O Botafogo/PB em busca de um acesso histórico na Paraíba
Tentando superar traumas antigos, o Botafogo-PB busca fazer história na fase final da terceira divisão
Futebol antes de tudo é um esporte marcado por histórias. Os fãs gostam de torcer e acompanhar grandes momentos. E um desses momentos especiais pode ocorrer na terceira divisão. Com o Botafogo/PB conquistando o tão sonhado acesso para a segunda divisão. Mas para entender a importância desse fato futuro, precisamos revisitar o passado. No dia 5 de dezembro de 2020, o Belo enfrentava o rival Treze pela última rodada da fase de grupos da terceira divisão. O confronto direto valia a permanência, que ficaria com o vencedor. O resultado de 1×1 favoreceu o Bota, que tinha a vantagem do empate, e assim rebaixou seu rival e continuou na terceirona.
E para aumentar essa epopeia, o Belo teve decepções recentes na fase final do torneio. O mais recente em 2019, com a equipe perdendo a classificação nos pênaltis para o também Botafogo, mas esse de Ribeirão Preto. E isso levando em conta que o futebol paraibano não tem uma equipe na Série B há mais de 10 anos. Com o Campinense sendo a última equipe a conseguir o feito, em 2009. Então um ascenso do alvinegro seria também um grande momento para o futebol do estado como um todo. E para se reerguer no cenário nacional, o Belo conta com um especialista em acessos: Gerson Gusmão, que levou o Operário para o lugar desejado pelos paraibanos.
O treinador gaúcho ao longo da competição alternou os esquemas. Atuando com um trio de zagueiros em vários momentos, porém, o Belo finalizou a primeira fase atuando com uma linha de 4 na zaga. Contudo, para fins educativos, é importante falar sobre como a equipe se comportava em ambos os momentos.
Iniciando pela linha de 3. O Botafogo começava defendendo em 5-3-2. Aproveitando a sua defesa poderosa, que em 18 rodadas tomou apenas 11 tentos. Obtendo o segundo melhor número de gols sofridos na primeira fase. O Belo atraia os oponentes a lhe atacarem pelo lado do campo. Gerando um número elevado de bolas levantadas na área. Onde o Alvinegro conseguia ter grande vantagem. Com o zagueiro William Machado se destacando no quesito. Usando uma marcação por encaixes setorizados, o time conseguia ceder poucas chances claras para os rivais. Mas apesar da boa proteção a área, o controle do meio campo raramente ficava com a equipe. Ao usar uma linha de três no setor para se defender, Gerson Gusmão deixava um pedaço muito grande de campo para os seus jogadores cobrirem no setor.
Ao atacar, a equipe buscava uma saída em 3+1 com Tinga ou Pablo tendo um grande peso para tirar a pelota do campo defensivo alvinegro. Com o time estabelecido no campo ofensivo, o Belo atacava em 3-5-2. Usando os dois laterais bem espetados, os paraibanos atacavam primordialmente pelas alas. Enquanto o camisa 10, Esquerdinha ou Clayton, buscava uma movimentação mais entre as linhas, mas com liberdade para rodar pelo campo. Tudo isso buscando abastecer a dupla Juba e Ederson. O experiente atacante, que já foi artilheiro do Brasileirão, se movimenta bastante no terço final. Já Juba é um atacante mais de confronto que ao mesmo tempo consegue avançar muito dentro da área.
Porém, após uma sequência de jogos sem vitória, o Belo destituiu o esquema com três zagueiros. Com isso Gerson Gusmão acionou mais um atacante no seu sistema. Porém, boa parte das bases táticas seguiram as mesmas. A marcação segue sendo por encaixes setorizados, entretanto agora em 4-4-2 na fase defensiva. Os adversários seguem com problemas para finalizar diante do Alvinegro, com uma marcação mais compacta, pressionando o portador da bola e o receptor. Contudo, em alguns momentos um problema sistemático aparece. Quando os volantes avançam para pressionar os meias rivais, as linhas se distanciam e tornam a cobertura da última linha mais complicada.
Com a bola, algumas mudanças são bem evidentes. Primeiramente ao sair jogando, onde agora é executada uma saída em 4+2. Que consiste na utilização dos quatro defensores e da dupla de volantes. Nessa fase, Tinga e Pablo seguem como pontos centrais, mas dessa vez juntos. Ao chegar no ataque, o Belo tem o lado direito como lado forte da construção. Com Sávio chegando bastante ao fundo. Enquanto Clayton tem a responsabilidade de ser o principal criador de jogadas. Pelo lado esquerdo, Juba segue procurando o enfrentamento em situações de 1×1. Welton e Ederson se movimentam bastante, alternando quem cai pela direita e quem centraliza. Por vezes, os três afunilam na mesma jogada. O que gera uma complicação. Clayton fica mais isolado e dificulta a chegada da bola na meta rival.
Na última partida, diante do Santa Cruz, Gerson tentou algo diferente para dar mais companhia a Clayton. No duelo, quem ficou pelo lado direito foi Cleiton, que buscava atuar entre as linhas do tricolor, gerando bons apoios para o lateral Savio e se oferecendo para trabalhar com o camisa 7 Alvinegro. Apesar da fragilidade da Cobra Coral, o Botafogo conseguiu criar mais contra o Santa do que nas últimas rodadas.
Deixando a dúvida de qual será a melhor opção para ser utilizada na fase final. O Belo iniciou a última fase novamente com a linha de 4, mas com a derrota para o Ituano, o treinador precisará rever algumas situações. Gerson Gusmão precisará ajustar os últimos detalhes e manter o nível defensivo do Belo para conseguir o histórico acesso. Futebol é um esporte que nos seus grandes momentos não permite falhas. Para fazer história, precisa ser constante. Sem erros. Mas também precisa se permitir sonhar. E o torcedor do Botafogo pode e deve sonhar. Assim como os jogadores. O momento atual é de aproveitar. Entender que o acesso ainda é difícil, mas falta um passo. Então, porque não?
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