QUANDO VIAJAR É UM PROBLEMA
Por @_GabrielCorrea Por que no Brasil não se desempenha um futebol igual na Europa? Falta de preparo dos treinadores, jogadores saindo cedo, falta de dinheiro, calendário cheio, algo mais? De fato, ainda faltam argumentos ofensivos para nosso técnicos se destacarem no quesito – apesar das grandes defesas montadas. Também é verdade que perdemos nossas promessas […]
Por @_GabrielCorrea
Por que no Brasil não se desempenha um futebol igual na Europa? Falta de preparo dos treinadores, jogadores saindo cedo, falta de dinheiro, calendário cheio, algo mais?
De fato, ainda faltam argumentos ofensivos para nosso técnicos se destacarem no quesito – apesar das grandes defesas montadas. Também é verdade que perdemos nossas promessas muito cedo para clubes europeus com poder financeiro e mais estruturados.
Chegamos no Calendário. Bom, as equipes brasileiras fazem em média 75 jogos por ano, jogando quarta e domingo durante mais de 30 semanas (do total de 52). Isso é um fato. Na Europa, quando uma equipe chega a final da Champions, faz algo próximo dos 65 jogos – e numa temporada que muitas vezes é a exceção.
Agora, um ponto que desconsideramos muitas vezes diz respeito a geografia do Brasil. O país tem 8.516.000 km², enquanto a Europa tem 10.180.000 km² e, retirando a parte europeia da Rússia, teríamos “apenas” 6.220.000 km². Ou seja, caberia dentro do Brasil.
A ideia desta amostragem, não é afirmar que o nível de nosso futebol é baixo apenas pela distância percorrida pelas clubes. Rogério Ceni em entrevista recente mostrou que os gramados dos estádio são um dos fatores para termos um jogo mais lento.
Dito isso, pegamos Grêmio (2017) e Real Madrid (16/17) como exemplos para ilustrar estas grandes diferenças. Dois clubes que foram campeões continentais e se enfrentaram na final do Mundial de Clubes. O resultado não surpreende.
No ano passado, o Grêmio fez 79 jogos, sendo 39 deles disputados fora de casa ou em campo neutro. Nestas viagens, o Tricolor percorreu 109.892 km entre Al Ain (12.985 km), Guayaquil (4.335 km), Recife (2.982 km) e Salvador (2.307 km), por exemplo, número que representa o equivalente a duas voltas e meia no mundo.
Além das grandes viagens, isto representa no contexto um dia menos de treinamento ou descanso que a equipe perde durante a viagem. A não ser que os jogadores queiram treinar no aeroporto igual a Seleção Brasileira em comercial da Nike.
Número de jogos e minutos disputados pelo time titular do Grêmio durante 2017:
Marcelo Grohe – 57 jogos e 5.176 minutos
Edílson – 40 jogos e 3.368 minutos
Geromel – 46 jogos e 4.074 minutos
Kannemann – 56 jogos e 5.028 minutos
Cortez – 46 jogos e 4.024 minutos
Arthur – 50 jogos e 3.786 minutos
Michel – 52 jogos e 4.096 minutos
Ramiro – 60 jogos e 5.262 minutos
Luan – 56 jogos e 4.512 minutos
Fernandinho – 59 jogos e 3.574 minutos
Pedro Rocha – 40 jogos e 3.102 minutos
Barrios – 45 jogos e 2.964 minutos
Na sua última temporada, o Real Madrid disputou 64 jogos, sendo 33 deles disputados fora de casa ou em campo neutro. Nestes trajetos, foram percorridos 73.752 km entre viagens como Yokohama (10.796 km), Nova Jersey (5.835 km), Trondhein/NOR (2.724 km) e Cardiff (1.232 km) algo que representa uma volta e meia na terra.
Contextualizando, ainda vale destacar que raramente um clube é bicampeão europeu seguido (não ocorria desde o Milan de Gullit, Rijkaard e Van Basten) e, por isso, os madrilhenhos viajaram além da média com a disputa do Mundial de Clubes e Supercopa da Europa, além de uma pré-temporada nos Estados Unidos.
Número de jogos e minutos jogadores pelo time titular do Real Madrid em 16/17:
Navas – 41 jogos e 3750 minutos
Carvajal – 41 jogos e 3549 minutos
Varane – 39 jogos e 3382 minutos
Sergio Ramos – 44 jogos e 3988 minutos
Marcelo – 47 jogos e 3879 minutos
Casemiro – 42 jogos e 3313 minutos
Kroos – 48 jogos e 4169 minutos
Modric – 41 jogos e 3304 minutos
Isco – 42 jogos e 2338 minutos
Bale – 27 jogos e 1934 minutos
Cristiano – 46 jogos e 4126 minutos
Benzema – 48 jogos e 3240 minutos
O resultado? 30 mil km a menos para os europeus, viagens mais curtas e mais tempo para descanso e trabalho. Volto a repetir que a ideia não é ser definitivo no debate, mas iniciá-lo.
E para você, qual o principal problema do futebol brasileiro em relação a Europa? Comente a vamos ampliar nosso debate.
*Precisamos diferenciar as distâncias em duas: terrestres e aéreas. Na primeira, se utiliza o número de km’s percorridos nas estradas, enquanto na segunda o cálculo é feito por meio da distância em linha reta. Quando a equipe enfrenta alguém da sua cidade ou região metropolitana, as distâncias também são descontadas.
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