Hernanes no Sport: possíveis funcionamentos e dúvidas

Como o meio-campista pode se encaixar na equipe de Umberto Louzer e as características que Hernanes irá agregar

No início de agosto, o Sport anunciou a contratação do meia Hernanes. O ex-jogador e ídolo do São Paulo volta para sua terra natal com a missão de liderar o Rubro-negro na luta contra o rebaixamento. Segundo o dicionário, a palavra Profeta significa “aquele que prediz o futuro por intervenção divina”. E basicamente Hernanes vem para o Leão não apenas para predizer o futuro, mas sim para mudá-lo. 

Assolado numa crise financeira e política, o Sport teve um início de ano complicado. A equipe colecionou eliminações precoces e perdeu o estadual para o Náutico. Sem conseguir vencer nas primeiras rodadas, o cenário apontava para um rebaixamento claro do Leão. Contudo, após as eleições, o clima ficou mais tranquilo pelas bandas da Abdias de Carvalho e uma recuperação foi alcançada. No atual momento, o Rubro-negro tem a melhor defesa da Série A, empatado com o líder Atlético Mineiro, e não toma gol há quatro partidas. 

Entretanto, no outro extremo da análise, o ataque leonino é o pior da competição, com apenas 8 gols marcados. A esperança é que Hernanes consiga elevar o setor, deixando a ofensiva Rubro-negra mais efetiva. Mas vem a grande questão: qual a posição e qual o melhor cenário para o Profeta conseguir atingir seu melhor nível no Leão? 

Primeiro passo é entender o estilo de jogo do atleta e sua atual condição. No auge de sua carreira, Hernanes era um atleta muito dinâmico, capaz de atuar em quase todos os setores da meia cancha. Caracterizava-se por sua ambidestria. Sua capacidade de conduzir e finalizar com ambas as pernas eram um grande diferencial. O Profeta também possuía um biotipo que privilegiava seu jogo. Era natural conseguir arrancadas, somando seu porte físico com a habilidade. E tinha preferência por receber o jogo de frente para o gol. 

Hoje, o jogador já não tem a mesma potência física de antes, o que limita boa parte de seu jogo. Com a condição física atual, o melhor cenário para o Sport é conseguir com que Hernanes atue numa faixa de campo em que precise de poucos toques para decidir. Também será importante para o Leão poupar o jogador na fase defensiva. Levando em conta o 4-2-3-1 usado nas últimas partidas, possivelmente a melhor situação para conseguir tudo já citado seria atuar atrás do centroavante. 

Atuando nessa faixa, o camisa 08 defenderia na primeira linha, ao lado de Mikael (ou André) e com a bola, preencheria o espaço entre as linhas adversárias. Recebendo a bola numa área mais próxima ao gol onde conseguiria decidir a jogada de forma mais rápida. Levando em conta essa possibilidade, outra discussão é sobre os companheiros de Hernanes nessa linha, que por consequência atuariam mais abertos. 

No atual momento, as opções para as duas vagas são Gustavo, Paulinho Mocellin e Everaldo. O primeiro, é meia de origem, e sua utilização poderia gerar uma parceria mais criativa para dialogar com o Profeta. Tirando um pouco da total responsabilidade criativa que Hernanes teria. Enquanto os outros dois jogadores, pontas de origem, seriam opções importantes em situações de 1×1 e entrada na área. Além de serem bons “alvos” para recepcionar os passes por trás da defesa. 

Contudo, Umberto Louzer pode tentar usar o novo reforço em uma função um pouco mais recuada, visando melhorar a saída de bola leonina. Usá-lo como uma espécie de regista, como falam na Itália. Fazer com que Hernanes recue para a linha dos volantes visando ajudar a equipe a sair do campo defensivo e armar a equipe desde o fundo, criando a partir da base da jogada. Fica a interrogação quanto ao físico do atleta para realizar tal função e ainda chegar próximo a área adversária para criar. Porém, assim o jogador conseguiria jogar “de frente” para a meta rival, algo que é positivo e foi como Hernanes teve grande destaque em parte de sua carreira.

Algo próximo do que aconteceu com o meia Thiago Neves. Quando no início da Série A recuava para perto dos volantes, tentando melhorar a saída de bola. Contudo, Neves não voltava tanto, ficava numa zona mais intermediária do campo. E tal função, dificultou a sua participação na fase ofensiva do Leão.

E como Thiago Neves foi citado, é importante realizar outra pergunta: as duas estrelas leoninas podem atuar juntas? A possibilidade é possível, porém exigiria um esforço maior no momento do balanço defensivo para proteger os dois atletas. Uma opção seria utilizar TN30 como falso 9, como Jair Ventura testou em alguns momentos. Contudo, a equipe pode perder profundidade no ataque. É um encaixe possível, porém, complicado. Louzer vai precisar avaliar várias possibilidades, as perdas e ganhos, para poder escalá-los. 

Ao final, nota-se que existem várias possibilidades acerca não apenas de Hernanes, mas também sobre como escolher os melhores parceiros para o camisa 08. Ganha Umberto Louzer, já que pode pensar em várias situações para acomodar o atleta dependendo do contexto de cada partida. E claro, ganha o clube, que agora tem um profeta para guiá-lo no tortuoso caminho da Série A.

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