Cinco ameaças e cinco oportunidades para o São Paulo na final da Sul-Americana
A final da Sul-Americana é o jogo da década do São Paulo. O enfrentamento tático promete ser muito interessante, com oportunidades e ameaças claras.
O jogo de uma década. Assim é tratada a final da Sul-Americana no São Paulo, inclusive de maneira pública por parte do técnico Rogério Ceni e de jogadores. A decisão será disputada em Córdoba, na Argentina, no sábado (1), às 17h, contra o Independiente Del Valle e promete um enfrentamento tático bastante interessante, por conta das armas e defeitos das duas equipes. Vamos aqui listar cinco ameaças e cinco oportunidades para o Tricolor Paulista na busca por voltar a ganhar um título internacional após 10 anos.
Ameaças
1. Zaga em inferioridade numérica
O Independiente del Valle joga no 5-3-2, com dois alas bastante espetados, dois atacantes e a chegada de dois meias (Angulo e Faravelli) que compõem o meio-campo ao lado de Pellerano, 1° volante. Fez as contas? Somando alas, atacantes e meias, serão cinco atletas realizando movimentos em direção à linha defensiva do São Paulo, formada por quatro jogadores nas últimas partidas.
Se Rogério Ceni optar por defender com essa linha mais estreita, protegendo a grande área, os alas dos Rayados del Valle terão espaço. Se os laterais do São Paulo tiverem mais liberdade para quebrar a linha e dar combate nos lados do campo, os meias adversários infiltrarão no espaço entre zagueiros e laterais tricolores, uma das armas favoritas do time equatoriano. Alisson e Patrick precisarão ser impecáveis na recomposição.
2. Bola nas costas
Apesar de ser caracterizado pelo Jogo de Posição e o domínio da posse da bola, o time treinado por Martín Anselmi não é avesso às jogadas diretas e lançamentos longos, muito pelo contrário. Dotado de atletas de explosão do meio para frente, o Del Valle utiliza a flutuação de Sornoza para atrair os zagueiros rivais e abrir espaço nas costas da defesa para os facões do artilheiro da equipe na competição, Lautaro Díaz — até o momento é dúvida para sábado. Esse movimento pode ser fatal contra quem marca por encaixes individuais, como o São Paulo.
3. Toque de bola rápido
O Independiente del Valle é apontado como um exemplo de gestão na América do Sul porque tem uma filosofia muito clara na formação de elencos, nas finanças e no modelo de jogo. Desde as categorias de base os jogadores trabalham inseridos na maneira de jogar do profissional e, portanto, a equipe equatoriana está preparada para ter a bola. O que isso significa? Uma capacidade grande para jogar de primeira, inverter o jogo rapidamente e encontrar espaços nas defesas adversárias.
4. Pressão e contra-ataque
Outro traço importante do rival do São Paulo na final da Copa Sul-Americana é a marcação alta. Os cinco jogadores de meio e ataque povoam o centro do gramado, obrigando os oponentes a jogarem pelos flancos. Quando a bola chega na lateral, a equipe se movimenta em bloco para formar uma zona de pressão no setor e conseguir a roubada por ali.
Ao recuperar a posse da bola, um atacante costuma oferecer um apoio frontal, o famoso pivô, devolver para um meia de frente para o gol, enquanto três ou quatro atletas disparam para o ataque e recebem a bola nas costas da zaga rival. É uma arma muito perigosa do del Valle.
5. Linhas de impedimento
Na semifinal da Sul-Americana, o Melgar-PER, adversário do Independiente del Valle, teve 14 impedimentos marcados na soma dos dois confrontos. Por quê? Os equatorianos executam bem o conceito da bola coberta e descoberta, ou seja, quando a bola está pressionada, a defesa sobe. A intenção é encurtar o campo, reduzir as linhas de passe e deixar o rival impedido. Se o oponente não estiver pressionado, a zaga corre para trás. Para um time que usa frequentes cruzamentos e lançamentos para Calleri, isso pode ser um transtorno.
Oportunidades
1. Espaço entre os zagueiros
Ao passo que a linha de impedimento é uma ameaça, o fato da defesa do Del Valle jogar adiantada oferece ao São Paulo a possibilidade de aproveitar jogadas em profundidade, se elas forem realizadas no tempo certo. Os zagueiros do time equatoriano se afastam bastante entre si quando avançam para dar combate e, nesse momento, Léo, Pablo Maia e Nestor podem encontrar bons passes para as corridas de Patrick, Alisson, Luciano e Calleri.
2. Superioridade numérica no meio-campo
Se as equipes mantiverem as formações para a final, o São Paulo estará no 4-4-2 e o Independiente del Valle no 5-3-2, ou seja, o Tricolor terá mais jogadores na linha média. Sob o ponto de vista defensivo, essa vantagem pode travar a construção do adversário, cortando linhas de passe por dentro e reduzindo espaços para finalizações. Além disso, permite com que Patrick ou Alisson, meias pelos lados, voltem até o final com o lateral ou subam pressão em cima do trio de zaga sem deixar o meio-campo em inferioridade numérica.
No momento ofensivo, a superioridade facilitará a troca de passes do Tricolor, proporcionando maiores chances de sair da marcação alta do rival, ganhas segundas bolas e trocar passes. Se levarmos em consideração que Luciano gosta de sair do ataque para construir pelo centro, o São Paulo pode fazer 5×3 no setor. Para compensar, os zagueiros do del Valle tendem a quebrar a última linha e dar combate no meio, deixando espaços nas costas.
3. Força física
O time do São Paulo é fisicamente superior ao oponente equatoriano. Além disso, é uma equipe que gosta da marcação individual, sabe usar a bola longa no Calleri e, portanto, está acostumada com um jogo de mais choque, mais brigado. Os melhores momentos tricolores no ano vieram a partir de uma marcação alta, capaz de morder o tempo todo e sufocar qualquer um no Morumbi. Dessa forma, em bloco alto ou baixo, a equipe precisa ter concentração e gás durante toda a partida para a marcação individual ser bem realizada. Se obtiver sucesso nesse aspecto, a superioridade física dos meias e zagueiros brasileiros proporcionará muitas roubadas de bola.
4. Jogo aéreo
Rápidos e bons na saída de bola, os zagueiros do del Valle não vão bem em jogadas pelo alto. Falta a eles maior imposição física para ganhar dos atacantes no corpo e velocidade de reação para rebater mais bolas. E para levar perigo, o São Paulo não precisará ir até a linha de fundo: cruzamentos fechados da intermediária, entre defensores e goleiro, costumam causar problemas para a defesa equatoriana. Por isso, as infiltrações de Patrick, Alisson e Nestor serão imprescindíveis.
5. Zagueiros velozes
Titulares absolutos ao longo de todo o ano, Diego Costa e Léo formam uma dupla de zaga com boa saída de bola e veloz. Não obstante, são mais fortes que a maior parte dos defensores enfrentados pelos atacantes do Independiente del Valle. Eles deverão dar segurança para que os jogadores tricolores pressionem o adversário e persigam individualmente os oponentes, sem se preocupar com o que está acontecendo atrás. Se ambos conseguirem controlar de perto a dupla de ataque adversária, igualando na velocidade e se impondo nos lances aéreos, o São Paulo deve ter o controle do jogo. Capacidade para isso eles têm.
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