Como Ole Gunnar Solskjaer está consertando o Manchester United

O norueguês assumiu uma instituição desorganizada e aos poucos vai transformando todo o ambiente

Considerando que chegou ao fim a temporada doméstica do Bayern de Munique, não há time mais em forma que o Manchester United no momento. São 17 jogos de invencibilidade, com 13 vitórias, impressionantes 46 gols marcados e apenas seis sofridos. A vitória por 3 a 0 sobre o Aston Villa colocou o clube como o primeiro da história da Premier League a vencer quatro partidas seguidas por uma vantagem de três ou mais gols. E o clima em Old Trafford não poderia ser melhor.

É um alento gigantesco para o torcedor, que teve cerca de 6 anos de desilusão após a aposentadoria de Sir Alex Ferguson em 2013. Ole Gunnar Solskjaer chegou prometendo revitalizar não só a equipe, mas a instituição como um todo. Seguindo os ensinamentos do lendário treinador escocês, isso passou por fazer com que cada indivíduo se sinta parte de um bem maior – o desenvolvimento dos red devils

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É bem documentado por jornalistas locais que seus antecessores acabaram pecando – dentro outros aspectos – justamente nisso, tendo uma relação fria com diversos setores da agremiação e, no fim das contas, a sensação era de que nada estava alinhado. A comissão técnica atual fez questão de acabar com esse problema e a atmosfera positiva vem desde o externo, culminando no que estamos acompanhando dentro das quatro linhas.O

Solskjaer United
OGS vem se provando como um mestre na gestão de pessoas (Foto: Reprodução/Sky Sports)

É lá que praticamente todos os jogadores demonstram evolução nos últimos meses. Se a tônica nas outras temporadas era estagnação e retrocesso, agora fica claro que o elenco está crescendo individual e coletivamente. Sustentado por uma defesa segura, o setor ofensivo está despachando os adversários com naturalidade. Vamos por partes.


Nemanja Matic era tido por muitos como uma peça encostada e pronta para ser negociada. Nessa retomada, porém, coleciona ótimas atuações e consegue se destacar mesmo cercado por tantos talentos. O sérvio representa a base de todo o desempenho do ataque, se posicionando com perfeição na retaguarda e sendo uma figura de imposição na marcação.

Com Paul Pogba, uma situação irônica. Por muitos anos se falou que ele precisava de companheiros que trabalhassem o suficiente para ‘liberar’ seus movimentos e o fazer deslanchar como um meia explosivo. Aconteceu o inverso, de certa forma. Se antes ele se sentia obrigado a ajudar em tudo  – participar da saída, criar e finalizar -, hoje seu posicionamento mais recuado e ‘limitado’ tira um pouco da pressão e permite um foco específico.

Sua qualidade diferenciada no passe é melhor aproveitada e aí entra uma via de mão dupla: o francês tem alvos de primeiro nível para dialogar e esses mesmos alvos tem um organizador de primeiro nível para garantir a munição. A bola chega limpa lá na frente, onde entra em cena a postura dominante de Bruno Fernandes, que recebeu a dose de instrução perfeita de Solskjaer.

Uma dupla de qualidade e, sobretudo, entrosamento (Foto: Reprodução/Notícias ao Minuto)

A zona de atuação do português não é restrita a ponto de diluir os seus instintos, mas o mantém onde o United precisa que ele esteja: nas entrelinhas. A presença de um armador capaz de explorar esse espaço  – com passes, escoradas, movimentação e dribles de corpo –  e colocar pressão na defesa adversária é crucial. A equipe tentava criar uma dinâmica semelhante na parte inicial da temporada, mas tinha Fred, McTominay e Lingard/Andreas Pereira nas mesmas funções. 

Não se compara com o material humano atual e é fácil entender o porquê. O trio de atacantes há tempos dava sinais promissores, como analisado pela coluna em novembro, mas as vezes esbarrava na falta de suporte. Com a engrenagem criativa em dia, o desempenho cresceu. Anthony Martial é a peça de conexão, importante para as tabelas e atraindo a marcação com movimentos inteligentes, além de fazer seus gols e ser excelente no comando da pressão alta.

Se Marcus Rashford já consolidava a promessa que demonstrava ser com um jogo direto, potente e incisivo, agora é fase de se tornar completo. Vem adotando uma postura mais consciente na tomada de decisão e chamando a atenção pela visão – e execução – em passes-chave e lançamentos. Seu entrosamento com Luke Shaw vem fazendo com que o perigo esteja por todo canto.

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Enquanto isso, o aspecto do jogo direto vai ficando para o menino que está do outro lado: Mason Greenwood. É, indiscutivelmente, uma estrela mundial em construção. O inglês de 18 anos é visto internamente como um dos melhores talentos que a base já revelou e basta uma olhada rápida para nos certificarmos disso. Ambidestro, tem um repertório de finalizações de fazer inveja em atacantes de peso e baseia toda a sua performance na tentativa de receber a bola próximo da área. 

Não precisa de muito espaço ou alguma condição especial: na primeira passada já vem a sensação de que alguma coisa boa está por vir e, na maioria das vezes, a previsão se confirma. São 16 gols na temporada e ele só se tornou titular após a paralisação. Sua introdução ao time principal foi conduzida com maestria e o fato de não termos declarações dele na mídia demonstra a intenção em blindar o jogador que ainda é um adolescente. Mas o futebol é de gente grande.

Assim como as exibições proporcionadas pelo Manchester United nesta reta final de campeonato. Ao contrário do que acontecia com José Mourinho, os atletas se sentem confortáveis no sistema de jogo, no vestiário e nas instalações do clube. O clima não é mais de preocupação e Solskjaer aos poucos vai recuperando toda a autoestima que estava perdida.

Seus atos e palavras indicam um comandante capaz de motivar, mas evitar a acomodação do grupo. Colocar a cabeça nas nuvens e manter os pés no chão. Altos e baixos ainda podem acontecer e o trabalho não para por aqui, mas os pilares do projeto são cada vez mais fortes e isso acelera o processo de transformação da instituição. A promessa está sendo cumprida.

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