Conheça o VAEP - um passo além no uso de dados de eventos
Conheça mais uma importante ferramenta de Analytics
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Seja você um analista profissional trabalhando em clubes, ou um scout que observa jogadores, ou até mesmo um Fanalytic apaixonado pelos dados e seus usos, há algo que todos fazemos constantemente neste mercado: avaliar e comparar jogadores. E geralmente o fazemos de forma individual e isolada.
É que realmente é muito difícil colocar as ações individuais em um contexto de ações coletivas, através de dados que sejam de fácil acesso. O uso de dados de rastreamento óptico (tracking data) é um caminho que permite isso, mas os dados óticos são caros, de difícil acesso e somente os grandes clubes e empresas podem usá-los diariamente.
Atualmente a comunidade analítica do futebol tende a avaliar atletas através de:
- Dados que estão fora de contexto por “default”, como a porcentagem de acerto de passes, que não difere a qualidade do passe dado, a pressão recebida, etc
- Ações da partida isoladas (tudo o que há entre elas e tudo o que incide sobre elas é ignorado) como finalizações, desarmes, gols marcados, etc.
- Métricas que dependem das ações de outros jogadores, como assistências, passes recebidos, escanteios, etc.
Nesse sentido, o uso de Índices de Performance (KPI) nos permite estar muito mais próximos das respostas que perguntamos aos números. Alguns índices já estão consolidados no mercado como os Gols Esperados (xG – Expected Goals) ou os Passes por Ações Defensivas (PPDA). Outros ainda buscam validação, como a Cadeia de xG (xGChain) ou o ALGO (Ações que levam a Gol).
Dentro dessa perspectiva de criar um índice confiável que combine diferentes valências, aparece o VAEP (Valuing Actions by Estimated Probabilities), em português livre seria algo como “Avaliação de Ações por Probabilidades Estimadas”. Desenvolvido por Tom Decroos, Lotten Bransen, Jan van Haaren e Jesse Davis, todos cientistas da universidade KU Leuven da Bélgica.
Basicamente, o que o VAEP faz é calcular a probabilidade de uma ação baseada em tudo o que aconteceu ANTES dela e tudo o que pode acontecer APÓS ela ser realizada. Claro, baseado no retrospecto de que ações similares em lugares do campo e situações parecidas tenham acontecido no passado. Mais ou menos, a mesma lógica dos Expected Goals.
Inclusive, leva em consideração o quanto % essa ação pode influenciar em uma jogada de gol. Ou seja, se cria um framework de análise sobre performance individual, mas considerando o peso e qualidade de todos os eventos prévios e possíveis futuros que envolvam aquela ação específica. Permitindo uma leitura mais precisa e profunda sobre a contribuição individual do atleta no jogo.
AQUI você pode ler o paper completo dos cientistas belgas e holandeses que contribuíram e acessar à fórmula do VAEP. E também AQUI vai encontrar os pacotes Python para programar e usar.
Em seu paper, os cientistas da KU Leven publicaram resultados referentes à temporada 2017/18, e no gráfico abaixo vemos como os líderes das estatísticas na Premier League por gols marcados e por assistências convertidas, não batem com o ranking de VAEP, que se propõe a ser uma métrica com mais profundidade do que os eventos simples.
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Inclusive, visualizando o valor de mercado dos atletas na época, nota-se como Philippe Coutinho ou Ryiad Mahrez, na época no Liverpool (meia temporada) e Leicester respectivamente, estavam sub valorizados em relação às suas produções no índice. Seus clubes poderiam ter uma receita MAIOR na negociação de ambos, por exemplo.
Outro gráfico interessante do estudo é o comparativo entre jogadores com pelo menos 900 minutos em campo na Premier League e na La Liga, cruzando a média de ações certas/90min com a média de VAEP por ação. Nessa época, Messi seguia liderando qualquer índice de performance, sempre tendo um mundo a parte só pra ele. Mas mostra também a importância de Coutinho tanto no LFC quanto no Barcelona no período medido (2017/18).
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Se o VAEP se transformará em uma ferramenta constante e confiável, só o tempo dirá. Vai depender da usabilidade, da validação do modelo e claro, da abertura do sempre fechado mundo do futebol para as inovações da ciência analítica. Mas sem dúvidas é um recurso auspicioso e acessível para todos.
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