Como joga o "Time B" do Flamengo?
Dorival Jr. está mesclando entre usar time titular e reserva na Libertadores/Copa do Brasil e Brasileirão, respectivamente; apesar disso a "Equipe B" tem uma forma diferente da principal de atuar
O Flamengo tem o elenco mais badalado do continente e, por isso, se dá ao luxo de ter duas boas escalações: uma para as Copas, outra para o Brasileirão. Após uma sequência de vitórias no campeonto nacional, o Rubro-Negro poderia ter encostado no líder Palmeiras, porém perdeu pontos recentemente e o técnico Dorival Jr não abriu mão de poupar a maioria de suas estrelas em tropeços contra Ceará e Goiás, gerando críticas da torcida e da imprensa. Atualmente, o time carioca ocupa a terceira posição com 45 pontos, nove atrás do 1° colocado. Afinal, como joga o “Time B” do Mengão?
Algumas ideias não mudam em relação à escalação principal. No entanto, até pela característica dos jogadores, outras mecânicas são alteradas. Começando pelo princípio das jogadas, vemos uma saída com três jogadores, sendo os dois zagueiros e o primeiro volante (Diego ou Pulgar), especialmente quando a equipe adversária não pressiona lá em cima – nesse casos, é feita uma saída sustentada pelos quatro defensores e o volante à frente. Essa configuração com três atletas libera os alas e facilita a formação de triângulos entre ponta, meia e lateral no lados do campo.
O jogo do “Time B” do Flamengo é mais posicional e mais exterior que o da equipe titular. A escalação do Brasileirão tem laterais fortes no apoio, Marinho e Everton Cebolinha na ponta, sempre acionados por Diego e Victor Hugo, meias que gostam de inverter o jogo e acionar os flancos, mais do que conduzir pelo centro. Por sua vez, o time das copas tem atletas como Arrascaeta e Everton Ribeiro, especialistas em encontrar espaços por dentro, criando linhas de passe a todo momento, além de terem uma qualidade imensa para jogar em zonas mais congestionadas. Eles precisam de muita liberdade de movimentação. A presença de Pedro também faz muita diferença por ser opção de pivô e de jogo aéreo.
Desde que passou a ser utilizada com frequência, a escalação alternativa acumulou seis vitórias, três empates e uma derrota, há mais de dois meses, contra o Corinthians. O time é competitivo e possui atletas que seriam titulares na maior parte dos clubes do país. Como dito acima, pela característica dos jogadores, é natural que jogue pelas laterais e seja mais posicional. Contudo, a equipe precisa evoluir no terço final do campo, perto da área, e criar espaços para finalizações, porque tem tido poucas soluções contra adversários fechados nos últimos jogos.
Para se ter uma ideia, o Flamengo marcou três gols nas últimas três partidas pelo Brasileirão: dois em bola parada e um em jogo aéreo, quando Pedro já estava em campo. Para melhorar na criação de espaços na zona de finalização das jogadas, Dorival precisa resolver o comando do ataque, em aberto após a saída de Lázaro. Pedro e Gabigol jogarão mais vezes? Jogará sem centroavante, como contra o Goiás? Mateusão será efetivado no profissional? Seja qual for a solução, é fato que o time precisa de mais movimentos de facão contra as zagas adversárias, para arrastar marcadores e tirá-los do lugar e conseguir jogar mais por dentro, encontrar mais passes nas costas do volantes oponentes, para atrair a atenção dos defensores por ali e aumentar a imprevisibilidade da equipe.
Defensivamente, é um time que sofre poucos gols e pressiona bem com encaixes individuais e sufoca o setor da bola. Entretanto, por marcar em 4-3-3, acaba deixando o meio-campo mais esvaziado e exige uma capacidade física muito grande dos atletas daquela região, obrigando-os a balançar muito rápido de um lado para o outro e cobrir uma área extensa do gramado. Com João Gomes e Thiago Maia, isso é muito mais fácil do que com Diego e Victor Hugo, por isso o Flamengo cede alguns espaços por ali. A defesa da área é muito positiva, com a linha de quatro sempre bem postada e impedindo finalizações.
O time B do Flamengo não possui os craques do time A e não joga junto há tanto tempo, afinal é composto por jogadores recém-chegados ou recém-promovidos da base. Ainda assim, vence a maior parte dos seus jogos e é melhor que boa parte dos adversários. Mas, obviamente, precisa de tempo e treinamento para corrigir os problemas.
Comente!