OS ADVERSÁRIOS DE MINAS NA LIBERTADORES, PARTE I

Por Léo Gomide Atlético e Cruzeiro iniciam na próxima semana a disputa na fase de grupos da Copa Libertadores da América. O Galo faz a estreia dentro de casa na quarta-feira (6), quando recebe o Cerro Porteño, no Mineirão. Já o time de Mano Menezes entra em campo no dia seguinte, fora de casa, contra […]

Por Léo Gomide

Atlético e Cruzeiro iniciam na próxima semana a disputa na fase de grupos da Copa Libertadores da América. O Galo faz a estreia dentro de casa na quarta-feira (6), quando recebe o Cerro Porteño, no Mineirão. Já o time de Mano Menezes entra em campo no dia seguinte, fora de casa, contra o Huracan, em Buenos Aires.

Através deste espaço no FOOTURE vamos trazer uma análise do que Atlético e Cruzeiro podem encontrar nos confrontos pelo torneio continental. Os comportamentos de cada adversário, os pontos fortes e fracos, assim como, outras curiosidades. De início, algumas considerações sobre o time argentino e o paraguaio.

HURACÁN x CRUZEIRO

Os dois clubes voltam a se enfrentar pela Libertadores após quatro anos. Em 2014, formaram o Grupo C. Na partida de ida, em Belo Horizonte, empate por 0 a 0. Já no Estádio Tomás Ducó, na Argentina, o Huracan venceu por 3 a 1. Do time que entrou em campo naquela oportunidade, o Cruzeiro tem três jogadores remanescentes: Fábio, Léo e Henrique. O Huracan ainda conta com dois atletas que estiveram atuando naquela oportunidade: o zagueiro Mancinelli e o meio-campo Toranzo.

Enquanto o Cruzeiro já disputou oito jogos pelo Campeonato Mineiro em 2019, o Huracan fez seis partidas. Porém, El Globo passou por uma troca de comando para este ano: saiu Gustavo Alfaro, que foi para o Boca Juniors, e chegou Antonio Mohamed. Até aqui, os números de “Turco” Mohamed não são animadores. Em seis jogos soma apenas uma vitória na Superliga Argentina, além de três empates e duas derrotas. No geral, o Huracan é o sétimo colocado na competição.

O Huracan tem no 4-4-2 o sistema tático mais utilizado por Mohamed desde que o técnico retornou ao clube. A equipe argentina se defende com o bloco baixo, com linhas defensivas mais próximas do próprio gol. (veja na imagem 1)

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Dificilmente sai para pressionar o adversário já no campo de ataque. Quando está postado no 4-4-2, os dois atacantes, Barrios e Gamba, formam o balanço ofensivo (número de jogadores e disposição no campo destes à espera por um contra-ataque/transição ofensiva). Assim, o Huracan geralmente se defende com 8 jogadores atrás da linha da bola (veja imagem 2). Tal comportamento pode dar liberdade para um dos volantes do Cruzeiro ter maior participação no momento ofensivo.

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Procura induzir o adversário para os lados do campo, afim de recuperar a posse, porém, os dois laterais apresentam fragilidade no aspecto defensivo. Contra times que utilizam os lados para tentarem progredir até a área, há um deficiência. Algo que pode ser explorado pelo time de Mano Menezes.

Na bola parada defensiva, como em um escanteio ou falta lateral, usa marcação individual, com um homem livre na primeira trave para uma possível interceptação.

Usa uma marcação zonal e dificilmente opta por encaixes individuais. O embate físico com os dois zagueiros, Mancinelli e Salcedo é fundamental para impedir o jogo entrelinhas do adversário.

– Quando procura sair para progredir ao campo ofensivo, o Huracan usa um 3-1-4-2 (veja na figura 3). O volante Rossi está encarregado de ajudar os defensores Salcedo e Mancinelli a iniciar as jogadas. O outro volante, Damonte, procura ser o “1” da linha de passe para continuar a transição. Aliás, Damonte tem papel importante para o equilíbrio do meio-campo do Huracan.

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Salcedo também faz uso de passes entrelinhas para se conectar com os meias Roa ou Auzqui. O atacante Gamba procura ficar posicionado perto de Barrios. A amplitude é gerada pelo lateral-direito Chimino, que procura abrir espaço entre o lateral-esquerdo adversário e o zagueiro para a infiltração no espaço de um meia ou atacante. O lateral esquerdo Araújo não é canhoto, e quando vai ao ataque acaba por afunilar a jogada. Concentra mais as jogadas ofensivas pela faixa central do campo do que pelas laterais.

Tem uma vocação ofensiva sem valorizar muito a posse da bola, busca recuperar e ir direto para o gol, com poucos passes ou bola longa tentando Barrios e Gamba. Assim, possui maior efetividade no número de finalizações ao contra-atacar o adversário, do que ao se organizar ofensivamente para criar uma oportunidade de gol. Uma variante é jogar Garro e não Auzqui, e Toranzo ou Roa.

Apresenta grande dificuldade quando o adversário pressiona a saída pelo chão feita por Mancinelli, Salcedo e Rossi, muitas vezes ocasionando um lançamento quase aleatório ao campo ofensivo. (veja imagem 4).

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Na bola parada ofensiva, os principais alvos são Damonte (procura se posicionar mais próximo à primeira trave), Barrios e Salcedo (na marca do pênalti) e Macinelli (na segunda trave). (veja na imagem 5)

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ATLÉTICO/MG x CERRO PORTEÑO

Quatro vitórias, dois empates e duas derrotas. É esta a campanha ate aqui do Cerro Porteño nos oito jogos disputados no Torneo Apertura, do Paraguai, em 2019. Assim como o Atlético, o time de Fernando Jubero também já disputou e empatou o principal clássico neste início de temporada, ficando no 2×2 contra o Olímpia, no último dia 18 de fevereiro.

Jubero está no Cerro desde agosto 2018, quando assumiu o Ciclon na sétima rodada do Torneo Clausura.  Mesmo tendo disputado apenas oito jogos nesta temporada, Jubero já promoveu uma mudança no sistema tático da equipe: utilizou um 4-3-3 nas duas primeiras partidas do Apertura, contra Guarani e Libertad. Já nos últimos seis jogos o time vem jogando em um 4-4-2 em fase defensiva. (veja imagem 6)

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Alterna, conforme o adversário, bloco de marcação médio para baixo. Ao jogar como visitante não costuma exercer forte pressão já no campo ofensivo. Utiliza uma marcação individual por setor (cada jogador persegue seu alvo até determinado espaço do campo). Por ser um time que procura ter a posse da bola, sofre mais finalizações quando é contra atacado. Porém, dos 8 gols sofridos no ano, 4 foram de bola parada.

Utiliza marcação individual na bola parada adversária. Deficiência que o Atlético pode explorar com Réver e Ricardo Oliveira. (veja imagem 7)

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– Ao se organizar ofensivamente, o Cerro Porteño se posiciona em um 4-2-4. (veja imagem 8). Procura fazer uma saída sustentada colocando 6 jogadores no campo defensivo, afim de atrair a marcação adversária e ao romper esta pressão buscar os jogadores posicionados no campo de ataque, especialmente os atacantes de lado de campo. O ponta pela esquerda Carrizo é o atacante mais acionado da equipe, tendo contribuído com três assistências nesta temporada.

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O volante Aguilar tem importante papel na estratégia de Fernando Jubero em ter na manutenção da posse da bola uma das características do time. Aguilar é o jogador com o maior número de passes certos, jogando mais centralizado e buscando a distribuição do jogo. (veja imagem 9).

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É um time que visa atacar o adversário se organizando ofensivamente, e não muito em contra-ataques. Já a bola parada ofensiva tem o volante Caceres e o centroavante Churin como principais alvos para quem cobra uma falta ou escanteio. O primeiro geralmente posicionado na segunda trave ou próximo à marca do pênalti. (veja imagem 10).

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No próximo post estaremos destacando Deportivo Lara, da Venezuela, e Nacional, do Uruguai.
Até lá!


OBS: os aproveitamentos de Huracan e Cerro Porteño na temporada foram contabilizados até 01/03/2019, data de publicação no texto. Os dois times voltam a campo no final de semana que antecede o estreia pela Libertadores. 

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