O que está por trás da fase espetacular de Gundogan no Manchester City?
De coadjuvante para protagonista, o alemão Ilkay Gundogan vive um dos melhores momentos da carreira e foi fundamental para o crescimento da equipe
O meia do Manchester City foi de problema pra solução e está jogando um futebol digno do que chamou a atenção do mundo, ainda no Borussia Dortmund. Como? Vamos tentar destrinchar alguns motivos.
Antes, devemos contextualizar. O alemão chegou aos Citizens em 2016 e, na maior parte do tempo, não conseguiu acrescentar como se imaginava. Salvo boas atuações esporádicas, a visão de quem acompanhava de perto era de que ele já não pertencia ao grupo dos meias de alto nível.
Seja nas melhores fases da equipe – como na campanha dos 100 pontos na Premier League – ou nos momentos mais complicados, poucos enxergavam nele a capacidade de contribuir de forma relevante. Então, entrou a primeira fase da recuperação – mútua.
O City se encontrava em um estado deteriorado, de muita inconsistência; seja no desempenho, nos resultados ou, sobretudo, em sua forma de jogar. Dificilmente veremos times de Guardiola com dificuldade pra criar, mas foi possível ver buracos na estrutura que prejudicavam o todo.
A pressão alta e a pressão quando a equipe perdia a bola são aspectos essenciais pro treinador espanhol, mas não vinham funcionando como o necessário. Vários adversários, de patamares bem distintos – do líder ao lanterna -, conseguiam furar o fraco bloqueio do City e, diante de uma defesa exposta, chegar com frequência em áreas perigosas.
Estava claro que alguma coisa precisava mudar. E aqui Gundogan começou a sair de problema para solução. Em um primeiro momento, seu papel foi o de ajudar a ‘colocar ordem na casa’.
Ser um meio-campista responsável por tomar conta das incumbências de um meio-campista mais disciplinado: se posicionar de modo inteligente para melhorar a organização e o nível da pressão e, sobretudo, servir de base, na maioria das vezes ao lado de Rodri para que os demais companheiros se sentissem mais seguros.
Não estava flutuando de modo aleatório para tentar participar das jogadas em qualquer faixa do campo, mas sim se concentrando em guardar posição e finalmente dar a solidez que o time precisava. Conseguiu. Não só ele, claro, mas sua importância era visível.
Os Citizens passaram semanas apresentando um futebol um pouco diferente do costumeiro; menos avassalador, mais equilibrado e competitivo. Os números ofensivos caíram e os defensivos melhoraram exponencialmente.
O processo de mudança estava em plena execução e já funcionava em diversos pontos, mas no geral ainda passava a impressão de que o City rendia abaixo do que poderia (mesmo que estivesse melhor do que estava na temporada passada). Então, com melhorias também coletivas do ponto de vista estrutural, Pep passou a ‘liberar’ Gundogan.
O alemão pode se soltar mais em campo – nos momentos certos – e ser uma figura influente no setor ofensivo, alcançando a impressionante marca de 14 gols na temporada, com 9 apenas em 2021. É o oitavo na lista de artilharia da Premier League, com dois gols a menos que Harry Kane.
Esse ótimo desempenho ofensivo foi possibilitado principalmente pela forma que a equipe se tornou mais sólida, contando com grande contribuição do próprio Gundogan. Então, qual seria a saída para manter a presença no centro do campo sem o alemão tão fixo por ali? João Cancelo.
O português é um dos destaques do futebol inglês em 2020/21 e, além de ser um lateral de muitas qualidades, consegue desempenhar a função crucial de centralizar e fazer parceria com Rodri para servir de base ao ataque e proteção à defesa. Outros pontos certamente influenciaram, mas esses foram aspectos fundamentais para, como citado acima, uma recuperação mútua.
İlkay Gundogan ajudou o Manchester City a voltar a sua melhor forma – são 20 vitórias seguidas e 10 pontos de vantagem na liderança da Premier League – e, no meio do caminho, voltou a ser um dos melhores meias do mundo.
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