Muito organizado, o Cuiabá fica na Série A merecidamente com António Oliveira
Como as adaptações de Antônio Oliveira e a chegada de Deyverson ajudaram o Cuibá a se garantir na Série A pelo terceiro ano seguido.
Em 2021, o Cuiabá foi o primeiro clube mato-grossense a disputar a Série A do Campeonato Brasileiro desde 1986. E o Dourado segue fazendo história ao se garantir na elite do nosso futebol pela terceira temporada consecutiva, mesmo com orçamento de Z-4. Se adaptando às características do elenco, o português Antônio Oliveira realizou mais um bom trabalho no Brasil.
Desde o ano passado, o foco cuiabano é a segurança defensiva. Ciente disso, o treinador português chegou no 10° jogo da campanha e reestruturou o time, promovendo a entrada de Joaquim Henrique no time titular e criando um trio de zaga bem alto e forte no jogo aéreo ao lado de Marllon e Alan Empereur. Ao todo, o Cuiabá sofreu 42 gols no Brasileirão, seis a menos que o Athletico, um a mais que o Fluminense e dois a mais que o Flamengo, todos times do G-6.
Para o trio de zaga funcionar, foram necessários outros ajustes no comportamento defensivo da equipe. Em primeiro lugar, reconhecer e se proteger da principal deficiência da equipe: a dificuldade de pressionar a bola. Foi comum ver o Dourado mordendo cada vez menos ao longo das partidas e perdendo jogos por descuido, mesmo quando jogava bem. Por característica, os meias e atacantes da equipe não tem a capacidade de combater o tempo todo no momento defensivo.
Para “maquiar” esse problema, a equipe marcou com um bloco médio ou baixo, subindo a marcação esporadicamente. Assim, as distâncias percorridas em fase defensiva eram menores e os atletas ficavam mais protegidos para sair de suas posições e pressionar, encaixar a marcação no lado da bola, ideia central do modelo de jogo do treinador. Um bom exemplo de como ele se adaptou ao elenco sem abrir mão de 100% de suas ideias.
Falando em pressão, um dos melhores jogadores do Cuiabá nesse quesito e do time como um todo, foi Deyverson. O atacante chegou para o segundo turno e foi titular absoluto, marcando seis vezes em 16 jogos e assumindo a artilharia da equipe na competição. Além de ser muito agressivo para marcar a saída de bola, ele sabe cortar linhas de passes entre zagueiros e impedir o adversário de sair por dentro com facilidade. Sua presença dificulta uma construção limpa do rival e facilita para a defesa cuiabana.
Por sua vez, o atacante, obviamente, também aportou qualidades importantes para o momento ofensivo. Reconhecido por sua capacidade de disputar bolas pelo alto, o camisa 9 oferece o pivô para ajudar o time a sair de trás no contra-ataque e também é quem recebe os cruzamentos dentro da área, forma preferida da equipe finalizar as jogadas.
Com Jonathan Cafú, ponta/ala-direita, e Igor Carius, ala-esquerda, espetados, o Dourado utilizou muitos passes diretos e inversões de jogo para eles. Os meias tinham a função de aproximar para triangular, enquanto André Luís, ponta esquerda em fase defensiva, saía do flanco para dentro para se tornar um 2° atacante e se somar a Deyverson e ao ala do lado oposto do cruzamento dentro da área.
A função híbrida de Cafú pela direita, inclusive, foi fundamental para os 10 pontos conquistados nas últimas cinco rodadas e tirar o Cuiabá da zona do rebaixamento. É muito difícil afirmar se ele era um ala ou um ponta. Na hora de defender, quando a bola estava do seu lado ou lateral rival avançava, ele deveria voltar até o final e compor a linha de cinco com os outros quatro defensores, caracterizando o que Abel Ferreira chama de “linha de 4+1”. Por outro lado, se ele estivesse no flanco oposto da bola ou o lateral adversário ficasse mais atrás, ele poderia marcar na segunda linha e ficar mais à frente para o contragolpe. Ao atacar, ele se posicionava bem aberto, porém tinha liberdade para entrar na área e, assim, fez gols fundamentais contra Palmeiras e Coritiba.
O Cuiabá foi organizado do início ao fim, para defender e para atacar. Com um pouco mais de qualidade individual, com certeza o resultado teria sido ainda melhor, mas a permanência para disputar a terceira Série A seguida em 2023 vale como um título para os torcedores. Antônio Oliveira sinalizou que não ficará no Mato-Grosso, mas quer seguir no Brasil por mais um ano, pelo menos. Por seus trabalhos no Athletico em 2021 e com o Dourado em 2022, é um nome para olharmos com atenção.
Quer conhecer mais o treinador do Cuiabá? Ouça a entrevista com ele no The Pitch Invaders:
Foto: AssCom Dourado
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