OS PILARES DA LOUCURA

Por @BolivarSilveira Um homem reconhecido internacionalmente por sua personalidade forte, un tanto LOCA, que encanta todos os torcedores por onde passa. Este é Marcelo Bielsa. Treinador de entrevistas longas e filosóficas, que gosta de examinar o futebol reflexivamente a cada explanação. Abaixo vamos apresentar alguns pilares conceituais que norteiam as ideias deste ícone do futebol. Em […]

Por @BolivarSilveira

Um homem reconhecido internacionalmente por sua personalidade forte, un tanto LOCA, que encanta todos os torcedores por onde passa. Este é Marcelo Bielsa. Treinador de entrevistas longas e filosóficas, que gosta de examinar o futebol reflexivamente a cada explanação. Abaixo vamos apresentar alguns pilares conceituais que norteiam as ideias deste ícone do futebol. Em tempo: o texto contém spoilers do que pode apresentar o LOSC Lille na temporada 2017/2018.

 

ORGANIZAÇÃO DEFENSIVA

A parte defensiva de Marcelo Bielsa representa muito bem como ele enxerga o jogo individualmente, mesmo que seja muito difícil ver seus times defendendo. Suas equipes são sempre muito ofensivas e de bastante transição. El Loco é conhecido por treinar exaustivamente movimentos de cada jogador em treinamentos, como no vídeo abaixo, do período em que comandava a Seleção Argentina.

Defensivamente as equipes do Bielsa adotam predominantemente a marcação por encaixe e individual (ou seja: o marcador acompanha o jogador dentro do setor onde ele atua, com deslocamentos mais ou menos longos), tendo fases em que opta por dominar o espaço (jogador mantém-se posicionado no seu setor em função da zona da bola, e não da posição do seu adversário). A ocupação do espaço e o domínio sem a bola só ocorre em momentos de equilíbrio defensivo e no primeiro terço do campo. Quando o pivote (primeiro volante) encontra-se em frente a primeira linha.

A marcação defensiva é alta. O jogador mais avançado é incumbido de bloquear a troca de passe entre os zagueiros adversários; os pontas brecam os laterais. Tentando provocar uma saída longa e rápida do rival (o famoso “balão”) ou inferioridade numérica e nervosismo no jogo pelo centro. A perseguição pelo marcador é sempre muito agressiva e incisiva. O objetivo é roubar a bola o mais rápido possível. Vale lembrar que Bielsa baseia seu esquema e seu jogo na superioridade por setor, o que exprime uma visão muito individualizada do jogo.

 

TRANSIÇÃO DEFENSIVA

Após a perda da bola, a missão é retomá-la o mais rápido possível. Ao observarmos o organismo da equipe, fica evidenciado uma diminuição em sua ocupação no gramado e marcações individuais com longas perseguições. Seus jogadores devem matar o ataque adversário o quanto antes, mesmo que isso custe alguns exaustivos metros percorridos. É uma marca dos times de Bielsa, como é possível perceber no vídeo abaixo, onde seu Athletic Bilbao pressiona a saída de bola do Barcelona de Guardiola.

 

TRANSIÇÃO OFENSIVA

Após o roubo da bola, os jogadores devem imediatamente ampliar (ocupar as laterais do gramado) e buscar boas posições para receber o passe. A transição é majoritariamente feita pelas laterais do campo, e bastantes verticais. Tendo um pivote ou o meia mais adiantado como opções por dentro para tabelas, acelerando e criando um jogo mais associativo.

 

ORGANIZAÇÃO OFENSIVA

Jogo é treino e treino é jogo. As jogadas que as equipes de Bielsa apresentam em partidas oficiais estão presentes em quase todos os vídeos de seus treinamentos. Essas jogadas são exaustivamente treinadas. Tão exaustivas que não raro entendiam setoristas que cobrem seu trabalho.

Ao terem a posse da bola os jogadores devem ampliar, deixando na faixa central do gramado apenas o pivote e o meia-ofensivo. A jogada característica de saída de bola e construção de ataque dependem do movimento dessa dupla citada, que oferece opção interna de passe após zagueiros e alas ampliarem.

A jogada de recuar-aprofundar também é muito utilizada por Marcelo. Ela se dá da seguinte maneira: o extremo que está no campo ofensivo deve recuar com velocidade para o campo defensivo, enquanto o ala do mesmo lado tem de ocupar rapidamente o espaço deixado pelo extremo (como no vídeo abaixo). É basicamente um movimento de troca e entre o meia-extremo e o lateral que ocupa sua faixa do campo.

A reunião de jogadores para atrair o adversário e pegá-lo desprevenido no lado contrário também é uma estratégia da cartilha de Marcelo. Tanto em jogadas construídas como em contra-ataques, onde o cruzamento atravessa a área para buscar a ultima opção, quase sempre desmarcada.

Outra estratégia muito utilizada é o tabelamento e a corrida pelas costas do jogador que tem a bola. Jogada que Bielsa chama de Orellana; referência ao atleta chileno que desempenha muito bem o papel no Celta de Vigo. El Loco é um ávido consumidor de futebol. Quando gosta de alguma jogada tenta implantá-la em seus treinos e as batiza com o nome do jogador que a executou, como no caso de Orellana.

 

LOSC LILLE

O LOSC programou um projeto para construção de um elenco novo com futebol ofensivo e limpo, convidando Marcelo Bielsa para comandar esta empreitada.

Alguns jogadores já começam a se destacar e outros vão se adaptando a forma muy peculiar de como o treinador gosta de trabalhar. Thiago Mendes claramente será o pivote à frente da zaga. Os zagueiros serão Alonso, Edgar Ié e Amadou. O último, com melhor qualidade e imposição física será o expoente na saída de bola, podendo atuar também a frente da linha defensiva.

A ala direita foi a posição de maior investimento com a contratação do ótimo Malcuit. O jogador já demonstra liderança e personalidade nos primeiros jogos da temporada. A função de vestir a “10” ficou a cargo de Benzia, atacante de bom passe e visão de jogo que começa a se adaptar à nova função. O setor de ataque está bem definido pelas pontas, contando na direita com Luiz Araujo, já xodó da torcida, e El Ghazi pela esquerda. Centralizado a disputa fica entre De Preville, jogador de mais mobilidade, e Ezequiel Ponce, mais físico e de jogo aéreo.

 

*Colaborou @_gabrieldud

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