PERSPECTIVA TÁTICA - A NOVA REGRA DO TIRO DE META COM A POSSE DA BOLA

Por André Andrade No início do ano, foram definidas mudanças nas regras do futebol pela International Board. Dentre elas, a mudança com relação a cobrança do tiro de meta. Antes, era necessário a bola sair da grande área para estar em jogo, a partir da mudança, a bola está em jogo assim que se executa o primeiro toque. […]

Por André Andrade

No início do ano, foram definidas mudanças nas regras do futebol pela International Board. Dentre elas, a mudança com relação a cobrança do tiro de meta. Antes, era necessário a bola sair da grande área para estar em jogo, a partir da mudança, a bola está em jogo assim que se executa o primeiro toque. Assim sendo, os jogadores do time com a posse podem receber o passe dentro da área. Já na equipe que está sem a posse, seus jogadores devem ficar fora da grande área, até que a bola seja colocada em jogo.

Já é possível ver equipes se adaptando as novas regras na saída de bola. Neste texto, o objetivo é apresentar pontos positivos e negativos, modelos com e sem a bola destas novas possibilidades que surgem.

No primeiro texto, iremos apresentar os modelos das equipes utilizando a posse de bola. Amanhã (05/08), lançaremos as análises quando o time não possui a bola.


 

EQUIPE COM POSSE DE BOLA NO TIRO DE META

A equipe com bola nas situações de tiro de meta é a que pode obter mais benefícios dessas situações. Estando com a posse de bola, o tiro de meta permite que seu time possa se posicionar tanto “onde” (lugar no campo), quanto “como” (orientação corporal, disTâncias em relação aos companheiros) dentro dos conceitos e objetivos do treinador.

As possibilidades nessa fase do jogo como sempre são infinitas. Entretanto, as mais comuns são: atrair o adversário dentro da área, e através disto explorar os espaços nas costas da pressão, nas entrelinhas ou laterais. Além do passe ao espaço diretamente as costas da última linha defensiva rival, como já vimos Ederson fazer no Manchester City por exemplo, mas para tal se necessita de um goleiro com maior precisão técnica e força nos lançamentos.

SUPERIORIDADE NUMÉRICA

Através da superioridade numérica, ou seja, ter mais jogadores próximos a zona da bola (com uso do goleiro, por exemplo), se faz possível a criação de linhas de passe, atração de adversários e saída de pressão de forma satisfatória.

A superioridade numérica 4 contra 2.
A superioridade numérica 4 contra 2.

 

SUPERIORIDADE POSICIONAL

Pode se configurar de diferentes formas, mas a base do conceito é se encontrar em uma situação onde se tenha uma possibilidade ótima de prosseguimento na jogada(geralmente com mais espaço-tempo), mesmo em igualdade numérica no setor , ou sendo marcado, é quando a sua localização no campo e orientação corporal facilitam a próxima ação a ser executada de forma rápida e eficiente.

A saída de bola posicional no tiro de meta.
A saída de bola posicional no tiro de meta.

SUPERIORIDADE QUALITATIVA

Quando há algum jogador com capacidades acima da média em determinado quesito e um duelo isolado pode ser benéfico para a equipe: por exemplo, um lateral rápido e técnico contra um ponta que não é tão bom no momento defensivo.

CONDUZIR PARA ATRAIR

Através da condução de bola é possível mobilizar adversários e tentar condicioná-los a respostas específicas, como por exemplo a abertura de uma linha de passe, ou o aparecimento de certo espaço em campo, deixando deste modo “buracos” na organização defensiva adversária.

Conduzir para atrair, porque quando se atrai, se divide e quando se divide, se cria espaço. Quando um jogador conduz a bola, ele pode gerar desequilíbrios e quando um adversário sai de seu posicionamento original para tentar impedir esta condução, outro companheiro fica livre. Deste modo, se pode passar a bola e o companheiro recebe com mais espaço e tempo. Se algum outro jogador adversário (jogador X) chegar para marcá-lo, adivinhe? Provavelmente mesmo que de forma instantânea, outro companheiro (que estava sendo marcado por este jogador X) ficará livre e deste modo se cria perturbações no sistema defensivo adversário que exigem constantes adaptações para tentarem sair das situações que podem ser desvantajosas.

Laporte drible e condução para desequilíbrio

DRIBLAR PARA ATRAIR

Do mesmo modo que na condução, o drible pode ser uma alternativa eficiente para saídas de pressão e para atrações de rivais. Após superar o rival, pode se encontrar em uma condição favorável ao prosseguimento da jogada, também com a criação de desequilíbrios na estrutura do oponente.

MOVIMENTOS NAS ENTRELINHAS

Quando o jogador se posiciona entre as linhas do adversário, ele pode causar dúvidas na marcação, explorar espaços as costas de jogadores e receber com mais espaço e tempo para dar prosseguimento a jogada. Existe também a mudança de posicionamento entre jogadores (ou rotações) que podem se encaixar também como uma movimentação interessante dependendo do cenário do jogo.

Laporte com passe entrelinhas e continuação da jogada

AMPLITUDE

Aproveitar a largura máxima do campo, colocando jogadores perto da linha lateral, aumenta o espaço possível de jogo e também pode causar ao adversário o balanço das linhas para conter os avanços de tais jogadores, abrindo espaços em outros setores.

PROFUNDIDADE

Deixar o campo maior em profundidade, aumentando assim o espaço efetivo de jogo, e aumentando a distância entre a primeira e a última linha de pressão do adversário, levando a equipe adversária a se preocupar em cobrir um maior espaço.

A profundidade pode ser executada no momento do tiro de meta. O atacante fixando os zagueiros adversários, assim como os extremas obrigando os laterais a manterem a posição devido a possibilidade de exploração de espaço no setor.

O CAP mantém a profundidade fixando a última linha adversária

LINHAS DE PASSE AO PORTADOR

O portador da bola deve ter três opções de passe: na vertical, para a progressão da jogada no terreno de jogo; horizontal, caso deseje a mudança de direção no jogo; passes de segurança atrás da linha da bola para que possa ocorrer uma “reciclagem” na posse. Além das associações perto que geralmente permitem um passe mais perto e rápido com movimentação.

GESTÃO DE ESPAÇO

Os espaçamentos e as distâncias de relação entre os jogadores devem ser treinadas e estruturadas de forma a possibilitar um bom uso do espaço do jogo e propiciar a equipe e ao jogador o melhor uso do espaço de maneira coletiva e também para ações individuais, seja passe, drible, condução.

Abertura no lateral em amplitude, retirada de pressão e avanço entrelinhas CAP, chance de gol

ORIENTAÇÃO CORPORAL

Temos facilidade para nos locomover e para perceber o ambiente que está a nossa frente devido a locomoção das nossas pernas, do nosso campo de visão e de nossa visão periférica. Portanto, imaginando uma situação no jogo de futebol, devemos estar no lugar adequado e nos posicionar de maneira que facilite nosso próximo movimento, visto que se o jogador recebe a bola de frente para a seta amarela e deseja continuar o movimento em direção a seta vermelha pode ser extremamente difícil devido aos fatores presentes no jogo (aleatoriedade, pouco espaço, pressão do adversário).

 

Imagem 3

Desse modo deve-se treinar e otimizar as tomadas de decisão e os “scans” do campo (observação do campo) que os jogadores fazem com a visão para terem uma “fotografia” da situação antes da bola chegar em seus pés, tomando assim a melhor decisão para aquele contexto.

 

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