Os brasileiros mais importantes da Serie A : a votação
A votação do Footure e do Calciopizza foi feita pelo público! Agora é a hora de apurar os resultados
Como vocês ouviram na última edição do Calciopizza, e na última coluna de futebol italiano aqui no Footure, nós estávamos em um processo eleitoral. Um processo eleitoral para definir um time titular. Um time dentre os brasileiros mais importantes que jogaram no futebol italiano de clubes, ou mesmo dentre os que frequentaram a Azzurra.
Nós elegemos os jogadores brasileiros mais importantes dos últimos anos na Serie A em cada posição. Com goleiros, laterais, um para cada lado, zagueiros, e inicialmente, distinção de volantes e meias, e de pontas para atacantes, mas posteriormente, volantes foram unificados na meia, e pontas, unificados no ataque, para que se pudesse escolher melhor o seu time.
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Para a escolha, só havia um critério específico: jogadores que tenham tido sua última passagem no futebol italiano até 2017, o que inviabilizaria jogadores da atualidade em sua maioria, salvo alguns casos de veteranos, como Thiago Silva e Hernanes, bem citados na votação. Critério este que fez com que alguns jogadores da atualidade votados, como o goleiro Alisson, famoso pelo seu período vestindo a camisa da Roma, tivessem votos anulados.
Alguns jogadores brasileiros marcantes em seu período na Itália, como ídolos dos anos 30, os primeiros oriundi, e outros a partir dos anos 50, como Faustinho Cané, Angelo Sormani, Casagrande, Batista, Marcos Assunção, Mazinho, Matuzalém, Amauri, e entre outros, acabaram não sendo pré-selecionados, a quem faço uma homenagem por aqui e um tributo sobre como foram marcantes, embora a concorrência nacional, talvez seja desleal para eles.
Afinal de contas, só na formação titular escolhida por todos, 8 dos 11 jogadores foram campeões continentais por pelo menos um de seus clubes na Itália, e 10 dos 11 escolhidos pelo público foram campeões pelos seus clubes na Itália.
Vocês já conhecem a história de todos eles, mas vamos ao resumo das votações:
GOLEIRO
Aqui, Dida venceu com uma facilidade até certo ponto inesperada, tamanho o impacto de Júlio César. Mas se comprovou o impacto dele no período. No duelo entre goleiros titulares dos clubes de Milão e campeões da Champions League, venceu o baiano rossonero em relação ao carioca nerazzurro. Também foi votado Taffarel, pelo seu período em Parma e Reggiana, que merece menção por ser o pioneiro dos goleiros brasileiros na Itália, embora nesse caso sofra com a forte concorrência de dois multicampeões como Júlio César e Dida, que nesse caso, venceu talvez pela imagem decisiva ser maior, com um título de Champions contra a Juventus definido na sua especialidade: os pênaltis.
Dida — 62,4%
Júlio César — 34,1%
Taffarel — 3,1%
Nulos — 0,4%
LATERAL-DIREITO
Nesta posição, a maior distância na votação a favor de Cafu. Pesam as excelentes atuações no Milan, como pesam as também atuações de primeira classe nos tempos de Roma, o que o fez ganhar com larga vantagem frente a Maicon, que teve seus momentos inesquecíveis também com a camisa da Roma, e muito mais inesquecíveis no período da Inter. Curiosamente, apenas um eleitor optou por uma votação com três zagueiros e indicou nessa função (e escolheu Leo Júnior como meia).
Cafu — 80,8%
Maicon — 18,8%
Três zagueiros — 0,4%
LATERAL-ESQUERDO
No lado esquerdo, a vaga foi mais disputada. Até Roberto Carlos, de rápida passagem pela Inter, foi citado, mas a vitória acabou sendo do lateral-esquerdo que talvez tenha sido o mais vencedor de todos eles. É bem verdade que Leovegildo Júnior foi herói nos seus tempos de Torino e Pescara, grande dentro e fora de campo, que Júnior foi campeão pelo Parma, e que Branco fez história principalmente pelo Genoa, onde é cultuado até os dias de hoje, mas a votação premiou
Serginho — 43,5%
Leovegildo Júnior — 37,3%
Júnior — 11%
Branco — 7,5%
Roberto Carlos — 0,8%
ZAGUEIROS
A antecipação de Aldair para a primeira posição foi tão rápida quanto as que fazia em campo pela Roma entre 1990 e 2003. Um zagueiro campeão de quase tudo com a camisa giallorossa e que teve sua camisa aposentada pelo clube dificilmente ficaria de fora. E a escolha da dupla titular acabou privilegiando campeões do mundo pela Seleção, com a escolha de Lúcio, vencedor de basicamente tudo com a camisa da Inter, seja em todos os seus 3 anos nerazzurri, ou mesmo no único triplete da história do futebol italiano, em 2009–10, em que chegou a ser apontado o melhor zagueiro do mundo.
Também vale a menção honrosa pra campeões como Thiago Silva, de sucesso pelo Milan, Juan, ídolo da Roma como Aldair, e outros citados na votação, como o pioneiro Edinho, na Udinese, e outros brasileiros. Neste caso, como a votação contemplava mais de um voto, a porcentagem será maior que 100% do total.
Aldair — 71,4%
Lúcio — 52,2%
Thiago Silva — 31,8%
Juan — 29,8%
Antônio Carlos — 6,3%
Júlio César — 4,7%
André Cruz — 2,4%
Edinho — 2%
André Dias — 1%
MEIO-CAMPISTAS
Nesta situação, a votação de volantes e meio-campistas comuns acabou sendo unificada. Melhor para dois volantes com histórico de meio-campistas, ambos ídolos romanistas, mas um deles com história maior com a camisa da Sampdoria. Falcão e Toninho Cerezo. Perfeitamente o público escolheu dois jogadores com histórias na volância no passado, e dois jogadores com história do meio pra frente, como Kaká, o único a desbancar Messi e Cristiano Ronaldo em uma votação para melhor do mundo, e como Zico, o único da lista geral que não conquistou títulos com sua Udinese, embora tenha sido tão marcante por lá a ponto de aparecer nessa lista, e estar no panteão dos maiores heróis em Udine, ao lado apenas nos dias atuais de outro camisa 10: Di Natale. Neste caso, como a votação contemplava mais de um voto, a porcentagem será maior que 100% do total.
A votação acabou sendo complicada para os volantes como Emerson e Alemão, que tiveram boa votação, mas tiveram a concorrência grandiosa de Falcão, Cerezo, Kaká e Zico, o que acabou deixando todos eles de fora do time final de escolhidos. Também vale a lembrança de alguém que não foi votado na eleição de jurados do Calciopizza, mas que foi votado e bem lembrado pelo público: Nenê, brasileiro campeão pelo Cagliari na temporada 1969–70, e maestro do time sardo naquela conquista, com grande distribuição de passes para o trio de ataque liderado por Gigi Riva.
Aliás, quanto a três dos quatro vencedores, recomendo a próxima edição do Calciopizza, disponível no final do post, que trata sobre o período da disputa de artilharia na primeira metade de uma das décadas de ouro do Calcio, entre Platini e Pruzzo, período em que Falcão e Cerezo muitas vezes municiaram o “bomber” Pruzzo, e período em que Zico foi um dos únicos a ameaçar o reinado de Platini, na temporada 1983–84, sua primeira na Itália.
Kaká — 95,3%
Falcão — 88,2%
Zico — 47,8%
Toninho Cerezo — 44,3%
Emerson — 19.2%
Alemão — 12,2%
Leonardo — 11,4%
Hernanes — 6,7%
Thiago Motta — 5,9%
Dunga — 5,1%
Mancini — 4,3%
Dino Sani — 2,7%
Taddei — 2%
Chinesinho — 0,8%
Nenê — 0,4%
Anulados — 0,4%
ATACANTES
Por aí, a votação que foi pré-selecionada entre pontas e atacantes, acabou também sendo unificada como a dos meio-campistas. Melhor para dois campeões da Copa da UEFA (atual Europa League) por seus clubes: Ronaldo, campeão com a Inter em 1997–98 e Careca, campeão com o Napoli em 1988–89. E apesar da boa concorrência, venceram talvez dois dos jogadores mais importantes no geral dentre os brasileiros na Itália. Um, Bola de Ouro em seu período na Itália (1997). O outro não pode concorrer devido as restrições da Bola de Ouro no período (até 1995, não-europeus não concorriam ao prêmio), feito que nem seu grande parceiro Maradona no período de grandes conquistas pelo Napoli, conseguiu. Embora da dupla vencedora, Careca conseguiu vencer um Scudetto, já Ronaldo, não teve o mesmo sucesso, nem pela Inter, e nem na passagem pelo Milan.
A concorrência acabou sendo desleal com alguns deles. Especialmente os pontas históricos como Julinho Botelho, Jair da Costa, Dirceu, Dino da Costa, João Paulo e Sérgio Clerici, heróis em seus clubes na Itália, mas que em comparação a outros como Adriano, Amoroso, e José Altafini (Mazzola), e até um surpreendente Sócrates, acabaram saindo prejudicados, embora tenham seu reconhecimento na votação, como vamos mostrar. Neste caso, como a votação contemplava mais de um voto, a porcentagem será maior que 100% do total.
Ronaldo — 79,2%
Careca — 74,1%
Adriano — 51,4%
José Altafini , o Mazzola — 23,5%
Julinho Botelho — 9,4%
Amoroso — 8,2%
Sócrates — 6,3%
Jair da Costa — 4,3%
Amarildo — 2,0%
Dirceu — 1,6%
João Paulo — 0,8%
Ronaldinho — 0,4%
Sérgio Clerici — 0%
TREINADORES
Um ponto em comum entre os três indicados, é que ambos tiveram como melhores campanhas vice-campeonatos, seja por Juventus (Paulo Amaral), Napoli (Luís Vinício) e Inter (Leonardo). Neste caso, acabou vencendo Leonardo, que também o único destes a ter sido campeão, da Coppa Italia em 2010–11, o último título da Inter, embora em seu período, neste caso, ficou marcado o fato de perder o campeonato para o rival Milan, onde fez história como jogador (e por isso, por anos, foi chamado de judas pelos milanistas), e encerrou o domínio interista de 5 anos. Neste caso, venceu o mais recente, embora seja mais contestado e não tão exaltado como os outros dois, seja Paulo Amaral, pelo passado como preparador físico, ou seja Luís Vinício, um pioneiro do futebol total na terra do catenaccio.
Leonardo — 47,1%
Luís Vinício — 28,6%
Paulo Amaral — 23,9%
Anulados — 0,4%
O JOGADOR MAIS IMPORTANTE NO FUTEBOL ITALIANO
Aqui, a votação final. Quem foi o jogador brasileiro mais importante do futebol italiano de clubes? Demos a opção de você escrever, como quiser, que jogador era o brasileiro mais importante do Calcio, e abaixo, estão os resultados da eleição que acabou contemplando Kaká, o último brasileiro Bola de Ouro, e o único a ter passado o ano inteiro de sua conquista na Itália, como o mais importante:
Kaká — 44% (110 votos)
Falcão — 26,66% (68 votos)
Ronaldo — 7,84% (20 votos)
José Altafini, o Mazzola — 7,84% (20 votos)
Careca — 6,27% (16 votos)
Zico — 2,74% (7 votos)
Adriano — 1,96% (5 votos)
Cafu — 1,56% (4 votos)
Julinho Botelho — 0,78% (2 votos)
Jair da Costa — 0,78% (2 votos)
Dida — 0,39% (1 voto)
TIME-BASE: Dida; Cafu, Aldair, Lúcio, Serginho; Falcão, Toninho Cerezo, Kaká, Zico; Ronaldo, Careca. T: Leonardo
Obrigado a todos os que votaram e elegeram os seus melhores jogadores brasileiros no Calcio, e ouçam a edição #47 do Calciopizza, que é no formato retrô, que trata da história da disputa da artilharia entre Platini e Pruzzo com as camisas de Juventus e Roma na Serie A nos anos 80. E tem brasileiros envolvidos nessa história…
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