Galhardo, Otero e Lucas Sasha: como jogam os novos reforços do Fortaleza

Lanterna do Brasileirão, o Fortaleza foi ao mercado tentando suprir carências no elenco para tentar mudar sua situação.

Após realizar uma campanha histórica no Brasileirão em 2021, o Fortaleza vive um misto de emoções em 2022. Além de ter se sagrado campeão da Copa do Nordeste e do Campeonato Cearense, chegou nas oitavas de final da Libertadores e segue vivo na Copa do Brasil. Contudo, a equipe também ocupa a última colocação do campeonato brasileiro. Com apenas 10 pontos conquistados, os cearenses precisarão de uma mudança radical no segundo turno para escapar do rebaixamento, que seria desastroso. 

Para tentar evitar a queda, o Tricolor já anunciou três contratações para tentar suprir carências que não foram sanadas por saídas da última temporada. Por exemplo, a saída de David para o Internacional foi até certo ponto suprida pela chegada de Moisés. O ponta consegue gerar muito jogo, tendo uma forte capacidade de drible. Contudo, ele e Romero não conseguem manter o mesmo nível de pressão na marcação alta que o jogador do Inter.

A mesma situação se aplica para os volantes do elenco com relação as conduções de Ederson. Esses e outros, são gargalos no elenco da equipe. Thiago Galhardo, Romulo Otero e Lucas Sasha chegam para tentar aumentar o nível técnico da equipe. Porém, a grande questão é onde eles melhor se encaixam e onde poderiam ser melhores aproveitados para elevar o ritmo do Leão. Abaixo, listamos as principais características dos atletas, passando por seus pontos fortes e fracos.

Thiago Galhado, atacante, 32 anos

Primeiro anunciado dessa leva, Galhardo chega para ser exatamente o que a equipe cearense pensava de Renato Kayzer quando investiu no centroavante. De início vale destacar sua versatilidade: podendo atuar como centroavante, com uma dupla de atacantes ou pelo meio — sua posição de origem. O ex-jogador do Celta de Vigo é um jogador de bom porte físico, que consegue jogar bem de costas para o gol sustentando no pivô.

Apesar de não ser um jogador muito alto (1,83), consegue ser um bom alvo para lançamentos vindos da defesa, ganhando a primeira bola. O atacante consegue usar bem a zona entre as linhas e se movimenta bem dentro do campo ofensivo. Devido a sua capacidade de construção, consegue deixar a circulação de bola fluída.

Algo muito interessante é sua capacidade de pressionar em bloco alto. Mostrando boa capacidade fechando linhas de passe e tirando espaço do portador da bola. É um dos motivos que fez o jogador ser tão usado por Eduardo Coudet no Internacional e no Celta. Porém, nem sempre Galhardo consegue ser efetivo nessa e em outras situações, demonstrando sinais de desconcentração em alguns momentos. Thiago também possui baixa capacidade em situações de 1×1 e mostra muita dificuldade em utilizar seu pé esquerdo. Por vezes atrasando o andamento de jogadas. Tem boa velocidade, mas demonstra dificuldade quando precisa trocar de direção. Dentro da área, Galhardo tem boa capacidade em se antecipar aos zagueiros adversários. Principalmente realizando movimentos em diagonal. 

Romulo Otero, meio-campista, 29 anos

Vindo para disputar posição com Lucas Lima, o venezuelano Romulo Otero possui algumas características diferentes do camisa 13 do Leão. De início, vale destacar o que sempre se comenta de Otero: sua bola parada. O jogador bate muito bem na bola, tendo um bom aproveitamento em escanteios e faltas laterais — gerando assim várias chances de perigo. Contudo, ao contrário do que se pensa, suas cobranças diretas para o gol normalmente são bem instáveis.

Atuando mais em zonas entre as linhas, o ex-Cruz Azul pode jogar centralizado ou aberto pela direita e consegue conduzir bem a bola em velocidade. Tendo mais espaço para trabalhar. Buscando na maioria das vezes trocar o corredor da bola, ou acionar os laterais na profundidade. 

Quadro Romulo Otero – Footure Pro

Um ponto importante de abordar é a dificuldade que Otero possui em trabalhar com espaços reduzidos. Com baixa capacidade em gerar vantagens através de dribles curtos. Além disso, a proteção de bola nesse tipo de situação não é das melhores. Devido a sua estrutura física, o jogador perde bastante a bola em duelos mais brigados. O uso da perna esquerda também não é o adequado, tendo problemas para conduzir ou inverter a bola com ela. Pensando em maximizar o potencial do ‘Escorpião’, o ideal seria ajustar cenários em que o jogador receba a bola de frente e tenha mais espaço para conduzir, principalmente em situações de transição. 

Mapa de calor de Romulo Otero – Footure Pro

Sua versatilidade em poder atuar aberto ou pelo centro pode gerar algumas variações ofensivas para o Leão. Existem contextos para que o venezuelano e Lucas Lima consigam atuar lado a lado. Principalmente em momentos que Vojvoda precise abrir mão de atuar com três zagueiros. Porém, também exigirá uma maior compensação defensiva da equipe. Já que Otero por vezes se mostra desconcentrado na hora de ajudar na marcação, além de não possuir um físico que lhe ajude em determinadas disputas. 

Lucas Sasha, volante, 32 anos

Atuando fora do futebol brasileiro há dez anos, Lucas Sasha retorna a seu país natal com uma responsabilidade muito grande. O jogador precisará suprir o fantasma de Ederson. Desde a saída do volante destaque na última temporada, o Fortaleza não conseguiu encontrar substituto para o agora jogador da Atalanta. Contudo, não se engane, Sasha e Ederson são jogadores bem distintos. 

Quadro Lucas Sasha – Footure Pro

Lucas tem uma boa “quebra de pescoço”. Basicamente, o volante gira o pescoço antes de receber a bola, mapeando o local antes de ter a posse e antecipando as jogadas. Mostra boa capacidade pressionando no campo adversário — seja fechando linhas de passe,ou fazendo pressão no portador da bola.

Entretanto, não mostra a mesma qualidade defendendo em linha baixa. O jogador mostra dificuldade em cobrir espaços e acertar botes — arriscando alguns de forma desnecessária. Inclusive, o jogador tem grandes dificuldades em cortar e interceptar a bola com a perna esquerda. Essa situação também fica em evidência na hora de passar, onde normalmente Lucas evita usá-la. Por vezes atrasando alguns lances. 

Sasha tem boa velocidade, consegue correr bem em situações de contragolpes e ocupa bem o campo na fase ofensiva — podendo atacar espaços, ou ficando em locais livres para ser opção de passe e circular melhor a bola. É um jogador que também entra bem na área, oferecendo opções próximo ao gol do adversário. Lucas arrisca alguns chutes a média longa distância. Não é sua principal qualidade, mas vale ser destacada.

O jogador trabalha bastante com passes para o lado direto, acionando principalmente o lateral ou o ponta pelo setor (destaque interessante nisso no mapa de passes abaixo). Aproveitando o tema de passes, o novo volante do Fortaleza arrisca poucos passes para a frente.

Vai ser interessante observar o encaixe dos três no modelo de jogo leonino. A princípio, a equipe pode crescer muito em pressão alta, recuperando a bola mais próxima do gol adversário, além do maior poder de fogo conquistado. Mas fica o sinal de alerta com o Fortaleza defendendo próximo a sua meta. Onde tem sido o grande calcanhar de Aquiles do Leão na Série A.

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