Por que a Juventus de Allegri falhou no caminho das conquistas?

A temporada 2021–22 foi a primeira da Juventus em 11 anos sem ao menos uma taça, mas o que deu errado com o time de Allegri?

Quando Massimiliano Allegri foi recontratado após recusar o Real Madrid, segundo palavras do próprio, a expectativa da temporada de uma Juventus que por pouco, fica sem se classificar para a Champions League seguinte, aumentou. Afinal de contas, tratamos daquele que não havia perdido um título nacional de liga sequer em Vinovo. 

Mas, pela primeira vez desde 2010–11, o torcedor bianconero não terá nenhuma taça pra comemorar. Afinal, com as derrotas na Coppa e na Supercoppa para a rival Inter, pela eliminação diante do Villarreal na Champions, e pela Serie A, em que nem passou perto de competir pelo título junto com Milan, Inter e Napoli, a Juventus terminará uma temporada sem nenhuma conquista, apesar de se manter na maior competição de clubes do mundo.

Em um clube onde vencer não é importante, e é a única coisa que conta, os resultados da Juventus são decepcionantes, especialmente de acordo com o plantel, que é avaliado como um dos mais caros da liga e uma das maiores folhas salariais da Itália. 

Mas o que pode se dizer que deu errado nessa Juventus? Bem, talvez pelo elenco e pelas dificuldades que enfrentou em 2020–21, a começar por um contexto onde não teria o principal artilheiro da temporada anterior, ninguém menos que Cristiano Ronaldo, tudo muda.

Porém, ao perceber que o campeonato e os campeões tiveram pontuações tão baixas que fazendo uma pontuação pior que a do campeonato anterior com Pirlo, conseguiram classificar com folga para a próxima Champions League, se percebe um nível amargo de que se poderia brigar pelo título.

A sensação é forte de que a Juventus, com todos os seus problemas, tinha uma equipe subaproveitada. O texto referência deste post, escrito por Alessandro Cappelli para a revista Undici, compara o contexto juventino ao do Napoli de Luciano Spalletti, que com apenas duas contratações conseguiu desempenho superior ao da Juve, e reaproveitando “patinhos feios” de seu elenco. 

O treinador toscano também é comparado com Simone Inzaghi, que chegou ao Inter com um legado difícil e uma equipe sem Hakimi e Lukaku trabalhou para tornar mais fluidos os mecanismos rígidos de seu antecessor, e dar à equipa uma imprevisibilidade que não teve e não poderia ter devido à forma como foi construída com Antonio Conte. 

Há uma sensação coletiva e uma crítica ao trabalho de Massimiliano Allegri que vai não apenas quanto a qualidade de sua proposta de jogo, mas ao fato de que o atual técnico bianconero não aproveita ao máximo seus jogadores, principalmente os mais jovens. Não os leva ao crescimento técnico, tático, humano.

“Allegri sempre foi um arqui-pragmatista, conquistou cinco títulos da liga e jogou duas finais da Liga dos Campeões em seu período anterior no clube, sem nunca impor uma filosofia ou um ideal sobre como jogar este jogo. Mas ele foi inegavelmente criativo, adaptou sua escalação ano após ano para se adaptar a um elenco de jogadores em constante evolução”, escreveu o jornalista Nicky Bandini no Guardian no final de novembro, após a derrota em casa da Juventus contra a Atalanta. 

A Juventus da primeira passagem de Allegri podia ter esse tipo de abordagem aos jogos, a pragmática, porque tinha uma alma defensiva muito sólida, com os meio-campistas capazes de manter o campo enquanto jogavam por muito tempo sob a bola sem perder a lucidez durante a fase de construção, e à sua frente havia jogadores capazes de decidir os jogos com uma única jogada. 

Mas estes meio-campistas não estão mais na Juve. De Marchisio, Pirlo, Vidal, Pogba, Khedira, Matuidi e Pjanic, os bianconeri passaram para Arthur, Bentancur, Rabiot, McKennie, e alguns tantos criticados, o que faz com que o time não possa ser guiado, gerenciada e colocada em campo da mesma maneira.

Vale destacar um trecho do texto de Alessandro Cappelli para a revista Undici sobre Allegri:

Massimiliano Allegri é o homem que há uma década tenta ensinar à Itália no futebol que o futebol não é uma ciência de foguetes, que o futebol é um jogo simples e linear. É um treinador que se exalta pela sua elasticidade, pelo seu anti-idealismo, pela sua capacidade de moldar as suas formações dia após dia com base no que diz o campo de treino, ou o dos jogos oficiais. 

Desta vez, é importante ressaltar que Allegri quase nunca conseguiu encontrar a equipe certa para o seu modelo. E não porque já não seja um treinador capaz ou porque o futebol seja realmente uma ciência do foguete, mas porque procurar sempre a solução mais simples, num compromisso infinito entre eficácia e eficiência, envolve altos riscos. 

Em uma Juventus que não tem e não conseguiu criar uma superestrutura tática capaz de apoiar, acompanhar e aprimorar o talento de seus jogadores, não é por acaso que as temporadas individuais dos jogadores individualmente são subjugadas, o que pode ser aplicado até mesmo para Vlahovic, onde se vê um brilhantismo menor e um perigo ofensivo até menor em relação ao que representa.

O mesmo é dito para Dybala, que teve menos impacto do que poderia ter, muito também devido a lesões. Se ressalta que os talentos ofensivos devem ser valorizados através de um sistema de jogo que não seja necessariamente mais sofisticado, mas que pelo menos os envolva de forma mais contínua, que os mantenha em ritmo, envolvendo-os em ações e fazendo-os jogar em um certo nível de intensidade. 

E isso se reflete até mesmo nos problemas que a Juventus teve com jogadores de criatividade. Kean até agora não rendeu em nenhuma função. Kulusevski foi despachado na primeira oportunidade, e no Tottenham faz parecer ser um jogador melhor do que era em Vinovo, e até mesmo Chiesa não fez uma temporada dos sonhos até a lesão. 

Para o texto de Alessandro Cappelli na revista Undici, eles são certamente um fator, e um fator atenuante neste caso, que explica algo dos resultados da equipe e afeta o andamento deste ano, o que além de não ter conseguido muito em termos muito concretos nesta temporada, nem melhorou, não lançou as bases para construir algo mais válido para a próxima temporada, algo que sugere uma temporada muito melhor do que esta. 

Além disso, o plantel envelheceu um ano, o que não é a melhor notícia para um vestiário liderado por jogadores como Bonucci, Cuadrado, Szczesny, todos com mais de 30 anos. A forma de treinar de Allegri talvez, pensando no passado, não tenha sido a certa para muitos de seus jogadores já veteranos, o que explica também algumas lesões.

É de se esperar mudanças para a janela de transferências juventina, com novos jogadores que permitirão que o treinador possa afirmar suas melhores qualidades novamente e trazer essa equipe para as disputas de título da próxima temporada.

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