A excelência coletiva do Palmeiras em 2022
O Palmeiras de 2022 apresenta um dos maiores níveis coletivos da história do clube. Entenda as chaves para tamanho volume de jogo.
Há um ano e meio comandado por Abel Ferreira, o Palmeiras atingiu um raro nível coletivo no futebol brasileiro. Depois de bastante tempo de trabalho do treinador e muitas repetições nos muitos treinamentos, os atletas estão realizando suas ações automaticamente e ocupando os espaços corretos. Sem dúvidas, sem pensar muito na jogada: todo mundo sabe o que fazer.
Dessa forma, o Verdão tem tido um alto volume de jogo, sufocando os adversários no ataque e finalizando muitas vezes. A meta de Abel é o “15, 15, 15. Quinze recuperações de bola, 15 cruzamentos e 15 finalizações”. O mantra exprime com precisão a ideia do técnico português: morder o tempo todo, recuperar a bola o quanto antes e chegar no ataque o mais rápido possível, o maior número de vezes possível.
Para tanto, é natural que o Palmeiras use os lados do campo, onde normalmente há mais espaços do que por dentro. No corredor menos povoado do campo, Dudu, Scarpa e os laterais podem receber e acelerar, buscando jogadas de mano a mano e cruzamentos. Mas se um time acelera muito, cruzamentos muito, é natural que ele perca a bola várias vezes. Nesse ponto entram os automatismos e o volume de jogo, para que a equipe permaneça atacando e não sofre contragolpes.
Enquanto o time ataca pelos lados, normalmente o direito, os laterais e os volantes de posicional na intermediária, formando um “cordão de contenção”, que preenche os principais espaços no ataque e ganha os rebotes se a defesa afastar os cruzamentos. Além disso, ao recuperarem a bola, automaticamente buscam tirá-la da pressão e colocá-la nos flancos, para que ela esteja em condições de ser cruzada novamente. Volume alto. Por isso é tão difícil jogar contra o Palmeiras: há uma compreensão total das tarefas de cada jogar e, consequentemente, um ritmo muito alto nas partidas. Além disso, é uma equipe preparada para chegar muitas vezes na área e não deixar o adversário respirar, até vencer a defesa rival pelo cansaço.
Os gols da goleada por 4 a 0 contra o São Paulo na final do Campeonato Paulista, no último domingo (3), são bons exemplos do nível coletivo atingido pelo elenco. Nós já falamos acima que o Palmeiras acelera as jogadas pelos lados, cruza e está preparado para o rebote. E se essa bola for afastada e sair em escanteio? O time tem uma infinidade de alternativas na bola parada e o primeiro gol sai em uma delas. E quando estiver em vantagem no placar? As referências na puxada de contra-ataque estão muito bem estabelecidadas. Marcos Rocha encontra Dudu de primeiro, Raphael Veiga se aproxima e depois chega na área, Gabriel Verón, o centroavante, empurra os zagueiros para trás… Tudo orquestrado.
É certo que as maiores conquistas do Palmeiras de Abel Ferreira foram em 2020 e 2021. Também é certo que o elenco alviverde, apesar de ser muito acima da média do futebol brasileiro, não é tão inchado e, por isso, a sequência de jogos pode pesar. De qualquer forma, o nível atingido pela equipe até abril de 2022 é para ser lembrado para sempre como um dos maiores da história do clube.
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