5 contratações de jogadores nascidos em 2001 para acompanhar em 21/22
Amadou Onana, Tessmann, Boadu, Olise e Gil pertencem a contextos diferentes, mas com expectativas igualmente altas após conquistarem transferências chamativas rumo à centros mais expressivos. Com idade de sub-20, esses garotos carregam o peso e o teto de evolução para que o torcedor acompanhe de perto.
Enquanto vivemos a expectativa de uma mega transferência de Kylian Mbappé para o Real Madrid, ou do Lewandowski desembarcando em Paris, algumas contratações menos glamurosas já aconteceram no futebol europeu e que devem chamar muita atenção ao longo da temporada que recém-começou.
Trata-se dos jogadores da geração 01, que seriam veteranos na categoria sub-20, porém, que já atuam profissionalmente há, pelo menos, um ano. Abaixo você encontrará cinco jogadores que estavam em ligas ou equipes inferiores, mas que foram contratados por agremiações com maior destaque no cenário europeu. De reposição para um antigo destaque, passando por uma fórmula que já deu sucesso anteriormente até um jogador cujo destino parecia traçado.
Amadou Onana (do Hamburgo para o Lille)
Mesmo com apenas 25 atuações em seu primeiro ano como profissional com a camisa do Hamburgo, na segunda divisão alemã, e uma atuação na Copa da Alemanha, o jovem volante belga foi o escolhido pelo atual campeão francês, o Lille, para substituir Boubakary Soumaré, 22 anos, que fora vendido ao Leicester.
Com características semelhantes ao do médio francês, Onana, que tem experiência internacional sendo capitão da seleção sub-21 da Bélgica, se destaca pela agilidade apesar de medir 1,95m de altura. Criado no Anderlecht e com passagem pelo Zulte Waregem, o volante se transferiu ainda na base para o Hoffenheim, em 2017, tendo se destacado, precisamente, na Youth League da temporada 2018/19. Ele chegou ao Hamburgo a custo zero na temporada passada, obtendo destaque mesmo com pouca rodagem.
As principais qualidades de Onana remetem a proteção de bola e o giro rápido sobre o marcador. Privilegiado por um físico impressionante, o belga consegue percorrer com facilidade o campo, sendo efetivo na recuperação de bola na defesa e explosão para arrancadas em direção ao ataque. Além disso, a bilateralidade do meio-campista é um fator preponderante, haja vista que ele é ambidestro, o que o torna numa arma fantástica para times que tem um apreço maior pelo contra-ataque ou definições rápidas na transição.
Tanner Tessmann (do Dallas FC para o Venezia)
Natural do Alabama, um dos estados que mais produzem atletas de alto nível para o futebol americano, Tanner Tessmann, que teria altura para ser um jogador da NFL, impressionou o Venezia pela postura e maturidade com a bola redonda vestindo a camisa do Dallas FC. A equipe texana, inclusive, é referência nos EUA na formação de jovens talentos e, claro, ourindo de outro estado cuja tradição esportiva é muito forte.
Aliás, o Venezia, que está de volta a Serie A italiana após um longo hiato, resolveu apostar na juventude na primeira janela de transferências no retorno à elite. Além de Tessmann, os Lagunari contrataram outra grande promessa da MLS, o ex-Sporting Kansas Gianluca Busio, que é mais novo, pertencente a geração 2002. Ambos os meio-campistas servem a seleção estadunidense desde o sub-15.
Apesar de ser oito meses mais velho que Busio, Tessmann estreou depois que o colega na equipe principal do Dallas FC, na MLS. Com 1,88m de altura, o norte-americano pode tanto atuar como primeiro volante na base da jogada ou mais adiantado, sendo um segundo ou terceiro homem no meio-campo. Forte e ágil, Tessmann consegue manter o ritmo de jogo ao longo dos 90 minutos. Além disso, o meio-campista controla muito bem a pelota e é capaz de realizar diversos tipos de passes, muitas vezes progressivos e verticais.
Myron Boadu (do AZ Alkmaar para o Monaco)
Após 29 gols em 55 partidas pela Eredivisie vestindo as cores do AZ Alkmaar, Myron Boadu fora contratado pelo Monaco pela bagatela de £$ 17 milhões. O centroavante titular da Holanda Sub-21 na Euro finalmente deu o passo adiante na carreira, alçando não apenas uma liga mais competitiva como um time mais competitivo. O holandês era objeto de desejo de Paul Mitchell, famoso diretor esportivo da equipe monegasca, que passou por Southampton, Tottenham e RB Leipzig antes de chegar ao principado em 2020.
Boadu se enquadra na política do clube por se tratar de uma jovem promessa, mas que já tem experiência numa liga inferior, como a Eredivisie. Além disso, o centroavante também se enquadra na filosofia de jogo do Monaco, haja vista que o holandês é um jogador rápido, de boa movimentação e adaptado aos sistemas táticos utilizados por Niko Kovac. Nascido em Amsterdã e criado no AZ Alkmaar, onde chegou aos 12 anos de idade, o matador viu pela frente esquemas como 4-3-3 e 3-4-3 quando atuara pelos Kaaskoppen (Cabeças de Queijo) e no 4-2-3-1 e 4-4-2 pela seleção sub-21 da Holanda sob o comando de Edwin Van de Looi. Em Monaco, Kovac costuma laçar mão do 4-4-2 e 3-4-3 com maior frequência.
Embora 20/21 tenha sido a temporada mais goleadora na curta carreira de Boadu como profissional, tendo anotado 15 gols, em termos de desempenho ela foi abaixo da anterior, em 19/20, quando o centroavante marcou 14 gols e deu 8 assistências em 24 partidas pela Eredivisie. Além disso, Boadu foi melhor em competições internacionais com o AZ, tendo balançado as redes quatro vezes e registrado duas assistências em sete jogos pela UEL de 19/20, contrastando veementemente com a temporada passada, quando saíra zerado da mesma competição. Entretanto, a mudança de ares deve fazer efeito ao atleta, que possui um potencial muito grande de desenvolvimento, além de cumprir muito bem as tarefas do novo clube, sendo um dos melhores da geração sub-20 na Europa ao atacar o espaço com sprints curtos e efetivos no 1v1.
Michael Olise (do Reading para o Crystal Palace)
Um dos jogadores mais importantes do Crystal Palace em 2020/21 foi Eberechi Eze, que foi contratado do Queens Park Rangers após exuberante temporada em 2019/20 pelos Hoops na segunda divisão. O camisa 10 dos Eagles terminou sua primeira temporada na elite inglesa com quatro gols e oito assistências em 34 jogos, sendo vital ao manter a equipe do sul de Londres longe do rebaixamento. Consciente do sucesso de Eze, o clube, que agora é comandado por Patrick Vieira, foi buscar novamente na Championship um reforço de peso para o meio-campo.
A bola da vez é o francês Michael Olise, ex-Reading, que voltará a cidade onde nasceu para defender o time de Selhurst Park. Com parte da formação feita nos gigantes Manchester City e Chelsea, o ex-meia dos Royals estava no clube desde 2016 até ser contratado pelo Crystal Palace por £$9,5 milhões para a atual temporada. O talento de 19 anos exigiu uma quantia considerável para os parâmetros do clube, porém, a incorporação do meia era um pedido especial do compatriota que o dirigirá a partir de agora. Os números de Olise em sua última temporada na Championship são semelhantes aos de Eze antes de trocar o QPR pelos Eagles (44 jogos, 7 gols e 12 assistências de Michael vs 46 jogos, 14 gols e 8 assistências de Eberechi).
As similaridades entre os dois não acabam por aí. Assim como Eze, Olise é um meio-campista dinâmico e criativo, podendo atuar pelos dois lados do campo, mas que – assim como o companheiro de equipe – é ainda mais fatal atuando com liberdade como um camisa 10, começando por dentro e com liberdade de movimentação para explorar os espaços que aparecem entre as linhas na partida. Todavia, ao contrário de Eze, Olise é canhoto. O francês chama a atenção pelos impressionantes chutes de fora da área, mesclando tiros colocados com verdadeiros petardos. Além disso, Olise controla e protege a bola com facilidade e possui uma visão de jogo privilegiada, tirando da cartola passes verticais que abrem a defesa ao meio.
Bryan Gil (do Sevilla para o Tottenham)
Cria do Sevilla, o garoto nascido em Barbate, em Cádiz, é um convite para os nostálgicos. Ele é canhoto e atua como extrema-esquerda, sendo curiosamente diferente do que é praticado mundo afora com os “pontas invertidos” de hoje em dia. Franzino, o novo contratado do Tottenham enfrentou a fome na infância devido a origem humilde de sua família, que, além de tudo, fazia um esforço enorme para que o garoto atuasse nas categorias de base do Sevilla com apenas 11 anos de idade.
O posicionamento de Gil é estratégico, visando o que ele sabe fazer de melhor: driblar. E foi justamente esse artificio tão importante no futebol que fez a estrela do ponta brilhar na temporada passada quando esteve emprestado pelo Sevilla ao Eibar, que acabou rebaixado. O desfecho da equipe catalã denuncia a fragilidade do elenco, mas o jovem espanhol conseguiu se destacar pela eletricidade em suas jogadas, mostrando a combinação de um extrema de outrora ao apresentar muita velocidade e dribles rápidos, que quebram linhas e abrem espaços. Tanto que ele conseguiu uma convocação para a seleção principal e depois foi recrutado por Luis de la Fuente para os playoffs da Euro Sub-21 e, posteriormente, para os jogos olímpicos em Tóquio.
Embora sempre tenha sido avaliado como “diferente” na cantera do Sevilla e nas seleções de base da Espanha, Gil não conseguiu emplacar no clube de coração. O extrema chegou a atuar com a camisa da equipe da Andaluzia na temporada 2018/19, mas acabara emprestado duas vezes (Leganés e Eibar) para ganhar mais experiência. Agora, na liga que mais exige fisicamente de um jogador, Gil, que tem um visual bastante londrino dos anos 1960, enfrentará outra batalha e a desconfiança de alguns. Nuno Espírito Santo, que tem um histórico muito bom quando se trata de trabalhar com ponteiros e atacantes famosos na base, gosta de dribladores – Adama Traoré, por exemplo. Confiar apenas nos dribles ludibriantes pode não ser o suficiente para Gil, mas o perfil trabalhador e resiliente do garoto de 20 anos será fundamental para continuar impressionando e, claro, para ficarmos atentos.
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