O vírus da raça no futebol brasileiro

O vírus da raça é um diagnóstico simplório para um problema amplo e que necessita de investigação profunda

O Brasil é um país considerado tropical por ter a maior parte do território localizado entre o trópico de capricórnio e a linha do equador. Como característica apresenta um clima quente e úmido, florestas densas e exuberantes e ao longo do ano (estações do ano) a paisagem sofre modificações. Ao mesmo tempo que se vislumbra como um ambiente receptivo, demonstra ser um local suscetível a proliferação e disseminação de vírus. Não à toa, convivemos com surtos de dengue, chikungunya, sarampo, gripes e etc. O futebol não está alheio a esta realidade. No entanto, uma das pandemias que mais assolam a comunidade é o: vírus da raça.

Ao primeiro sinal de instabilidade ou eliminação inesperada em uma competição, inicia-se o processo de investigação do problema. E quase que de forma instantânea se chega ao diagnóstico de que está faltando raça. A imprensa começa a debater sobre a falta de “intensidade” nos duelos individuais e nos jogos. É preciso “encarnar” o espírito do clube, escreve alguns torcedores no Twitter. E então, no estádio, após mais um resultado ruim, os torcedores entoam os gritos de “raça”.

O vírus da raça (ou intensidade)?

No entanto – assim como o médico sem uso de exame aponta que os sintomas que o indivíduo apresenta se configura como uma virose – os torcedores, imprensa e gestores ao se aterem ao aspecto “raça”, se deparam com uma cortina de fumaça que os induzem a realizar um diagnóstico superficial, prematuro e equivocado. Afinal, o conceito vulgarizado de raça e intensidade é muito mais amplo e profundo do que se debate nas mesas redondas ou redes sociais.

Para muitos, a intensidade se dá apenas por meio físico. Ou seja, está apenas no fato de jogadores realizarem disputas de bola ríspidas e agressivas. Ou ao correrem rapidamente para impedir a progressão do adversário. E isso é bem visual e chama a atenção de todos.

Entretanto, além da capacidade física, a intensidade de jogo incorpora a capacidade cognitiva. Esta parte da intensidade tem a ver com a aptidão que o indivíduo tem de resolver/antecipar-se a uma situação de jogo da forma mais eficaz. Seja a resolução através de um passe forte e com direcionamento, com um posicionamento mais por dentro para proteger o funil de um passe vertical, ao buscar o contato físico com um atleta que está em condição de finalizar ou com movimentos coordenados de toda a equipe ao buscar penetrar na área adversária.

A intensidade não está apenas na “entrega” em campo. A intensidade é sintetizada por reunir os atributos de velocidade, força, agilidade, coordenação, técnica e habilidade na tática individual, setorial e coletiva.

E como bem apontado por Pep Guardiola: “Não existem gênios ou burros”. É tudo parte de um processo que passa pela escolha da metodologia de treino aliada a de jogo a qual quer exprimir, análise das características físicas, comportamentais e técnicas dos atletas, planificação de uma partida e/ou estado biopsicossocial de cada indivíduo para formar a unidade de grupo. E cada detalhe desse é capaz de gerar uma resultante que possui sintonia ou dissonância com o que a comunidade de um clube espera.

O Brasil precisa parar de realizar diagnósticos prematuros e equivocados e buscar analisar de fato o problema ao qual estão passando. E assim, conseguir solucionar de forma assertiva.

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