O que acontece com o Grêmio na Série B?
Tentando entender as ideias de Roger Machado e encaixar as peças de um elenco reformulado, o Grêmio tropeça no início da Série B.
Em sexto lugar na Série B, com 12 pontos em oito partidas, o Grêmio está deixando o torcedor preocupado. A dificuldade em encontrar a melhor formação e ser consistente aponta para uma campanha dura, complicada e um acesso que parece incerto. Com um elenco de jogadores muito jovens, poucos consolidados e outros muito experientes, o time de Roger Machado sofre para competir e para ter atenção em todos os momentos das partidas.
Por ser um gigante do futebol brasileiro no meio de equipes pequenas, medianas e emergentes, é natural que o Imortal encontre defesas fechadas e adversários extremamente motivados, combativos e ligados. A equipe sabe como se posicionar em campo, com os dois zagueiros alinhados, laterais e um ou dois volantes formando uma segunda linha construção, o ponta do lado da bola recua para dar opção, o do lado oposto se aproxima do centroavante e os demais meio-campistas se movimentam para perto da jogada. É como se todos os atletas fizessem um círculo em torno dos jogadores do centro do campo.
Parece tudo orquestrado e organizado, certo? Na prática, não é isso que acontece. O treinador está na casamata há somente três meses, há pouco tempo para treinar, muitos gramados deixam a desejar e os jogadores não estão confiantes. O Grêmio esbarra na dificuldade para criar, identificar e aproveitar espaços na defesa rival. É uma questão de acelerar o ritmo da posse, fazer com que os marcadores se mexam e dar o passe no tempo certo para utilizar os espaços que aparecem durante esse deslocamento defensivo do oponente.
Enquanto a fluidez não dá as caras, as melhores jogadas ocorrem pelos lados do campo, com algumas tabelas e ultrapassagens. Isso se intensifica na reta final das partidas, quando a urgência pelo gol aumenta e aquele ciclo do abafa se repete: cruza, recupera rápido, abre mais rápido ainda nas laterais, cruza de novo… Pensando nisso, inclusive, Roger escalou dois centroavantes, Diego Souza e Elkeson, na última rodada, contra o Cricíuma. Contudo, o time ficou quebrado em dois blocos, um de defesa e outro de ataque, com um meio-campo menos preenchido na hora de defender e menos combativo também.
Essa questão da combatividade é um dos principais problemas do Grêmio, uma vez que atrapalha toda a fase defensiva e indica uma característica do elenco. Na frente, Elkeson e Diego Souza, mais pesados e veteranos, não pressionam a saída de bola. No meio, Villansanti, Campaz, Lucas Silva não são dos jogadores mais vigorosos e intensos para dar combate. Além disso, jovens como Gabriel Teixeira, Bitelo e Gabriel Silva não tem fôlego, tampouco força para realizar essa tarefa consistentemente. É uma questão física que aparece no momento defensivo, dificulta para “morder” na marcação, deixa os atletas espaçados e expõe as costas dos volantes. Quando ataca, o Tricolor também sofre contra rivais que preenchem mais o meio e pressionam bastante defensivamente.
Com pouco tempo de trabalho do treinador, uma dificuldade física no elenco e muito jogadores jovens, em busca de afirmação, o Grêmio tem demonstrado dificuldades para render nos jogos pegados da Série B e para lidar com a pressão de um acesso praticamente obrigatório. De qualquer forma, o time tem um orçamento muito acima da segunda divisão e pode, com o tempo para o desenvolvimento dos atletas e do modelo de jogo, ou com ajustes na janela de transferências, voltar para a Série A.
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