A manhã seguinte: o futuro do Barcelona sem Messi
A saída do argentino Lionel Messi dificulta os planos para o início da temporada do Barcelona, mas observando a médio prazo, a situação é menos pior do que a imaginada; explicamos o que deve acontecer dentro de campo com a equipe
Valdes; Reiziger, Oleguer, Rafa Márquez e Gio; Cocu, Davids e Xavi; Ronaldinho, Gabri e Saviola. Este foi o último Barcelona que iniciou uma temporada sem Lionel Messi. A partir deste final de semana, com o início da temporada 21/22, teremos uma nova era se iniciando na Espanha. A reformulação do clube já havia se iniciado com a eleição de Joan Laporta, mas agora se tornou obrigatória — e mais acelarada — com a saída com o maior jogador da história do clube.
Por isso, chegou o momento de escrever sobre os próximos passos que devem ser tomados pela diretiva, as opções que tem Ronald Koeman, os problemas a curto prazo, mas soluções num horizonte próximo.
A dependência de Messi
Após anos de críticas da equipe sendo “Messidependente”, teremos a equipe após, pelo menos, 13 anos, sem ter o jogo focado no argentino. A primeira coisa que precisa ser dita é que, naturalmente, qualquer equipe que tenha um dos melhores jogadores da história vá jogar no ritmo dele. Agora, o quanto perde o Barcelona com a saída do Messi?
O primeiro problema a curto prazo será a cota de gols que Lionel Messi entrega a equipe. Dos últimos 480 gols marcados pelo clube em La Liga, ele foi responsável diretamente (gol ou assistência) por 226. Ou seja, 47% dos gols passaram pelos pés do argentino. Por exemplo, na última temporada da Liga, depois de Messi (30 gols), o Barcelona teve na artilharia: Griezmann (13), Dembélé (6), Ansu Fati (4), FdJ, Jordi Alba, Pedri e Trincão (todos com 3). A participação de todos precisará aumentar estes números a partir de 2021/22.
Uma das leituras de Ronald Koeman em entrevista coletiva após a Joan Gamper é que os meio-campistas precisarão aumentar ainda mais a sua participação. A questão é que no atual elenco, apenas Frenkie De Jong tem mais esta característica de buscar o gol — não era por acaso o pedido por Wijnaldum ou Saúl —, e mesmo assim foi algo trabalho apenas na última temporada e poderia ser ruim pensando na construção do jogo não passar tanto pelos pés do neerlandês.
O protagonismo de Griezmann e Memphis
Com a saída de Messi, a tendência é que Antoine Griezmann tenha o espaço no campo onde rende melhor: se movimentando da direita para o centro, seja na entrelinha ou na base da jogada para construir jogo. Sua última temporada foi boa como coadjuvante do argentino. Nas 51 partidas da temporada, foram 20 gols e 12 assistências. Os números precisam aumentar, claro, mas resta saber se não terá problemas com o peso de assumir como centro do time. Por isso, apensar de não pensar neste sentido, também será importante Memphis Depay.
A expectativa era o encaixe de Messi com o neerlandês, mas o tema se dá igual quando falamos dele com Griezmann. Enquanto o francês parte do lado direito, Memphis sempre está do lado esquerdo e não tem dificuldades para ser um cara ficando mais aberto para receber o passe no 1vs1 ou então buscar o centro do campo, também na entrelinha, e finalizar as jogadas.
Não por acaso, das 40 partidas disputadas pelo jogador na temporada 20/21 no Lyon, foram 22 gols e 12 assistências. Dentro disso, já nos primeiros amistosos, Memphis apresentou personalidade para assumir as principais jogadas da equipe, cobranças de falta e pode ser um cara importante para esta remontada do clube.
Um elenco jovem e o futuro a médio prazo
A temporada 2020/21 será, certamente, uma espécie de “luto” após a saída de Lionel Messi e (mais um) problema que Ronald Koeman está tendo que resolver desde sua chegada no clube. Apesar disso, conseguiu rejuvenescer a equipe ao longo do último curso e este processo deve ser intensificado a partir de agora.
Se pegarmos o atual elenco, podemos observar em termos de potencial — e porque não de confirmação de momento — três jovens com chances de estarem na elite do futebol em suas posições: Ronald Araújo, Pedri e Ansu Fati.
Além disso, mais quatro jogadores que já apresentaram em algum momento possibilidade para tentar chegar no nível do últimos três citados ou, pelo menos, estarem atuando (titular ou reserva) por equipes aspirantes a Champions, como são Eric Garcia, Sergiño Dest, Yusuf Demir e Emerson Royal.
Além, claro, dos jogadores do Barcelona B que tendem a ganhar mais espaço como Nico González, um cinco para substituir Busquets; Gavi, considerada a maior promessa do clube recentemente, e Alejandro Balde, lateral esquerdo que pode ganhar minutos substituindo Alba em alguns momentos.
Some estes jovens bons valores com aqueles atletas que chegam no estágio onde, geralmente, se está no ápice físico, técnico, mental; como são Ter Stegen, Frenkie De Jong, Memphis Depay e Antonie Griezmann — além, claro, das lideranças de Gerard Piqué e Sergio Busquets.
O futuro do Barcelona não é fácil após a saída de Lionel Messi, afinal de contas estamos falando de um dos melhores jogadores da história. A questão é que, diferente do imaginado, é uma equipe que irá competir na Liga e, se tiver a tranquilidade e paciência, pode conseguir pensar nos próximos passos e trabalhar o que tem num momento financeiro terrível. O amanhã começa agora para o Barcelona.
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