A função da peça central no Inter de Coudet
O início de 2020 coloca em pauta: como precisa desempenhar o jogador centralizado no Inter de Coudet
São apenas 11 jogos do Inter de Coudet em 2020, mas a um debate tem sido constante em todos os lugares: como deve jogar a peça centralizada do 4-1-3-2 do argentino? Por isso, busquei analisar partidas comandadas por ‘Chacho’ no Rosário Central (2014-2016) e Racing (2017-2019) e entender o funcionamento deste jogador.
Foram alguns nomes importantes que passaram nas equipes argentinas: Franco Cervi, Giovani Lo Celso, Nery Cardozo e Matías Zaracho. Atletas diferentes, mas que cumpriam funções semelhantes. No Inter, já acompanhamos Rodrigo Lindoso, Nonato, Edenílson e Bruno Praxedes. Dito isso, vamos destrinchar a posição central do esquema de Coudet.
Como funcionavam as peças no Racing e no Rosario Central?
Em seu primeiro trabalho como treinador, Coudet chegou no Rosario Central e fez os Canallas voltarem à competitividade no cenário local e internacional. Franco Cervi foi seu primeiro jogador atuando na função. No banco de reservas, o jovem Lo Celso era quem aparecia aos poucos e depois tomou conta da posição, não por acaso chegou na Seleção da Argentina e Tottenham.
Musto era quem abria o meio-campo e se encarregava de interceptar os contra-golpes adversários e realizar a saída de bola com os zagueiros. Enquanto isso, Cervi ou Lo Celso faziam a circulação do jogo na base da jogada. A função deles era encontrar os meias pelos lados e atacantes, mas sem entrar muito na área. Ambos precisavam estar prontos para recuperar o rebote ou ser a opção de “passe seguro”.
Passadas algumas temporadas, chegamos ao Racing, onde Chacho conquistou a Superliga Argentina 18-19. Antes do título, Nery Cardozo era este homem centralizado e, assim como Cervi e Lo Celso no Rosario, tinha como primeira função fazer a circulação de bola, ser opção para retornar o passe e auxiliar o primeiro volante.
A transformação de Matías Zaracho – antes jogador de lado – num meio-campista, fez com que Eduardo Coudet montasse sua equipe mais ofensiva. Curiosamente, foi com este modelo que se sagrou campeão argentino. Os laterais davam amplitude e subiam ao mesmo tempo; Marcelo Díaz não recuava entre os zagueiros e servia como primeiro passe; Zaracho circulava bastante pelo ataque, mas chegava muito na área adversária; Lisandro López e Cristaldo/Cvitanich estavam sempre ameaçando os zagueiros rivais.
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Por outro lado, a equipe sofria bastante na marcação adversária a partir dos lançamentos longos nas costas dos laterais e Marcelo Díaz precisava se desdobrar na função e os zagueiros ficavam sempre no mano a mano.
Qual a função no atual Inter de Coudet?
Partindo do princípio que Damian Musto recua entre os zagueiros – assim como no Rosario Central -, a primeira obrigação deste jogador é auxiliar na circulação de bola. É ele o primeiro meio-campista a tocar na bola no centro do gramado. Além disso, ele também precisa estar como opção para a equipe recomeçar as jogadas. Apesar de “estar” centralizado, ele não tem a função de um armador clássico.
No momento defensivo, a pressão no volante adversário é dada por este jogador. Quando a equipe não recupera a bola instantes após a pressão pós-perda, este jogador recua para o lado de Musto e faz o time defender posicionalmente no 4-4-2. Este, inclusive, é um dos motivos para D’Alessandro não atuar nesta função. Apesar da boa circulação, o momento defensivo poderia ser prejudicado nesta ideia.
Do atual elenco, quem pode atuar nesta posição?
O titular da posição atualmente é Rodrigo Lindoso. Apesar de ter sido camisa 10 no Botafogo, foi mais recuado que viveu grande fase na equipe da Estrela Solitária e no Inter de Odair Hellmann. Do atual elenco, é que melhor entende a pressão no adversário após a perda da posse e, também, ser esta opção de retorno da equipe. Ao que parece, ainda falta a dinâmica para acelerar as jogadas. Nunca foi de seu feitio jogar de costas para o gol adversário.
Neste início de 2020, o primeiro reserva tem sido Nonato. O jogador se movimenta bastante, gosta de tocar e sempre aparecer para receber, ou seja, dar opção e criar linhas de passes a todo instante. O problema é que ele não tem conseguido dar passes mais verticais, então a equipe segue sem avançar tanto.
Na partida contra o Tolima pela Libertadores, uma outra opção surgiu: Edenílson. Apesar de ser um jogador de muita transição, buscando atacar os espaços criados pelos atacantes, o camisa 8 do Inter evoluiu bastante no seu jogo curto e de passes. Tem mais dinâmica que os dois citados acima. Porém, quando jogou nesta função, Musto parou de recuar entre os zagueiros e auxiliou o jogador na saída – até pelo Tolima atuar apenas com um atacante. Algo a se observar se será testado mais vezes.
E se formar alguém em casa? Bruno Praxedes, campeão da última edição da Copa São Paulo, é que se aproxima do pedido pelo treinador na função. Aos 18 anos – e no alto de seu 1,86m – já apresentou nas categorias de base dinâmica para a função, passes quebrando linhas adversárias e encontrando os atacantes e laterais próxima da área adversária, além da capacidade física para pressionar os adversários. Merece atenção para testes.
Escolhas que o técnico Eduardo Coudet certamente tem na mente quais perdas e ganhos com cada uma. É necessário observar também se a necessidade de vitórias nos dois primeiros meses do ano – devido a Libertadores – fizeram o argentino ser mais cautelo. Os próximos jogos devem indicar o caminho da peça central no no Inter de Chacho.
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