25 ANOS DO TETRA - BRASIL 1X0 SUÉCIA - APESAR DE RAVELLI, BRASIL 'ATROPELA' NA SEMIFINAL
Por Rodrigo Coutinho Todo mundo que acompanha futebol sabe que, muitas vezes, o resultado de uma partida não indica exatamente a história dos 90 minutos. A semifinal entre Brasil e Suécia, no dia 13 de julho de 1994, no Rose Bowl, em Los Angeles, se enquadra nessa realidade. O 1×0, que levou a Seleção a […]
Por Rodrigo Coutinho
Todo mundo que acompanha futebol sabe que, muitas vezes, o resultado de uma partida não indica exatamente a história dos 90 minutos. A semifinal entre Brasil e Suécia, no dia 13 de julho de 1994, no Rose Bowl, em Los Angeles, se enquadra nessa realidade. O 1×0, que levou a Seleção a uma final de Copa do Mundo 24 anos depois, foi pouco. O Brasil produziu para vencer por mais. Viveu a sua partida de maior produtividade ofensiva no Mundial. Pena que havia um camarada chamado Thomas Ravelli na meta sueca. Ele impediu uma vitória maior, mas foi superado por Romário a dez minutos do fim naquela tarde há 25 anos.
O adversário
A Suécia não era uma novidade para o Brasil. Haviam se enfrentado na primeira fase(leia aqui), na partida mais problemática para a Seleção até então no Mundial de 1994. Mas foi mudando ao longo da competição, tornando-se um time mais ofensivo, o que certamente contribuiu para uma partida menos truncada. Depois de se classificarem em segundo na chave brasileira, bateram a Arábia Saudita nas oitavas de final por 3×1 e despacharam a sensação Romênia, nos pênaltis, nas quartas de final.
A principal diferença com relação ao jogo da 1ª fase, foi a entrada do atacante Dahlin no time. Brolin foi recuado para o meio-campo. Henrik Larsson perdeu a titularidade e Schwarz foi barrado pelo bom volante Mild. Brolin tinha total liberdade para sair do lado direito do campo, Mild infiltrava mais e Dahlin representava mais qualidade de definição do que Larsson em 1994. Um time mais insinuante, menos alinhado às tradições suecas. Sofreu muito com o Brasil naquela tarde e contou com seu experiente goleiro para não perder por mais.
O jogo
Com Mauro Silva novamente mais preso, quase um ‘’terceiro zagueiro’’, como contra Rússia e Camarões, o Brasil entrou em campo com o mesmo time titular da vitória contra a Holanda. Branco e Mazinho foram mantidos. A adaptação em Mauro Silva tinha motivo. A Suécia jogava com dois homens enfiados, e como o Brasil marcava por encaixes e perseguições no setor, Mauro garantia superioridade contra os dois atacantes e o consequente ‘’ zagueiro de sobra’’, muito utilizado na época. Com a bola, voltava a ser volante. Algo bem natural no time de Parreira.
O time brasileiro havia engrenado. Isso ficou bem claro já na partida contra a Holanda. Era um conjunto mais solto em campo, confiante, adaptado e entrosado nas movimentações ofensivas, executando bem o plano de jogo idealizado e moldado através de uma boa ocupação de espaços, aproximação para trocar passes curtos. Trabalhar a bola até encontrar a opção de passe para Romário e Bebeto.
Laterais ativos ofensivamente, Mazinho e Zinho flutuando do lado para o centro, se associando com os atacantes e laterais. Dunga distribuindo as jogadas no campo de ataque. Mauro Silva e até mesmo Aldair dando opção de passe para girar o jogo de lado muitas vezes. E na frente, Romário e Bebeto produzindo a movimentação inteligente que os caracterizava. Se procurando quando tinham a posse de bola.
Já no início, em finalização de Romário no ângulo direito aos dois minutos, ficava claro quem mandaria na partida. Branco aos 7’ e Zinho aos 13’ também assustaram. Mas o melhor veio aos 25 minutos. O lateral-esquerdo, com mais um de seus precisos passes para o terço final do campo, encontrou Romário na entrada da área. O Baixinho se livrou de três suecos, driblou Ravelli e finalizou. Patrick Andersson salvou em cima da linha e Mazinho perdeu um gol incrível no rebote.
A conexão ‘’Branco-Romário’’ funcionou de novo pouco depois. O camisa 6 tinha liberdade, Brolin não conseguia voltar a tempo de fechar o lado direito sueco, a cobertura de Thern não chegava, e o ‘’Canhão do Tetra’’ brincava de distribuir a bola. Ele serviu o Baixinho de novo, que bateu cruzado de canhota pra fora. Romário quase marcaria também aos 32’. Recebeu de Bebeto em contra-ataque, dribou Ravelli, mas perdeu a passada e o goleiro se recuperou, bloqueando a finalização.
Bebeto e Mazinho, em chutes da entrada da área, ainda assustaram a meta sueca no final do 1º tempo. Os europeus chutaram apenas uma bola no gol de Taffarel na primeira metade do jogo, mas sem tanto perigo. No intervalo, Parreira sacou Mazinho e pôs Raí. Certamente queria mais precisão na finalização e presença na área. Quase deu resultado com apenas um minuto. O camisa 10 tabelou com Romário e foi bloqueado por Ravelli no momento do arremate.
O gol não saía e a ansiedade passou a tomar conta do Brasil. A Suécia seguia tendo dificuldades para encaixar a marcação e ofensivamente não causava danos. Variava um pouco mais suas jogadas, não era um time tão direto quanto na 1ª fase, mas os brasileiros estavam muito ajustados em campo. Concentrados e intensos sem a bola, antecipando as ações europeias, neutralizando completamente.
Mesmo produzindo menos do que na 1ª etapa, fruto da precipitação no último passe, o Brasil criou, mas Ravelli estava lá novamente para atrapalhar. Defendeu duas lindas finalizações de Romário e Zinho no ângulo. Pegou um chute cruzado de Branco, e contou com a sorte em batidas de Dunga e Mauro Silva da entrada da área. Entregues psicologicamente, os suecos perderam o seu capitão aos 17 minutos. Thern deu entrada criminosa em Dunga e foi expulso. Fato que mudou pouco o cenário da partida.
Assim como no 1º tempo, a Suécia deu apenas um chute na meta brasileira. Ljung bateu de longe e Taffarel pegou aos 29’. Quando parecia que o jogo iria para a prorrogação, a justiça apareceu no placar. Jorginho recebeu de Bebeto pela direita e caprichosamente encontrou Romário no segundo pau. Com 1,68m, o camisa 11 subiu no meio de Patrick Andersson e Nilsson para marcar e enfim bater Ravelli.
Já sem força para buscar o empate, a Suécia se abriu ainda mais e poderia ter levado o segundo na sequência. Bebeto e Romário tiraram ‘’tinta’’ da trave em finalizações da entrada da área. O 1×0 ficou barato para os suecos, mas o que importava era a vaga na final. Reeditando 1970, a Seleção encontraria a Itália na grande decisão… Os detalhes do jogão no próximo capítulo.
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