como destino o setor de Marcos Martins. O lateral direito, possui boa assertividade nos passes longos. Por isso, é o principal jogador na construção ofensiva da equipe ao realizar lançamentos no corredor aproveitando a amplitude dos meias-extremos ou em direção ao pivô, seguido de ultrapassagens e chegada à linha de fundo para efetuar o cruzamento com a área bem preenchida. Outra alternativa utilizada pelos jogadores, é induzir a equipe adversária a realizar o balanço para o lado esquerdo e com um passe longo em diagonal de Danny Morais encontrar Marcos Martins em condições favoráveis para conduzir e realizar o cruzamento. Além disso, é possível observar no vídeo a seguir o comportamento do lateral oposto fechando no meio para conter um possível contra-ataque.
Quando a equipe adversária adianta a marcação e fecha as linhas de passes próximas ao goleiro Ricardo Ernesto, a equipe inicia o plano B. Essa alternativa tem por finalidade buscar um passe longo direcionado no pivô, sucedido de apoios e geração de profundidade de um dos pontas (geralmente Elias). Dessa forma, a equipe procura ganhar a disputa pela 1º e 2º bola e encaixar um ataque rápido após uma escorada do pivô. Ou reaver a posse e tentar construir um ataque direto com a influência de Marcos Martins chegando ao fundo e com a área preenchida. Confira na animação abaixo.
Na transição ofensiva, o Santa Cruz ao retomar a posse de bola busca romper as linhas adversárias com passes verticais ou progressão em velocidade em direção a área e ao chegar no último terço ocorre a troca de corredor apenas para a finalização.
BOLA PARADA
A bola parada defensiva também é alvo de atenção do técnico Leston Júnior. Tanto nas cobranças de escanteio (abertas ou fechadas) e faltas laterais, são encontrados padrões referentes a forma de se portar. Nos escanteios, a equipe do Tricolor defende com os 8 jogadores de linha dentro da área em uma estrutura de marcação mista, na qual há equilíbrio entre a marcação por zona e individual, com dois no rebote. Vale ressaltar também a influência que o adversário exerce na distribuição dos jogadores. Por exemplo, quando o adversário coloca um jogador próximo ao cobrador o Santa Cruz responde enviando 1 jogador (11) para marcar a bola (para forçar uma cobrança mais aberta) ou cobrança curta, outro esperando o rebote ou cobrança curta (7), 4 jogadores marcando por zona (9,4,3 e 10) e outros 4 marcando de forma individual (8,5,6 e 2). Nas faltas laterais, o Santa Cruz tem procurado se posicionar na linha de grande área ou em frente à grande área. Com este comportamento, a equipe tira a profundidade do adversário e dá mais campo livre para o goleiro se deslocar e tentar intervir. Nas animações abaixo é possível identificar algumas variações nas cobranças de escanteio e de faltas.
Entre os conceitos aplicados nos treinamentos e a geração de comportamentos, ainda existem pequenos ajustes a serem realizados na fase de execução. Principalmente na sincronização de movimentos de cobertura defensiva. Com uma equipe organizada e potencializando Elias como fator desequilibrante seja pelos lados ou por dentro, Leston Júnior almeja recuperar a hegemonia na Região e conquistar o acesso à Série B do campeonato brasileiro.
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