Athletic Club e a dificuldade em fazer gol
O tempo no San Mames está bem difícil, e longe de casa mais ainda. Dificuldade na frente do gol é o principal contratempo da equipe na La Liga.
Como o Athletic Bilbao tem a segunda melhor defesa da La Liga, um sistema forte baseado na pressão e intensidade, mas não consegue definir com frequência no ataque?
Atualmente, o Athletic não conta com nenhum outro atacante de alto nível além de Iñaki Williams lá na frente. Além dele, bons jogadores como Raúl García e Oihan Sancet contribuem como atacante centralizados, principalmente no 4-4-2. A presença de Nico Willians, irmão de Iñaki, também é uma opção, mas ainda em desenvolvimento no primeiro time e mais potencializado quando cai pela lateral. O grande problema hoje é que esses jogadores não entregam gols na mesma proporção.
O veterano Raulga seguiu sendo muito importante na sua carreira pela energia, o que facilitou sua adaptação, desde os tempos de Atleti, como atacante.
Assim como Iñaki, o camisa 22 tem três gols na liga e segue em busca do nível demonstrado nos últimos anos para aperfeiçoar as finalizações. Ainda que os números não sejam tão ruins se compararmos com a temporada passada – Raul terminou com cinco gols marcados em 35 jogos – os desempenhos dentro de campo não são dos melhores.
Sistema, criatividade e estratégia
Iker Muniain é um dos melhores jogadores da La Liga desde quando desapontou no time basco ainda jovem. Hoje, se tratando de um playmaker, o capitão do clube é um dos melhores do mundo. O espanhol é o líder em passes para finalização e também o terceiro jogador com mais assistências no campeonato espanhol.
Tudo isso não parece o suficiente para um Athletic que cria pouco no geral, principalmente se tratando do coletivo, mas também que, quando cria, não aproveita suas chances. O que acontece?
O sistema de Marcelino é muito bem estruturado, os jogadores seguem à risca tudo que é pedido pelo treinador… Menos na hora de fazer seus gols. A pressão é excelente, o time consegue se impor diante de qualquer adversário, independente dos estilos e conceitos, mas não consegue vencer com tranquilidade.
Em números, a defesa é a segunda melhor da liga como disse, mas em termos de impacto é a melhor em conseguir anular o adversário dentro de uma proposta bastante versátil. Tanto no coletivo quanto no individual, Iñigo Martínez, Yeray e Unai Núñez são excelentes sempre que jogam e têm ótima química independente de quem seja a dupla no time titular. Por outro lado, o ataque não consegue compensar todo esse esforço.
Falta de talento? Falta de peça para definir? Talvez, porém não é algo tão simples assim. Contratações devem ser feitas futuramente, joias da base ganharão espaço com o tempo, e é muito provável que Marcelino peça por isso. Mas de qualquer forma é insustentável que não exista um equilíbrio nessa equipe, que sofre tanto para marcar um gol, mesmo com um sistema tão rico e cheio de ideias. Nos últimos 10 jogos, apenas duas vitórias e diversos empates por não conseguir definir na área adversária.
Um exemplo interessante foi na partida contra o Real Madrid. O clube conseguiu criar constantemente no segundo tempo, levando perigo ao gol merengue, mas por conta de um Militão inspirado não conseguiram o empate. Além disso, Courtois fez defesa importante, no único chute no alvo da equipe em 12 finalizações. Azar.
Outro exemplo é a derrota para o Cádiz… E mais uma vez a mira atrapalha. O time teve mais posse, mais finalizações no gol, mas sem conseguir furar o goleiro Ledesma. No dérbi basco também aconteceu muito disso visto nos últimos jogos, mas dessa vez com uma sorte (ou azar do Remiro). O Athletic só consegue o empate nos acréscimos por uma falha do goleiro rival.
Apesar das dificuldades em sair com a bola no chão – o que gera alguns dos problemas em partidas mais pegadas fisicamente – o time é absurdamente preciso no perde-pressiona na saída de bola adversária. Nisso, é interessante notar a importância em refinar os passes e as escolhas deles. Nico Williams vem ganhando minutos cada vez mais por ser um fator chave pelo diferencial técnico.
Aperfeiçoamento e futuro
Essa questão provavelmente deve estar incomodando cada vez mais a cabeça dos jogadores, e principalmente de Marcelino. O trabalho de bola parada é bem interessante e começou a ser uma alternativa. Hoje o clube sente falta de jogadores para reposição quando Iñaki e Raulga não estão em um dia bom. Sancet foi uma alternativa mais ofensiva nesse sentido como dito, apesar de ser um meia mais criativo do que finalizador de fato.
O setor criativo é bem composto, as peças dão conta e municiam os companheiros em boa parte dos 90 minutos, porém a definição realmente é um grande problema. Falta mira e consistência nas chances criadas, principalmente durante os 90 minutos. A temporada ainda tem muito para acontecer, mas no ano de 2022 muitas coisas precisam ser aperfeiçoadas no Athletic.
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