COMO KLOPP PAROU GUARDIOLA EM 30 MINUTOS
Por André Andrade (@PepGenius) Um dos jogos mais esperados da Liga dos Campeões. Frente a frente dois dos times mais cativantes da Inglaterra e do mundo, craques alucinantes dos dois lados (Salah, De Bruyne, Firmino, Gabriel Jesus e cia), e por último mas não menos importante: o duelo Klopp vs Guardiola. Confronto entre dois técnicos apaixonados […]
Por André Andrade (@PepGenius)
Um dos jogos mais esperados da Liga dos Campeões. Frente a frente dois dos times mais cativantes da Inglaterra e do mundo, craques alucinantes dos dois lados (Salah, De Bruyne, Firmino, Gabriel Jesus e cia), e por último mas não menos importante: o duelo Klopp vs Guardiola.
Confronto entre dois técnicos apaixonados por futebol e que são fiéis onde passam a sua filosofia de jogo. De um lado, Jürgen Klopp com o Gegenpressing, o futebol “heavy metal”, intenso com e sem a bola. Do outro, Pep Guardiola, um dos grandes expoentes do Jogo de Posição, do futebol ofensivo e de posse objetiva.
Klopp levou a melhor com o placar de 3–0, mas como o alemão e seus comandados fizeram isso? Os primeiros 30 minutos do jogo ajudam a entender o resultado.
1. Intensidade mental e tática , concentração e foco: poucas vezes na temporada se viu um time jogar assim contra o City de Pep Guardiola. Os jogadores do Liverpool estavam extremamente focados no jogo, nas ações táticas, indo com uma intensidade absurda para disputa de todas as bolas e também utilizando da mesma postura na parte tática e técnica. Foi um começo de jogo intenso mentalmente e que Klopp deve ter achado próximo do perfeito. Ao mesmo tempo que os Reds estavam com a intensidade e confiança mental nas alturas, os Citizens era exatamente o contrário.
2. A atmosfera de Anfield: nessa partida, a torcida fez muito mais do que cantar o lendário e icônico You Will Never Walk Alone. Os torcedores quase andaram junto com o time dentro de campo e fizeram uma atmosfera sensacional, como poucas vezes visto recentemente na Premier League. Apoio total para o time da casa e vaias e gritos quando o adversário de Manchester tinha a bola.
3. Questões táticas:
3.1. Gegenpressing: a pressão imediata pós-perda da bola, característica marcantes das equipes de Klopp desde os tempos de Borussia Dortmund foi realizado de forma primorosa pelos Reds nessa primeira metade do confronto. Os jogadores com alto nível de foco, entrega tática e vontade, além das óbvias capacidades de entender e interpretar as situações de jogo de forma muito inteligente e rápida fizeram um gegenpressing exemplar, dificultando muito a vida de Guardiola e seus comandados.
3.2. Roberto Firmino. O 10 que aprendeu a jogar como 9, atacante de bola na rede e exploração primorosa dos espaços: o brasileiro foi um show a parte, com e sem a bola. Móvel, inteligente, consciente, técnico, dedicado. Firmino joga um absurdo. Explora os espaços nas costas das linhas rivais, puxa a marcação dos zagueiros, sai da sua posição para abrir espaço para os companheiros, da assistências, marca, recupera a bola. Bobby é um “todoatacante”. Mas nessa parte do texto quero focar principalmente no trabalho dele sem bola, exemplar.
Firmino pressiona muito bem a linha de zagueiros do City, adequando sua posição corporal as linhas de passes adversárias e exercendo uma pressão eficiente, retirando tempo e espaço.
Firmino consegue vigiar muito bem as linhas de passe adversárias, atua como um primeiro homem nesse sistema de pressão intensa de Klopp. Nesse jogo, conseguiu em alguns momentos uma função especial: tapar o primeiro passe dos zagueiros para Fernandinho (1o construtor do City no meio-campo) e com isso o trabalho dos Citizens na saída de bola fica desorganizado e complicado. Observem a todo instante nesse vídeo, a pressão realizada pelo brasileiro, a todo momento olhando os jogadores do adversário posicionados mais a frente no campo e que poderiam receber o passe, Firmino adequa sua orientação corporal e intensidade com a situação necessária para realização da pressão. É ai que se faz a diferença. Detalhes.
3.3. Distribuição efetiva dos jogadores no terreno de jogo: nove (!) jogadores do Liverpool envolvidos na ação de pressão , orientados a bola:
3.3.1 . Superioridade nos duelos individuais e disputas de segunda bola: Liverpool se mostrou seguro, com boa partida e mobilidade dos meias, permitindo poucas chances ao City nos primeiros 30″, uma dominação total:
Observem também no 3º gol, superioridade na jogada. 2 zagueiros do City para marcar 3 atacantes do Liverpool. Quem está no meio dos dois e sobra livre? Sadio Mané, o autor do gol. Técnica estupenda de Salah para cruzar, tempo de bola e técnica de cabeceio perfeita de Mané.
3.3.2 Superioridade nas jogadas pelas beiradas do campo, utilizando Salah e Mané, e viradas de jogo efetivas: O Liverpool buscou explorar da habilidade , agilidade e rapidez de seus homens de ponta, com o auxílio também dos laterais o que ocorreu muitas vezes foi uma superioridade numérica e posicional dos jogadores dos Reds nas jogadas, o que permitiu a criação de mais chances.
O que esperar do jogo de volta entre as duas equipes? Quais as posturas e táticas adotarão? Klopp saiu na frente do confronto com méritos, veremos o que o segundo jogo nos reserva. O confronto das ideias de futebol, o confronto de dois grandes comandantes, tem tudo para ser mais uma aula de futebol.
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