Da planilha ao campo: como ser mais eficiente no jogo
Retomando nosso espaço de análise e debate sobre o Analytics no futebol, vamos ver um dado importante que pode ser levado da planilha ao campo: o número de jogadores entre a bola e o arco na hora de uma finalização. E pra isso vamos usar dados do pessoal do Statsbomb.
Todo treinador tem duas obsessões que se relacionam. A primeira é conseguir finalizar nas zonas mais “quentes” possíveis do campo. Conseguir construir chances para que seus jogadores finalizem a gol nas chamadas Zonas 14 e 17, onde a probabilidade de gol é muito maior.
A segunda é evitar que o adversário consiga finalizações nas mesmas zonas da sua área defensiva. Basicamente a isso se resume o futebol. Será?
Pois bem, existe um fator comprovado estatisticamente que o que realmente importa nos dois casos é o NÚMERO de jogadores entre a bola e o arco na hora da finalização. Ou o número de jogadores de quem ataca ou o de quem defende.
Como todo treinador que se preze, vamos começar pela defesa. Os números do Statsbomb das 5 grandes ligas mostram que quanto MAIS jogadores da defesa houver entre a bola e o goleiro, MENOR a probabilidade daquela finalização ser convertida a gol. Parece lógico. E é.
Fazendo uma correlação entre a média de xG/Finalização do adversário pela média de defensores entre a bola e o goleiro por finalização concedida, percebe-se claramente porque times como Atlético de Madrid e Brighton são tão fortes defensivamente. Ou ao menos, sofrem menos gols que os adversários.
Do outro lado, times como o Spezia e o Hoffenheim terminam cedendo melhores chances aos adversários por não colocarem tantos defensores entre a bola e o goleiro na hora do chute.
Neste gráfico, onde vemos as finalizações concedidas por Atlético de Madrid e Spezia, vemos como o time italiano sofre muito mais finalizações na Zona 17 e muitas chamadas “Big Chances”(acima de 0.6xG). Já o time de Simeone força o adversário a finalizar de fora da área, em zonas mais frias e menos perigosas.
Dessa forma, fica a dica para os treinadores e auxiliares que nos acompanham que busquem rotinas de treino para que haja sempre a maior quantidade possível de homens atrás da linha da bola na hora da finalização do adversário. Garanto a vocês que sofrerão menos gols do que estão sofrendo!
Agora olhando para a fase ofensiva, é importante que se ataque com o maior número possível de jogadores. O “viajar juntos” tão característico do Jogo de Posição e outras ideias (Rinus Michels que o diga), é mais do que uma característica de jogo. É a garantia estatística de que as finalizações da sua equipe terão maior probabilidade de gol.
Correlacionando a média de finalizações dentro da área com a média de atacantes dentro da área por finalização, encontramos outra obviedade: equipes dominantes finalizam muito mais dentro da área e com muitos jogadores no setor.
No gráfico abaixo, vemos como a Atalanta de Gasperini finaliza mais dentro da área que qualquer outra equipe das 5 ligas. Mas não consegue colocar tantos jogadores lá dentro nessa hora como o fazem o Bayern de Munique, o Barcelona e o Manchester City.
Mas o fato é: essas equipes conseguem finalizações de maior probabilidade de gol ao correlacionar esses dois fatores. E também terminam marcando mais gols, pelo óbvio fato de que há mais atletas disponíveis para rebotes, segundas bolas, etc. O contrário acontece com equipes como Elche e Lorient, que marcam menos gols e tem chances menores.
A você treinador/a, fica a dica de estimular o máximo possível o conceito do “viajar juntos”, independente do seu modelo de jogo. Pelo menos, em algumas partes da partida para tentar ser realmente perigoso contra o adversário. É mais seguro que o tradicional “chutão” ou o “escanteio no furduncio”.
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