O presente e o futuro da Seleção do Equador

Classificada para a Copa do Mundo no Catar com uma ótima campanha nas Eliminatórias, Equador vive momento especial na formação de grandes talentos para os próximos ciclos.

O que era um cenário limitado apenas aos três poderosos do continente (Argentina, Brasil e Uruguai), hoje se tornou um expoente e motivo de grandes expectativas visto o fortalecimento das ligas, captação em regiões específicas e talentos confirmando o potencial detectado no início da trajetória em busca de um lugar de sucesso no futebol. No Equador não seria diferente.

Tudo foi acompanhando a evolução nos processos de formação e utilização destes jovens visando valorização dentro e fora de campo. Um grande exemplo do reflexo deste bom trabalho feito nas categorias de base do país é o Independiente Del Valle, que nas últimas três edições da Libertadores sub-20 esteve presente nas finais, com dois vices (2018 e 2022) e um título (2020).

Depois de apresentar Moisés Caicedo e Piero Hincapié para o mundo, chegou a vez de novos jogadores mostrarem o porquê de tanta badalação e expectativa por um conjunto cada vez mais forte. O momento especial que vive a La Tri, com os bons desempenhos nas Eliminatórias, dá certeza de um caminho bem promissor a ser trilhado nos próximos anos com atletas de extremo talento. O que faz da equipe cada vez mais forte e bonita de ver atuando, com velocidade pelos lados, jogo envolvente e incisivo no terço final, além de muita qualidade técnica. Assim vem se restabelecendo e voltando a incomodar as seleções favoritas.

Nas categorias de base, a filosofia e o estilo de jogo não muda tanto, o que acaba facilitando a adaptação. É mais um ponto positivo para dar sequência ao bom trabalho e extrair sempre o melhor de cada atleta. Não à toa, a seleção sub-20 conquistou o Sul-Americano da categoria em 2019 após ficar com o vice na edição anterior. Tudo isso fez com que uma revolução ocorresse para melhorar o que já era promissor, obtendo resultados além do campo e do troféu na galeria. Hoje, com mais solidez, alguns jogadores já surgem como principais nomes para o futuro e certamente serão recorrentes nas convocações. Muitos já estão no radar e são jogadores de influência em seus clubes, fortalecendo aspectos físicos, táticos e técnicos.

Foto: Dolores Ochoa/pool/AFP via Getty Images

Citados no começo do texto, Moisés Caicedo e Piero Hincapié já são realidades dentro do contexto da seleção adulta. Por isso, outros nomes vêm sendo trabalhados para garantirem a mesma estabilidade e ganho técnico nos próximos ciclos. Alguns já estão na Europa e alimentam as esperanças da torcida por um grupo talentoso e com boa rodagem. Jeremy Sarmiento (2002), do Brighton, é um meia de muita criatividade e técnica para buscar espaços no terço final. Vem ganhando chances na equipe inglesa e já integra a seleção principal do Equador. Sarmiento exerceu a opção de defender a seleção sul-americana após passagens por todas as categorias de base da Inglaterra – o atleta nasceu em Madri, mas é filho de pais equatorianos. Seja centralizado ou atuando pelos lados, é um jogador que não hesita em atacar o espaço e buscar alternativas para finalizar ou passar.

Para a lateral, espera-se que Jhoanner Chávez (2002) ofereça um poderio ofensivo ainda maior, já que sua equipe, o Independiente Del Valle, atua em uma linha de três e o jovem se transforma em um ala bem atuante no segundo bloco tendo boa chegada ao ataque. Em alguns jogos, com a primeira linha composta por cinco jogadores, Chávez passa a ter mais responsabilidades defensivas e cumpre bem o papel. Porém, com a mesma liberdade para progredir e contribuir no apoio. Veloz, tem boa estatura (1,82) e porte físico para vencer duelos individuais que exija mais intensidade. Tem tudo para ser uma boa arma pelo lado esquerdo principalmente pelos bons cruzamentos e ruptura de linhas para surpreender a defesa.

Outro jogador interessante e que já vem atuando com frequência com a camisa do Del Valle é Marco Angulo (2002). Volante de muita qualidade nos passes longos, preenche bem os espaços pelo meio para qualificar a saída e pisa com frequência na área para aumentar as opções. Um médio de grande influência na circulação da bola e mesmo com a pouca idade já se mostrou bastante consciente nas decisões tomadas. Dono de uma qualidade no passe que agrega bastante na transição rápida que faz a equipe, tem potencial para se tornar ainda mais participativo. Sempre lembrado nas convocações da Mini Tri, segue evoluindo e não será esquecido nas futuras listas da seleção principal.

Finalizando os nomes nascidos em 2002, Néicer Acosta foi um dos bons destaques do Del Valle nas categorias de base e no início deste ano se transferiu para o Orlando City. Atacante pelos lados, Acosta é um jogador de boa técnica e velocidade para dribles curtos e infiltrações em diagonal. Vem melhorando nas finalizações e aumentando seu índice de acerto. Amadurecimento mais que necessário para um jogador que tem potencial para ser útil na seleção principal.

Anthony Valencia (2003) é um dos grandes talentos sub-19 do país e já foi levado ao futebol europeu – contratado pelo Royal Antwerp, da Bélgica. Extrema canhoto, que possui grande refino técnico e capacidades ofensivas para se sobressair atuando pelas beiradas, principalmente no lado direito onde gosta de progredir em diagonal para tentar o drible e concluir. Além disso, tem boa visão de jogo e inteligência nos passes com maior grau de dificuldade. Pode atuar também centralizado. Seu potencial é gigante e agora podendo atuar em um contexto de maior intensidade irá subir ainda mais de nível para alçar voos maiores. Pode chegar ainda mais longe.

Também na Bélgica está Nilson Angulo (2003), nova aquisição do Anderlecht. O atacante de enorme habilidade teve desempenhos brilhantes com a camisa da LDU e atraiu interesse do futebol europeu de forma imediata. Bom drible, passada larga e grande capacidade para ser imprevisível. Jogador que incomoda defesas e pode cumprir vários papéis. Tendo espaço progride e cria boas oportunidades. Tem boa finalização de média/longa distância, presença de área e agilidade. Carece de mais força física, mas isso certamente será muito trabalhado no novo clube.

Patrickson Delgado (2003), volante do Del Valle e que está emprestado ao Ajax B até o meio do ano que vem, já provou seu valor no futebol sul-americano nas categorias de base e será um dos bons nomes do setor com a camisa do Equador. Jogador de bom porte físico, forte na marcação, mas que alia à boa técnica que possui para progredir e construir jogadas. Atua bem quando recuado, como camisa 5 ou na trinca de zaga, e mais avançado também desempenha com eficiência. Um perfil interessante e promissor, que encaixará bem no que se espera da seleção: intensidade e muito poder de criação.

Joel Ordoñez (2004), zagueiro do Del Valle, já está integrado ao plantel principal e mostrou segurança para proteger a área. Consciente taticamente, cumpre bem o papel defensivo e possui qualidades técnicas para melhorar a saída de bola atuando pelo lado direito da defesa. Mesmo não sendo um jogador tão alto (possui 1,85cm), tem boa impulsão e equilíbrio corporal nas disputas aéreas. Segue em constante evolução e tem nível para atuar no futebol europeu em um futuro próximo. E, claro, na seleção principal. É mais um defensor de muita qualidade sendo formado para estar no topo por muitos anos.

Outros nomes também merecem destaque e não ficarão longe do radar da seleção adulta, como Jean Arroyo (2003), Dixon Vera (2003), Patrik Mercado (2003), Alfred Caicedo (2004), Óscar Zambrano (2004), Yaimar Medina (2004) e Youri Ochoa (2005). Uma geração cheia de jovens talentos com grandes expectativas e muito futebol. Equador vive uma entressafra que pode render bons resultados e feitos ainda maiores do que os já alcançados. Basta ser bem conduzida para o desenvolvimento acontecer como esperado.

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