A oscilação do Athletico no Brasileirão
Quais os problemas o Athletico de António Oliveira tem enfrentado nos últimos meses para a sua oscilação de rendimento
Com apenas uma vitória no últimos sete jogos e quatro derrotas seguidas no Campeonato Brasileiro, o Athletico está passando por algo comum no nosso futebol: é vítima do próprio sucesso. Todos os anos algumas equipes avançam em duas, três competições ao mesmo tempo, até o calendário se encarregar de jogar o desempenho lá para baixo. Apesar de manter padrões de jogo muito claros e estabelecidos, o Furacão tem sofrido para imprimir um bom nível físico e de concentração nos confrontos.
Classificado para as semifinais da Copa Sul-Americana e nas quartas de final da Copa do Brasil, o CAP administra três campeonatos ao mesmo tempo e não tem uma semana livre para treinamentos desde abril. Com a sequência negativa no Brasileirão, o time ocupa o nono lugar, mas já chegou a liderar o certame. Apesar disso tudo, o Athletico tem mecanismos muito característicos que são aplicados em todas as partidas, independentemente da escalação.
O time de António Oliveira ataca posicional, com o lateral-direito alternando entre cair para o centro e para fora, o ponta direita e o lateral-esquerdo abrindo o campo, um volante próximo aos zagueiros e outro encostando nos meias. São usadas muitas viradas de jogo e tabelas pelos lados do campo para conseguir bons cruzamentos e jogadas de mano a mano. Uma grande virtude da equipe é sempre chegar com pelo menos quatro jogadores na área. Ainda que a preferência seja jogar por fora, o Furacão sabe aproveitar espaços por dentro se eles aparecerem, com passes verticais dos zagueiros, pivôs e a movimentação de Terans, o “10”.
Mas, é claro, essa é a teoria. Na prática, o Athletico tem sofrido para realizar esses princípios de jogo com bom ritmo. Especialmente no Brasileirão, quando o foco é menor e muitas vezes jogadores são poupados, o time fica mais lento, com uma posse de bola morosa. Se o adversário marca bem os lados do campo, o CAP tem muita dificuldade de abrir espaços perto da área. O time é bem treinado, o elenco é coeso, tem bons nomes, mas é curto, se um titular fica de fora, não é garantido que seu substituto manterá a qualidade.
Essa lentidão se dá nas outras fases do jogo, com uma marcação mais passiva e desatenções na hora de defender cruzamentos. Em transição ofensiva, o time normalmente não imprime muita pressão pós-perda, porém recompõe com boa velocidade. No entanto, em transição ofensiva os contra-ataques pouco encaixam. Há uma dificuldade para criar linhas de passe e acelerar, muitas vezes a bola é jogada no centroavante ou no ponta, mas o lance não ganha sequência.
Soma-se isso a perda de Matheus Babi, atacante de referência e boa qualidade técnica, capaz de reter a bola, ajudar na construção e coordenar a pressão na saída de bola. Com características diferentes, Renato Kayzer não é o substituto ideal e, por isso, Bissoli foi chamado de volta após empréstimo ao Cruzeiro. Na ponta esquerda, Vitinho, vendido ao Bordeaux e muito criativo, não tem reposição com a mesma qualidade. Com o veloz, mas menos habilidoso Carlos Eduardo ou os jovens e “crus” Jader e Jaderson, jogar pelos lados fica mais difícil. Pedro Rocha, ex-Grêmio, Cruzeiro e Flamengo, chegou e busca se condicionar fisicamente para assumir a posição, porém é necessário cautela com um atleta que não rende bem desde 2017.
Em suma, o Athletico tem um modelo de jogo muito claro e quando o realiza com intensidade, como na virada inesquecível contra a LDU na última quarta-feira, pela Sul-Americana, é muito forte. Porém o acúmulo de jogos castiga o físico dos atletas e limita muito as sessões de treinamentos. Dessa forma, ser concentrado, intenso e ter alternativas quando o adversário bloqueia seus pontos fortes no ataque se torna um dever bem mais complicado.
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