PAQUETÁ: UMA JOIA ESSENCIALMENTE RUBRO-NEGRA

Por @RodrigoCout ‘’Craque o Flamengo faz em casa’’ e ‘’O time precisa de um camisa 10’’ são dois mantras repetidos seguidamente pela torcida rubro-negra. Mesmo que em baixa neste momento, em virtude da presença de jogadores com as duas características e premissas no atual elenco, as máximas são ansiadas na representação de um atleta que […]

Por @RodrigoCout

‘’Craque o Flamengo faz em casa’’ e ‘’O time precisa de um camisa 10’’ são dois mantras repetidos seguidamente pela torcida rubro-negra. Mesmo que em baixa neste momento, em virtude da presença de jogadores com as duas características e premissas no atual elenco, as máximas são ansiadas na representação de um atleta que vem ganhando cada vez mais notoriedade com o Manto Sagrado. Em seu segundo ano como profissional, Lucas Paquetá demonstra evolução e se coloca como um dos destaques do futebol brasileiro neste momento.

Os clichês apresentados no parágrafo anterior são fruto de uma irrefutável idolatria que a maior torcida do país tem na figura de Arthur Antunes Coimbra, o Zico. Desde a aposentadoria do Galinho de Quintino, não foram os poucos os meias talentosos oriundos da base do time da Gávea a serem taxados de “novos Zicos”. Obviamente algo que atrapalhou o processo de maturação e avaliação de diversos jovens. Até nisso Paquetá se diferencia. Ao contrário do que parece, o meio-campista não era considerado um destaque absoluto das divisões inferiores até o seu segundo ano na categoria Sub-20. Devagar ele foi conquistando o seu espaço e hoje é mais efetivo para a equipe do que os badalados Diego e Everton Ribeiro.

O jovem meia tem média de gols superior, finaliza mais e acerta mais dribles do que Diego e Everton Ribeiro.
O jovem meia tem média de gols superior, finaliza mais e acerta mais dribles do que Diego e Everton Ribeiro.
Paquetá recebe menos bolas e consequentemente dá menos passes do que Everton Ribeiro e Diego por jogo, mas o seu percentual de passes pra frente, ofensivos, é bem superior ao da dupla. É ele o homem mais agressivo em passes da equipe. Naturalmente erra um pouco mais por arriscar mais.
Paquetá recebe menos bolas e consequentemente dá menos passes do que Everton Ribeiro e Diego por jogo, mas o seu percentual de passes pra frente, ofensivos, é bem superior ao da dupla. É ele o homem mais agressivo em passes da equipe. Naturalmente erra um pouco mais por arriscar mais.

Gráfico 3

Trajetória

Lucas Tolentino Coelho de Lima nasceu no dia 27 de agosto de 1997, no Rio de Janeiro, e carrega composto ao seu nome de batismo o local onde morou em sua infância. Paquetá é uma ilha localizada na Baía de Guanabara, na realidade um bairro da Cidade Maravilhosa. A principal forma de acesso à ilha é a tradicional barca que parte da Praça XV, Centro da cidade. O meia chegou ao Flamengo com apenas 8 anos de idade e precisou superar um obstáculo que parece mentira ao olhar o atleta hoje.

Nunca houve dúvidas com relação à capacidade do jovem jogador. Sempre esbanjou qualidade técnica e muita habilidade em sua perna esquerda, mas Paquetá era extremamente franzino até o primeiro ano na categoria juvenil. Chegava a medir pouco mais de 1,50m e a sua capacidade física chegou a ameaçar carreira. Após ser colocado em um programa especial de suplementação alimentar e acompanhamento médico, o garoto floresceu em sua estrutura física e atualmente possui 1,80m com 72kg.

Paquetá no Sub-15 com o atacante Diego, ex-jogador da base rubro-negra
Paquetá no Sub-15 com o atacante Diego, ex-jogador da base rubro-negra

O ganho de massa, força e estatura fez com que Paquetá se firma-se na posição de preferência, como um típico ‘’10’’, atuando centralizado na linha de meias, ou como um ‘’meia interior’’ no 4-1-4-1 bastante utilizado na base do Flamengo. Antes disso, por se tratar de um jogador muito habilidoso, era escalado muitas vezes pelos lados do campo. Uma estratégia também para fugir das disputas mais físicas e do menor espaço que geralmente há na faixa central do gramado.

Campeão da Copa São Paulo Sub-20 em 2016 sob o comando do técnico Zé Ricardo, estreou nos profissionais do clube em março daquele ano com Muricy Ramalho. Atuou por 27 minutos na vitória por 3×1 sobre o Bangu em Volta Redonda. Ainda voltaria a atuar mais quatro minutos saindo também do banco de reservas na partida contra o Figueirense pela Primeira Liga, mas só se firmaria entre os profissionais no ano seguinte.

Iniciou 2017 com uma participação decepcionante ao lado da Seleção Brasileira Sub-20 no Sul-Americano da categoria, mas a temporada no Flamengo foi pródiga. Chegou a fazer 11 jogos, apenas dois como titular, quando Zé Ricardo era técnico da equipe, mas teve sequência mesmo nas mãos de Reinaldo Rueda. No dia 19 de agosto de 2018 foi improvisado como centroavante na vitória por 2×0 contra o Atlético/GO. Vizeu foi poupado para a semifinal da Copa do Brasil quatro dias depois, Guerrero estava lesionado, e como Leandro Damião havia saído para o Internacional, coube ao garoto de agora boa complexão física a incumbência de ser a referência ofensiva rubro-negra.

O destino fez com que ganhasse nova oportunidade na equipe titular novamente na função, no primeiro jogo da final da Copa do Brasil, no Maracanã, contra o Cruzeiro. Com personalidade, traço forte das suas características de jogo, não sentiu a partida. Movimentou-se bem, deu trabalho ao sólido sistema defensivo do time de Mano Menezes e marcou o gol do Mais Querido no 1×1. Pelos próximos dois meses ganharia mais minutos no ‘’11 inicial’’ até virar titular em novembro.

Num momento onde a torcida do Flamengo e parte da imprensa cobravam mais atitude da equipe dentro de campo, Paquetá, com apenas 20 anos, acrescentava isso e mais todas as suas valências técnicas em um time repleto de nomes badalados. Foi peça importante na reta final do Brasileirão e na campanha do vice-campeonato da Copa Sulamericana, caindo de vez nas graças da torcida ao se apresentar muito bem em ‘’jogos grandes’’ e marcar na final da competição continental contra o Independiente no Maracanã.

Como Paquetá vem jogando hoje no Flamengo
Como Paquetá vem jogando hoje no Flamengo

No 4-1-4-1 de Paulo César Carpegiani em 2018, onde, de acordo com o treinador, ‘’os melhores jogam’’, Paquetá é titular absoluto e vem apresentando números superiores aos outros dois principais articuladores da equipe.

Paquetá ocupa um pouco mais o lado esquerdo. Diego flutua pelos dois lados e Everton Ribeiro mais o lado direito. Os três flutuam na entrada do terço final
Paquetá ocupa um pouco mais o lado esquerdo. Diego flutua pelos dois lados e Everton Ribeiro mais o lado direito. Os três flutuam na entrada do terço final

Potencial Técnico

Lucas Paquetá é o típico meia que se espera no futebol atual. Muito talento na perna esquerda. Qualidade no passe, visão de jogo, capacidade de improviso e habilidade bem acima da média. Possui força física para os duelos individuais, boa proteção e condução de bola. Apesar de não ser um atleta considerado rápido, tem explosão nas arrancadas e rapidez de raciocínio. Cabeceia muito bem, mas precisa melhorar a finalização de média distância com a bola rolando.

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Com a bola parada é um exímio cobrador de faltas de média distância e possui ótimo aproveitamento em faltas laterais. A batida não ganha muito efeito. É mais ‘’chapada’’, mas a bola sai com muita velocidade e precisão. Sua tomada de decisão ainda não é perfeita. Pode melhorar, principalmente ao exagerar em algumas ocasiões no número de tentativas de dribles quando há uma opção melhor de jogada.  Apesar disso tem evoluído bastante neste aspecto em pouco tempo no profissional.

Um ponto de destaque no seu jogo é a ajuda no momento defensivo. Tem bem desenvolvida no seu estilo a rápida mudança de atitude entre atacar e defender. Responde bem nas transições defensivas e é agressivo na abordagem de marcação. Por não ser um marcador nato acaba fazendo mais faltas que o aconselhável por isso, mas não é visto dando o famoso ‘’migué’’ que muitos jogadores talentosos dão na parte defensiva.

GIF-2 (1)

Parte Tática

Joga preferencialmente pela faixa central do campo, seja como um típico ‘’10’’, por trás do centroavante, como meia central ou ponta de lança. Mas também pode jogar pelos lados. Como um ‘’ponta construtor’’, jogador que parte do lado do campo, mas que flutua para faixa central visando aproveitar o espaço entre as linhas de marcação do oponente e gerar superioridade numérica no setor. Atualmente vem partindo dos lados e variando para o meio dentro do esquema do Flamengo. Pode atuar improvisado como referência ofensiva. Sabe proteger bem a bola de costas para o adversário e possui chegada muito forte na área. Outra função que pode desempenhar é a de ‘’falso 9’’, tem inteligência para flutuar entre as linhas.

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Conclusão

Paquetá é um grande exemplo de como um talento pode ser trabalhado e potencializado em conjunto com a Ciência do Esporte. Ganhou novas características sem perder a naturalidade e a qualidade genética do seu jogo. O Flamengo tem um grande jogador em mãos. Um atleta que, com a evolução natural do ganho de idade e rodagem profissional, pode ser protagonista por um bom tempo e gerar uma ótima venda para o futebol europeu, caminho natural das coisas.

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