A CAIXA-PRETA DO SOUTHAMPTON

Por @viniciusof  É impossível analisar as recentes boas campanhas do Southampton na Premier League sem citar a exitosa política de contratações do clube da costa sul inglesa. Acerto e critério no mercado são marcas de um dos melhores compradores e vendedores do futebol europeu. O segredo para tanto sucesso está no respeito a uma política de […]

Por @viniciusof 

É impossível analisar as recentes boas campanhas do Southampton na Premier League sem citar a exitosa política de contratações do clube da costa sul inglesa. Acerto e critério no mercado são marcas de um dos melhores compradores e vendedores do futebol europeu. O segredo para tanto sucesso está no respeito a uma política de futebol entranhada em todos os setores do clube e no aproveitamento do Black Box, um software de análise exclusivo dos Saints.

Mauricio Pochettino, Ronald Koeman, Sadio Mane, Adam Lallana, Dejan Lovren, Nathaniel Clyne, Luke Shaw e Morgan Schneiderlin. O que todos têm em comum? Passaram pelo rigoroso crivo do Black Box, esta poderosa ferramenta customizada e há pelo menos cinco anos utilizada para análise de atletas de todas as categorias e potenciais aquisições. O Southampton não divulga o nome dos desenvolvedores do software. Mistério, por sinal, é uma marca que acompanha o dispositivo, instalado numa sala sem janelas no CT Markus Liebherr Pavillon. Ali se encontra uma mesa com cadeiras, telefone, um dispositivo de vídeo e um grande monitor. Somente diretores de alto escalão, treinadores, auxiliares, técnicos em informática e engenheiros da computação têm acesso ao reservado local. Tamanha confidencialidade é justificada, segundo clube, para que o Black Box não perca a exclusividade. A maioria das equipes utiliza programas de scouting pagos, como Wyscout, Optapro ou Footstats, no caso dos brasileiros. O Southampton optou por investir num programa customizado, que desde que foi criado já rastreou atletas em todos os cantos do mundo. Se nos últimos anos o clube lucrou mais de £185m com venda de atletas, muito se deve ao Black Box.

PRESERVAÇÃO DA BASE

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Quando chegou ao clube, em abril de 2010, o diretor executivo Leslie Reed elencou como prioridade máxima resgatar o caráter formador do Southampton, que revelou para o país talentos como Theo Walcott, Gareth Bale e Alan Shearer. Assim uma boa fatia do que era arrecadado com verbas de televisão e dos patrocinadores era investido na formação e captação de atletas. Enquanto apostava no futuro, o clube instituiu como política do futebol profissional o aproveitamento de pratas da casa. E subiu da terceira para primeira divisão em dois anos pelos pés de Adam Lallana, Luke Shaw, Ward-Prowse e Calum Chambers, além de contar com os gols de Jay Rodríguez e do veterano Rickie Lambert.

Na elite, os Saints perceberam que era preciso de mais planejamento para disputar com os peixes grandes da liga. Fatalmente o clube iria perder seus jogadores para equipes de maior poder aquisitivo e precisava estar sempre preparado para repô-los com velocidade e precisão. A partir daí criou-se uma prática autossustentável de venda e compra de jogadores. Seis profissionais consultam e abastecem o Black Box com informações que vão muito além dos atributos técnicos dos atletas. A ficha técnica inclui histórico de peso, altura, lesões e relações interpessoais do jogador. Tudo para se traçar um perfil físico, tático, técnico e psicológico preciso, reduzindo ao máximo a probabilidade de erro. “Os dados de desempenho nos permitem dizer se o jogador é quem estamos procurando. A informação física não é apenas sobre a velocidade média. É se o atleta está em alto nível, como mantém a bola em cima, como é seu primeiro toque. Quando você está tentando descobrir um potencial que pode ser transformado em excelência, você precisa de muita informação”, afirmou Reed em entrevista à BBC.

SOLIDARIEDADE, COMPANHEIRISMO E TRABALHO

Estas três palavras são premissas levadas a sério nos corredores do St Mary’s. Por isso, além de tecnicamente qualificado, o atleta precisa estar inserido no contexto de valorização coletiva do clube, que nos últimos anos se notabilizou por jogar um futebol envolvente. Quando perdeu Mauricio Pochettino para o Tottenham, os Saints repuseram com Ronald Koeman, que depois de uma boa temporada foi contratado pelo Everton. A lógica é manter comandantes que valorizem o jogo posicional de bola no chão e a imposição técnica. Na última temporada, o francês Claude Puel foi bastante criticado por subverter esta marca recente do clube. Quem o substituirá este ano será o argentino Mauricio Pellegrino, que se destacou levando o Alavés à final da Copa do Rei. Segundo a imprensa inglesa, até mesmo os treinadores são avaliados e escolhidos pelas informações do Black Box.

Com tanto critério e êxito nas escolhas é sempre bom ficar de olho nos movimentos do Southampton no mercado. O clube transformou-se num case de assertividade. Para os atletas, trata-se de uma equipe que oferece estabilidade esportiva e vitrine referendadas pela etiqueta de “clube vendedor” dos Saints.

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VENDAS DESDE 2014:

2014: Calum Chambers (Arsenal) £16m, Adam Lallana (Liverpool) £25m, Rickie Lambert (Liverpool) £4m, Dejan Lovren (Liverpool) £20m, Luke Shaw (Manchester United) £27m

2015: Players: Nathaniel Clyne (Liverpool) £12.5m, Morgan Schneiderlin (Manchester United) £25m.

2016: Players: Sadio Mane (Liverpool) £34m, Graziano Pelle (Shandong Luneng) £12m, Victor Wanyama (Tottenham) £11m.

COMPRAS DESDE 2014:

2014: Dusan Tadic (FC Twente) £8,7m, Graziano Pelle (Feyernood) £8,7m, Fraser Forster (Celtic) £10,9m, Florin Gardos (Steua) £6, Shane Long (Hull City) £13m, Sadio Mané (RB Salzburg) £13m

2015: Ryan Bertrand (Chelsea) £11,4m, Juanmi (Málaga) £6m, Cédric Soares (Sporting) £5,7m, Martina (Twente) £1,3m, Jordy Clasie (Feyernoord) £10,5m, Van Dijk (Celtic) £13,7m

2016: Charlie Austin (QPR) £5m, Nathan Redmond (Norwich) £11,8m, Pierre-Emile Højbjerg (Bayern) £13,1m, Sofiane Boufal (Lille) £16,4m

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