Início de Luís Castro no Botafogo merece a euforia da torcida
Com muitos jogadores recém-chegados e pouco tempo para treinar, Luís Castro dá uma cara ao Botafogo e aumenta o ambiente de euforia no clube.
Sob nova administração, novo comando técnico e de elenco renovado, o Botafogo vive um momento de total euforia. Se a compra do clube por John Textor já deixou os botafoguenses empolgados, os bons resultados no início do Brasileirão representam a certeza de que o período de vacas magras e lutas contra o rebaixamento ficará no passado. Com estádio sempre lotado e 11 pontos de 18 disputados, o Fogão é o quarto colocado na tabela e já venceu adversários importantes como Fortaleza, Ceará, além de quebrar um tabu de oito jogos sem bater o Flamengo.
Com um elenco bastante reformulado e reforçado, Luís Castro conseguiu dar uma cara para o time, mesmo recebendo novos jogadores a cada rodada, treinando pouco e tendo que entrosar muita gente ao mesmo tempo. O Botafogo sabe como atacar e defender, ainda que os movimentos não ocorram com naturalidade e o trabalho esteja em fase inicial. A estrutura tática e as intenções da equipe permanecem as mesmas, independentemente de quem jogar.
Para atacar, Castro implementa uma saída de bola com três jogadores (zagueiros + lateral-esquerdo), abre o lateral-direito e o ponta esquerdo para aproveitar toda a largura do campo e concentra os meio-campistas por dentro. A ideia é iniciar as jogadas de maneira segura, colocar os atletas de maior velocidade pelos lados e aproximar quem tem maior capacidade de passe. Basicamente, o treinador português quer ter opções para progredir por todos os corredores.
No que diz respeito à distribuição dos atletas de beirada e de defesa, a ocupação de espaços está correta e facilita dois tipos de criação no Botafogo: a bola longa para Erison dominar de costas, arrastar os zagueiros e criar uma finalização; além de inversões de jogo e triangulações pelas laterais. Contudo, pelo meio, onde há menos espaço, o jogo do Glorioso não flui tanto e dificulta a construção como um todo.
Com o calendário cheio e o pouco tempo de trabalho, os jogadores ainda não puderam compreender todos os comportamentos desejados por Luís Castro em fase ofensiva. Apesar de flutuarem muito na região central e alternarem posições, os meio-campistas não conseguem gerar tantos espaços. São necessários mais movimentos de infiltração, passar mais da linha da bola para atrair defensores e encontrar espaços vazios no campo, de preferência do lado cego do marcador. Por enquanto, os meias botafoguenses se encavalam demais no meio. Uma melhor ocupação do campo é vital para uma circulação mais veloz da bola e a liberação de opções de passes mais agudos, na ponta e por dentro.
Na hora de defender, o time de General Severiano tenta pressionar, muito. A ideia é morder o portador da bola o tempo todo, enquanto as linhas sobem e a marcação encaixa nos adversários mais próximos da jogada. Ou seja, encurtar o campo, forçar o adversário a tomar uma decisão rápida e com pouco espaço (forçar o erro) e ter jogadores próximo no momento da recuperação da posse. Claro, há um certo descompasso nesse movimento, afinal ele precisa ser sincronizado. A última linha tem que ler o movimento da linha de frente e vice-versa, o meio deve identificar os rivais mais perto da bola e cada jogador tem que saber se é o momento dele ou do companheiro pressionar o dono da pelota.
Percebe-se a falta de naturalidade e regularidade nos movimentos do time em campo. Luís Castro não só busca a consolidação do modelo de jogo, como trabalha pela afirmação individual de muitos atletas. Na zaga, por exemplo, Cuesta deve ser absoluto e Kanu é titular há muito tempo. Contudo, Philipe Sampaio vinha bem até lesionar e Carli é um ídolo do clube. A lateral esquerda, talvez o maior dos enigmas, tem um Daniel Borges improvisado, um Hugo que não passa segurança ao treinador e Niko Hämäläinen, um finlandês recém-chegado.
No meio, Oyama, Tchê Tchê, Patrick de Paula, Lucas Fernandes, Chay, Lucas Piazon e Gustavo Sauer brigam por três ou quatro vagas, a depender da formação. No ataque, Victor Sá é titular junto com Erison e Diego Gonçalves tenta tirar a vaga de um meia. Os mais garantidos, atualmente, são Gatito no gol, Saravia na direita e Erison de centroavante.
Aproximadamente 16% do Brasileirão já foi disputado e o Botafogo já conquistou 24% dos pontos necessários para permanecer na Série A, objetivo do clube no ano segundo Textor. A boa arrancada do campeonato e o início vencedor de Luís Castro indicam que a meta será batida e dão a tranquilidade necessária para o desenvolvimento do trabalho. Os princípios de jogo já estão na equipe, o desafio agora é executá-los bem e com consistência.
Foto em destaque: Vítor Silva/Botafogo
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