O que esperar de Federico Chiesa na Juventus?

A transferência mais aguardada por muitos aconteceu, mas e agora, como o italiano poderá evoluir na equipe de Andrea Pirlo?

Para muitos, a melhor contratação da janela de verão. Muito pela maneira do negócio, em que a Juventus só pagará a Fiorentina os €40 milhões, após pagar €3 e €7 milhões respectivamente nos próximos 2 anos, daqui a duas temporadas, e a um preço relativamente “baixo”, mas muito pelo grande talento, a expectativa sobre o meia-atacante Chiesa vestindo bianconero é enorme.

Curiosamente a estreia de Chiesa na Serie A, vindo das categorias de base da rival Fiorentina, foi na temporada 2016-17, num clássico contra a Juventus, em que participou na derrota por 2–1 no Juventus Stadium. E uma de suas primeiras grandes partidas foi no clássico do returno, vencido pela Viola por 2–1, em que Chiesa fez uma grande participação na jogada do gol da vitória marcado por Badelj.

Mas pensando na ligação quase inevitável do meia-atacante com a Juve, analisemos como ele pode encaixar no time de Andrea Pirlo. A ideia base juventina taticamente nestes primeiros jogos da temporada envolvia um 3–5–2 (ou 3–4–1–2) capaz de rodar rapidamente na fase sem a bola para se tornar um 4–4-2.

A formação deu certo contra a Samp com Cuadrado na ala direita e Frabotta na ala esquerda, mas contra a Roma, o time teve muitas dificuldades no meio-campo, e inverter Cuadrado para a esquerda e Kulusevski para a direita não se mostrou uma boa ideia. 

Vale dizer, porém, que boa parte dos movimentos da Juventus baseiam-se no brasileiro Danilo, que por conta dessa mudança tática, com a bola é um dos três zagueiros, sem ela, volta a ser lateral-direito, o que explica Cuadrado na esquerda, já que por ali, o ala colombiano evidentemente é mais capacitado para ser lateral do que o sueco.

A chegada de Chiesa pela direita pode fazer com que Cuadrado perca espaço. Tanto nas vezes que a Juve joga com um ponta, como para o caso atual, com alas, em que jogou nos tempos de Fiorentina tanto com Paulo Sousa, que tinha o modelo de jogo fluido que Pirlo tenta aplicar, quanto nos últimos tempos com Giuseppe Iachini.

Chiesa sob o olhar atento de Andrea Pirlo, em sua estreia pela Juve (Reprodução/Juventus)

Nesse modelo de jogo, pode se pensar que Chiesa terá campo aberto para correr. Uma meia verdade se pensarmos em alguns sistemas defensivos da Serie A, embora o campeonato como um todo pareça estar mais ofensivo e aberto, mas uma boa verdade se considerar que alguns dos melhores momentos da Juve na Europa nos últimos anos tiveram a transição como destaque.

E neste caso, a transição ofensiva, os contra-ataques e lances em velocidade, são uma das especialidades de Chiesa, assim como a facilidade para jogar na direita e na esquerda. Mas também a partir disso, vira uma necessidade para liberar o jogador italiano a participar de todas as ações do jogo.

Não se pode dizer nesses últimos anos de Fiorentina que ele pecou em algum momento por omissão. Mas a chave de sua participação na Juventus será melhorar qualitativamente seus números, já que nos últimos 4 anos vestindo a camisa viola, ele era o líder em chutes, gols, assistências e dribles na Fiorentina.

Um jogador que fará falta para o esquema viola, mesmo que saia odiado como quase todo atleta que deixa a grande paixão da torcida da Fiorentina por ele, que o amou desde pequeno por ser filho do ídolo Enrico Chiesa, e mais ainda durante o tempo que teve a faixa de capitão do time e era um dos grandes nomes da equipe, para a sua maior rival, a poderosa Juventus, tão odiada pelos fanáticos viola.

E nesse aspecto, Chiesa também terá de se adaptar. Vale lembrar um caso idêntico no elenco juventino hoje, o de Bernardeschi, também camisa 10 da Fiorentina, que era ídolo da torcida, “traiu” o clube viola com uma ida para a Juve, e hoje é tido como descartável, muito por não ter aproveitado as chances que teve, e que foi engolido pela pressão bianconera.

Parte da adaptação de Chiesa será entender o papel dele no elenco, em que pode não ser mais o titular absoluto que participa de tudo, como era nos tempos de Fiorentina, mas que será importante no elenco. Resta saber se ele entenderá essa mudança de status.

Por outro lado, é bem verdade que o ambiente menos caótico da Juventus pode lhe ajudar a crescer ainda mais como jogador. Na Fiorentina, nos últimos anos, o meia-atacante trabalhou com ideias diversas de jogo, como a de Paulo Sousa, a de Pioli, a de Iachini, as tentativas fracassadas de ideias de Montella…

Sobre a sua principal qualidade, o drible, vale o trecho de um bom texto sobre ele escrito por Claudio Pellechia, para a Rivista Undici:

Só o drible, de força potencial, tornou-se o símbolo da vontade de poder de um jogador que cria muito, muito, mas erra muito e que tem necessidade constante de uma referência física de fácil leitura (a linha lateral) para expressar suas qualidades. Por isso, Chiesa muitas vezes pareceu um jogador facilmente contido, incomodado quando tem que receber atrás dos adversários, ocupar os espaços atrás das linhas de pressão, criar superioridade numérica e posicional ao entrar em campo, enfim, parecia um elemento com dimensão criativa limitado, tanto no que diz respeito à chegada no último terço, como pela capacidade de associação com companheiros na fase de subida. […]

Por outro lado, os melhores momentos de Chiesa na Fiorentina nos últimos tempos diziam respeito as partidas em que o italiano tinha ao lado parceiros como Castrovilli, e principalmente Ribéry, que quando estava em campo, se percebia a melhora do italiano na movimentação, nos passes, em diversas valências.

E neste caso, pensando em uma divisão de tarefas com Kulusevski, com Dybala, Cristiano Ronaldo e mais outros grandes nomes juventinos, isso pode fazer o jogo de Chiesa evoluir nas próximas partidas pela Juve, e ser um pouco mais regular.

Na estreia contra o Crotone pela Serie A, onde fazia boa atuação, com uma assistência pra Morata, até ser expulso de maneira infantil, Chiesa jogou como uma espécie de ala no 3–5–2, papel semelhante ao que fazia com Iachini. Já contra o Dínamo de Kiev, deve começa como ala no 3–5–2, mas que vira quase um atacante na fase com a bola, com campo aberto para as corridas.

Em meio a tudo isso, uma das grandes expectativas individuais da temporada, é a chegada de Chiesa a Juventus, um jovem jogador de 23 anos, em um ambiente pronto para crescer, mesmo que num ambiente que ao mesmo tempo engoliu outros jogadores. Ele conseguirá se adaptar e fazer história vestindo bianconero?

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