O que Orlando Ribeiro mudou no Santos?

Sem alterações bruscas no modelo da equipe, Orlando RIbeiro acalma o clima na Vila Belmiro e renova o brio da equipe.

São seis jogos de Orlando Ribeiro em um mês como comandante interino do Santos. Contratado originalmente para o sub-20, o treinador substitui Lisca, que deixou um trabalho de 45 dias e um clima muito tenso. Com três vitórias e três derrotas, o desempenho do Peixe sob o novo comando é suficiente para sonhar com Libertadores. Atualmente, o time da Baixada Santista está em 11° lugar, com 43 pontos, dois abaixo do provável G-8.

Desde já, vale dizer que a situação do Santos é parecida com a de dois meses atrás, quando publicamos aqui, após a vitória santista contra o São Paulo, que o Peixe tinha uma cara, porém ajustes eram necessários. Um empate e duas derrotas nos jogos seguintes foram suficientes para acabar com a paciência da torcida, da diretoria e de Lisca, culminando no encerramento do contrato em comum acordo. Curiosamente, é na administração dos ânimos que pode estar uma grande diferença para o trabalho de Orlando Ribeiro.

Novo modelo de jogo?

Taticamente, algumas ideias permanecem parecidas. O modo de atacar, com uma saída de quatro defensores alinhados e o 1° volante à frente foi mantida. Em seu primeiros jogos, Orlando optou por deixar os outro cinco jogadores bastante avançados, em cima da zaga adversária. Para tanto, introduziu no time titular nomes como Luan e Sánchez, atletas com maior capacidade de jogar em espaços curtos e de finalização.

“Hoje, a minha preocupação maior é com quem não está no time. Temos que estar sempre conversando e orientando. O Zanocelo saiu da equipe, pois achamos que precisamos atacar um pouco mais e de mais atacantes. A característica dele é diferente.”

– Assim o treinador justificou a reserva de Zanocelo, meio-campista titular ao longo de todo o ano.
Santos Orlando Ribeiro Lisca Brasileirão Footure
Com menos jogadores enfiados, o Santos tem mais jogadores por dentro e uma dupla de volantes para proteger os laterais.

Apesar da estrutura ofensiva semelhante à utilizada por Lisca e o jogo bastante lateralizado, buscando triangulações pelos lados, uma diferença importante é no ritmo da posse de bola. O treinador atual prefere um ataque menos acelerado, com a bola no pé, passes mais curtos. Esse foi um dos motivos pelos quais Camacho e Ed Carlos ganharam os lugares de Luan e Sánchez nos últimos dois jogos, afinal, são atletas menos presentes dentro da área adversária, preenchendo mais o meio no momento da construção.

No segundo tempo da partida contra o Juventude, em 10/10, e no jogo contra o Red Bull Bragantino, na última segunda-feira, o Santos teve um salto de desempenho. A presença dos jogadores citados no parágrafo acima não somente facilitou a troca de passes, como tornou a equipe mais segura. Com maior característica de marcação, Camacho e Ed Carlos povoam mais o centro do campo, intensificando a pressão pós-perda da equipe e diminuindo a frequência dos contragolpes rivais. Assim, o Peixe venceu duas seguidas pela primeira vez desde julho.

Com essas alterações, o Santos já marcou nove vezes com Orlando Ribeiro e precisa de 8.5 finalizações para fazer um gol, além de ter criado 13 chances claras – duas a mais em comparação ao período de Lisca. Com o antigo treinador, o Peixe precisava 14 finalizações para colocar a bola na casinha.

Santos Orlando Ribeiro Lisca Brasileirão Footure
Quatro jogadores impedem a saída do adversário, inclusive o 1° volatnte, Rodrigo Fernández (chuteiras laranjas), aparece avançado.

Defensivamente, a ideia é pressionar a todo momento, sobrecarregando o lado da bola e marcar a zona, sem grandes perseguições individuais. Ideia presente no trabalho de Lisca, foi acentuada por Orlando Ribeiro, tendo em vista a maior liberdade para jogadores saírem de seus setores para morder na região onde a bola está. Nesse sentido, as saídas de Luan e Sánchez foram benéficas.

A administração da paciência

As escolhas de Orlando Ribeiro não só demonstram um potencial técnico e tático, mas possuem maior aceitação no Santos. Lisca chegou sob desconfiança por, supostamente, ser mais defensivo. É fato que a equipe ainda recua quando está em vantagem no placar, escolha natural pelo momento instável do clube, porém percebe-se a priorização do talento e de um jogo mais ofensivo, mais próximo à cultura do Peixe.

Um dos grandes clamores da torcida era a titularidade de Ângelo. Orlando não só fez isso, como o aliviou de obrigações defensivas. Além disso, nomes como Mádson e Ângulo, rejeitados pela arquibancada, são escalados com menor frequência. Por fim, medalhões como Luan e Sánchez receberam oportunidades primeiro e, ao saírem do time, viram o rendimento da equipe crescer. Dessa forma, o treinador vai economizando a paciência dos torcedores, evitando problemas na administração do elenco e renova o brio da equipe com jogadores que pedem passagem.

Dificuldades, no entanto, são inevitáveis e podem vir a qualquer momento em uma equipe ainda irregular. Quando elas vierem, o desafio do presidente Andrés Rueda é acreditar no potencial do time e não interromper mais um trabalho.

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