O turno surpreendente do Cuiabá no Brasileirão
Tido como um dos grandes candidatos ao rebaixamento, o Cuiabá encerra o primeiro turno do Brasileirão em alta e longe da zona do Z-4.
Imagine o seguinte cenário: o Campeonato Brasileiro está prestes a começar e, entre os 20 times do torneio, está uma equipe estreante na primeira divisão. Ela não faz parte do “eixo”, tampouco possui um grande orçamento. Forte candidatos ao rebaixamento, certo? O Cuiabá, até o momento, prova que não é bem assim.
O time do Mato Grosso começou com muitas dificuldades, passando a sensação de que não daria “nem para o cheiro” na Série A. Logo na primeira rodada, a demissão do técnico Alberto Valentim e o vazamento de conversas entre a direção e jogadores do elenco escancararam problemas internos. Entretanto, o interino Luiz Fernando Iubel iniciou um trabalho de recuperação, encaixando as peças e incutindo alguns padrões na equipe.
Após algumas derrotas e muitos empates, Jorginho assumiu o comando do Dourado na 10° rodada e, no 12° jogo do campeonato, venceu a Chapecoense na Arena Condá, conquistando o primeiro triunfo do clube na história da primeira divisão. Desde então, foram mais quatro vitórias e três empates para um time seguro e confiante.
O início dessa retomada da equipe cuiabana se deu com Luiz Fernando encontrando os melhores nomes. Aos poucos, Marllon e Paulão se consolidaram como a dupla de zaga ideal, João Lucas assumiu sua vaga na direita, enquanto Auremir parece estar vencendo a briga para ser o primeiro volante, por trás de Pepê e Rafael Gava. Coletivamente, o Cuiabá cresceu bastante após a chegada de Jorginho.
Com o atual treinador, além de uma boa dose de confiança, o modelo de jogo foi melhor assimilado. A defesa ganhou solidez, fechando muito bem o centro do campo e obrigando os adversários a jogar por fora. Ofensivamente, o Cuiabá se organiza com excelência para fazer a ligação direta e ganhar a segunda bola. Jenison disputa pelo alto, os atacantes de lado se projetam nas costas da defesa e os meias se posicionam por trás para dominar e abrir a jogada.
As duas opções são bem trabalhadas, tendo em vista a velocidade dos atacantes e a boa capacidade de passe dos meio-campistas. Isso permite a Clayson, principal criador da equipe, receber na entrada da área ou no mano a mano pela ponta esquerda e produzir chances de gol em quase todas as partidas.
Em 10° lugar na tabela, com 25 pontos, a boa campanha do “Cuiabayern” é muito merecida. O elenco é muito bem planejado de acordo com o modelo de jogo, o objetivo e o orçamento do clube. São muitos jogadores de força e velocidade, capazes de vencer duelos, atacar e recompor com frequência e com experiência em times grandes da Série A. Por isso, a instabilidade inicial foi superada e o time entende bem os momentos do jogo, sabendo quando acelerar e quando tirar o ritmo das partidas.
As chegadas de Alan Empereur, campeão da Libertadores pelo Palmeiras, para a zaga e de Yesus Cabrera para o meio-campo serão fundamentais para duas melhoras importantes: melhor posicionamento defensivo para afastar cruzamentos e maior capacidade de sair da pressão pós-perda dos oponentes para puxar contragolpes. O Cuiabá não tem um elenco farto em quantidade, nem em qualidade, porém é bem organizado dentro de um modelo de jogo coeso. O desafio agora é manter o foco nas 19 partidas restantes a fim de manter a pegada, porque esse desempenho dificilmente não será suficiente para a permanência na primeira divisão.
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