A maratona do Atlético Goianiense em busca da história

Praticamente sem semanas livres no ano, o Atlético-GO encorpou o elenco e pode fazer história na reta final da temporada.

Equipe que mais contratou na janela de transferências no meio do ano, o Atlético Goianiense se preparou para uma maratona na reta final da temporada. Na semifinal da Sul-Americana pela primeira vez, busca se classificar para a mesma fase na Copa do Brasil e ainda encara uma briga árdua contra o rebaixamento no Brasileirão. Sem tempo nenhum para treinos ou descanso, a equipe surpreende em chegar tão longe e jogando realmente bem.

Foram contratados no meio do ano: os goleiros Pedro Paulo e Diego Loureiro; os zagueiros Camutanga, Emerson Santos (já lesionado e fora da temporada), Lucas Gazal e Klaus; os volantes Rhaldney e Willian Maranhão; e os atacantes Kelvin, Peglow e Ricardinho. Todos por um baixo custo por virem de divisões inferiores ou estarem sem espaço em clubes maiores. Ao mesmo tempo, saíram: o goleiro Luan Polli, o zagueiro Gabriel Noga, o volante Edson , além da temporada do zagueiro Ramon ter sido encerrada prematuramente por uma ruptura do tendão de Aquiles.

Percebe-se que o Atlético-GO, na verdade, aumentou o seu elenco, algo extremamente necessário. Os reforços são de qualidade semelhante aos atletas que já estavam no plantel. Chegaram zagueiros de bom posicionamento, focados em proteger a área mais do que perseguir individualmente, volantes de combate e chegada na frente e atacantes velozes. O Dragão só teve uma semana livre na temporada toda, e ela já faz quase três meses. O calendário é o grande motivo para a presença do Rubro-Negro Goiano na zona do rebaixamento e as contratações já propiciam uma maior competitividade nas três frentes.

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A maior parte das jogadas se desenvolve explorando as costas dos laterais rivais.

Mobilizado para os mata-matas, competições nas quais vêm fazendo história, o Atlético-GO viu o começo razoável de Brasileirão ruir ao acumular seis derrotas seguidas, enquanto avançava contra o Olimpia na Sul-Americana e batia o Corinthians no jogo de ida das quartas de final da Copa do Brasil, por 2 a 0. Com a chegada dos reforços, o técnico Jorginho pôde rodar mais o elenco e ter jogadores mais frescos em todas as partidas. Wellington Rato, grande atacante do time, por exemplo, foi reserva nos confrontos contra o Nacional-URU e esteve inteiro nas duas últimas partidas do Campeonato Brasileiro, quando a equipe obteve uma vitória e um empate, voltando a pontuar.

A dificuldade por manter os resultados em alta nas três frentes é explicada pelos motivos acima, bem como é muito importante ter trazido novos atletas cujas características encaixam naturalmente no modelo de jogo. Assim, os jogadores se revezam e os comportamentos coletivos se mantém, algo fundamental em um time no qual a velocidade e a agressividade são determinantes. Atualmente, o time de Jorginho é o 19° colocado do Brasileirão, com 21 pontos, a dois do primeiro fora da zona.

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Marcação em 4-4-2

Para atacar, o Dragão utiliza um 3-4-2-1 posicional, porém muito dinâmico. O lateral-esquerdo faz a saída ao lado dos zagueiros, o lateral-direito sobe para o ataque, o ponta esquerda dá amplitude no seu flanco e o ponta pela direita se aproxima do centroavante. Por fim, os volantes e o meia sempre jogam próximos da bola para darem opções de passes curtos. Desta forma, o time goiano tem linhas de passe por todo o campo e pode jogar curto, longo, por dentro e por fora, com passes de primeira e trocas de corredor, especialmente pela qualidade de Marlon Freitas e Wellington Rato.

No momento defensivo, o Atlético também agride bastante, com a linha de meio e de ataque subindo a marcação para sufocar o adversário. Esse comportamento deixa muito espaço nas costas dos volantes, pois os zagueiros não são rápidos e preferem não subir tanto. É uma vulnerabilidade, realmente, porém o risco é calculado: se a pressão for bem feita, o adversário não terá tempo de acionar esse espaço. Com o bloco mais baixo, os atacantes de lado voltam até o fim para que a linha de quatro defensiva permaneça posicionada. A intensidade da marcação também é importante pelo contra-ataque, puxado pelos pontas em profundidade, enquanto os meias correm para a área.

Quatro jogadores no campo de ataque para disputar a segunda bola

É perceptível a organização e a capacidade de adaptação do Atlético-GO aos diferentes adversários e contextos. Para a partida de hoje contra o Corinthians, às 21h30, na Neo Química Arena, o Dragão precisará confirmar a tímida melhora em um aspecto: a saída da pressão. Sem zagueiros de grande passe e com poucos volantes capazes de receberem de costas para a marcação, o ACG tem dificuldades em fazer a saída de bola quando pressionado. Contudo, na última semana tem demonstrado melhora ao colocar mais jogadores próximos de Churín quando o centroavante disputa pelo alto e a segunda bola fica viva. De qualquer forma, o Rubro-Negro está reforçado, bem treinado e, se não cair, já terá feito um bom ano. Mas tem totais condições de voar ainda mais alto.

FOTO: Alan Deyvid-ACG

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