A explosão da geração 06 na Copa Nike
Em meio aos mistérios de uma competição que não teve transmissão, a famosa geração 06 entrou em campo pela Copa Nike. Uma nova fornada de promessas está por vir.
Embora não tido transmissão, a Copa Nike, que retornou em 2021, conseguiu causar considerável burburinho graças à presença de jogadores nascidos em 2006. Para muitos especialistas que acompanham a base brasileira, essa geração é capaz de rivalizar com turma dos nascidos em 2004.
Apesar de ser uma competição sub-15, muitos dos destaques eram jogadores que chegaram a atuar em categorias maiores já na atual temporada, como no sub-17 e no sub-20. Clubes do calibre de Palmeiras, Corinthians, Flamengo, Botafogo, Santos, Internacional, Bahia, Vasco, Bragantino, Grêmio, Atlético-MG, Athletico-PR, Cruzeiro, Fluminense e Desportivo Brasil estiveram em Porto Feliz, no complexo do Desportivo Brasil, no interior de São Paulo, entre os dias 8 e 14 de novembro para a disputa do certame.
O grande vencedor do troféu de campeão foi o Palmeiras, que venceu na final o rival Corinthians, com um sonoro 5×0. Foi a consagração de uma equipe promissora e que pertence a uma das melhores categorias de base no futebol brasileiro atualmente. Os dois principais destaques do Verdão foram Luis Guilherme, que terminou como artilheiro do torneio com 9 gols, e Endrick, que já está na boca do povo.
Também conhecido como Manga, Luis Guilherme é um dos casos dos jogadores que atuaram em categorias acima da idade por conta do protagonismo técnico – atuou pelas equipes sub-17 e sub-20 do Verdão. Além de artilheiro da Copa Nike, o meia palmeirense levou o título de melhor jogador. Inclusive, o apetite pelo gol ajudou a denotar esse início de carreira de Luís Guilherme, que anteriormente chamava a atenção pela visão de jogo na armação de jogadas, dribles e arrancadas. Os gols, geralmente, ficavam por conta de Endrick, que na Copa Nike, mostrou seus dotes de garçom – tendo servido o colega com certa frequência. Será que a dupla vai jogar a Copinha em janeiro?
É importante não colocar em xeque o futuro dos garotos do Corinthians por conta da goleada sofrida na final, especialmente por se tratar de dois momentos distintos dos clubes. A edição de 2021 da Copa Nike será lembrada como despertar de Pedro Santos, o popular Pedrinho, com a camisa do Timão.
A grande joia do Terrão chegou a atuar como extrema em algumas partidas da equipe sub-17 no primeiro semestre, porém, durante a Copa Nike o garoto atuou mais por dentro, às vezes como atacante, às vezes como meia. E foi assim que Pedrinho tirou verdadeiros golaços, liderando o Corinthians com seu assombroso talento. Ágil, rápido e com facilidade na finalização com os dois pés, o camisa 10 do Timão mostrou confiança acima de tudo.
Ao lado do Palmeiras, o Flamengo é outro destino certo nas categorias de base. Com investimento, transição apropriada e capacitação, a equipe carioca rivaliza com a paulista na formação e no aprimoramento dos jogadores jovens no Brasil atualmente. Embora tenha ficado com o terceiro lugar, o Mengão viu duas joias da geração 06 brilharem na Copa Nike.
O meia-atacante Bill foi, definitivamente, a prima-dona da companhia tendo deixado três gols e uma assistência na competição. Destaque das categorias inferiores do Flamengo há muito tempo, o capitão da geração 06 consegue aliar talento, intensidade e concentração na finalização. O atacante Lorran talvez não seja tão conhecido quanto o companheiro, porém, a jovem promessa da Gávea tem evoluído nas competições e até deixou sua marca na Copa Nike.
Do Rio de Janeiro veio o quarto colocado na figura do Botafogo, que apesar de uma geração promissora na categoria, não deixou de surpreender com uma campanha segura e chamativa contra outras equipes tradicionais, como São Paulo e Cruzeiro. A edição de 2021 foi a oportunidade de Bernardo Valim, camisa 10 do Fogão, mostrar que é um dos principais meio-campistas da geração 06.
Com passadas largas, movimentação inteligente e talento para servir os companheiros, a joia botafoguense também é figurinha carimbada nas convocações para a seleção brasileira. Bernardo é um armador, mas tem qualidade na finalização – marcou um gol na competição.
Eliminado nos pênaltis pelo Botafogo nas quartas-de-final, o Santos prepara uma geração que tem potencial para ajudar o clube no futuro. Com basicamente a mesma equipe que faz boa campanha no Paulista Sub-15, o Peixe viu Matheus Lima ressonar da mesma forma com que tem feito contra equipes menores no estadual. O camisa 10 santista liderou o time, que apesar da eliminação caiu de forma invicta.
Matheuzinho, como é chamado na Baixada Santista por conta da estatura, é canhoto e atua como meia-ofensivo. A pérola santista encanta os torcedores pelos gestos técnicos, mostrando muito talento no primeiro toque, no controle de bola, nas cobranças de falta, em arrancadas com a bola grudada no pé e na mudança de direção. Com histórico de convocação para seleção brasileira, Matheus Lima chegou a atuar pelo Santos no Brasileirão Sub-17 antes de sofrer lesão.
Assim como o Santos, o Internacional também caiu nas quartas-de-final, sendo derrotado pelo Flamengo. No entanto, a Copa Nike foi importante porque o Colorado levou Rodriguinho, possivelmente sua maior promessa da geração, para competir com outros destaques brasileiros.
Com a camisa 11, o atacante do Inter chegou a balançar as redes e deu passe para gol. O formato de disputa rápido do torneio pode mascarar o real potencial de algumas estrelas do futebol nacional que estão no principal período de formação. Independentemente de não ter números gritantes, disputar uma competição da faixa etária e que contou com vários colegas de seleção de base é crucial no desenvolvimento do atleta.
É a mesma explicação que serve para outras promessas, como o goleiro Phillipe Gabriel, do Vasco; o lateral-esquerdo Esquerdinha e o meia-atacante Matheus Pedro, ambos do Fluminense; e do meia William Santos, do São Paulo. Além, claro, de outros jogadores até de equipes que foram mais longe e não foram citados.
O importante é que a geração que estava “estagnada” por conta da pandemia causada pelo coronavírus está recebendo minutagem, além de que torneios tradicionais, como a Copa Nike, estão retornando. A ausência da transmissão interfere numa análise mais completa, no entanto, a expectativa com o futuro de mais uma nova fornada de jogadores promissores é um alento para o futebol brasileiro.
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